O Ambulatório de Enfermagem em Lesão Medular do Hospital Pelópidas Silveira (HPS) realizou um estudo onde foi traçado um perfil clínico e epidemiológico dos pacientes com lesão medular atendidos na unidade. Desde que o serviço, pioneiro no SUS em Pernambuco, foi iniciado, em outubro de 2012, mais de 120 pacientes passaram por tratamento especializado. Desses, 85% são do sexo masculino e 83% estão na faixa etária entre 16 e 50 anos, ou seja, no auge da capacidade produtiva.
A coordenadora do Ambulatório de Enfermagem em Lesão Medular, Valdenice Rumão de Melo, ressalta que a maior parte dos pacientes estão economicamente ativos. “É notório o impacto socioeconômico da lesão medular sobre estes indivíduos economicamente ativos, que estão no auge de sua inserção na sociedade. A presença de limitação ou incapacidade de voltar a exercer uma atividade remunerada resulta na perda da produtividade para família e a comunidade, somada ao ônus financeiro da reabilitação”.
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Em relação às causas da lesão medular, houve predomínio dos traumas, principalmente, as quedas de altura (de árvores, telhados, pontes, andaimes, etc), responsável por 34,9% dos casos. Em seguida aparecem os acidentes de trânsito (34,8%), e mergulhos em águas rasas (6,8% dos casos). Dentre as causas não traumáticas, os tumores de coluna apresentam 15,6% do total, seguido das doenças degenerativas da coluna (1,6 %).
Os dados apontam, ainda, que 82% dos pacientes que dão entrada no Hospital Pelópidas Silveira com lesão medular, precisam se submeter a procedimentos cirúrgicos. Além disso, 29% dos pacientes ficaram paraplégicos ou tetraplégicos e 20% apresentaram algum outro tipo de déficit neurológico. Dentre as alterações decorrentes da lesão medular, estão a perda total ou parcial dos movimentos e da sensibilidade superficial ou profunda dos membros, incontinência ou retenção de fezes e urina, além de disfunção sexual.
O coordenador de Neurocirurgia do HPS, Jefferson Sousa, alerta para os cuidados para evitar o trauma raquimedular. “Nós percebemos que a maioria dos acidentes ocorreu, principalmente, devido à mistura entre o álcool e atividades perigosas, como subir em uma árvore ou o conserto de um telhado, além do fator direção, pois as pessoas, mesmo com toda a fiscalização e sensibilização, ainda cometem a imprudência de dirigir após consumir bebida alcoólica. Outro fator preocupante é o mergulho em águas rasas: é importante alertar que a população deve, antes de imergir, verificar a profundidade do local, e sempre mergulhar de pé, nunca de cabeça”.
“Os lesados medulares são pacientes que demoram muito tempo no hospital, principalmente aquele com sequela, e, além dos custos hospitalares, são pessoas que vão representar um custo permanente ao Estado, pois, serão agregados ao INSS, vão necessitar de serviços de reabilitação e, ocasionalmente, serão reinternados. Por isso o trabalho do Hospital Pelópidas Silveira é minimizar o risco de déficit neurológico nesses casos. Para isso, trabalhamos para que o paciente com traumatismos raquimedulares, após o encaminhamento do Hospital da Restauração, seja operado nas primeiras 48 horas da entrada no HPS. Isso nos dá maior chance de recuperação, reduz o tempo de internação e minimiza, consideravelmente, os casos de infecção e sequelas”, destaca o neurocirurgião.
AMBULATÓRIO
No Pelópidas Silveira, os pacientes com lesão medular recebem o acompanhamento especializado já nas enfermarias, com o encaminhamento da equipe médica, e, após a alta, são orientados a retornar ao Ambulatório de Enfermagem em Lesão Medular da unidade. A reabilitação, nestes casos, é um processo de desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes para que os pacientes possam viver com dependência mínima e se sintam capazes como seres humanos produtivos.