O vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant, anunciou nesta quarta-feira (11) que deixou o partido Novo. Brant compôs a chapa eleitoral de Romeu Zema, o único governador eleito pelo Novo nas eleições de 2018.
Em nota, o vice-governador disse que "o povo de Minas não votou no programa e na plataforma política do Partido Novo". Ele ressaltou o fato de, apesar de a chapa vencedora ter recebido 72% dos votos válidos no segundo turno, o partido ter conquistado 3,7% dos votos para a Assembleia Legislativa mineira e 4,6% dos votos para a Câmara dos Deputados.
##RECOMENDA##Brant defendeu, ainda, que sua saída do partido ajudaria o governo Zema a conquistar maioria parlamentar na Assembleia, e que facilitaria a governabilidade e o avanço do plano de governo em Minas. "O Partido Novo no Brasil tem escolhido manter-se à margem das coalizões, com o intuito principal de zelar pelo seu programa partidário, deixando em segundo plano as exigências da responsabilidade política que priorizam a governabilidade e o funcionamento do Estado", ele escreveu.
Críticas
Zema foi alvo de críticas públicas do próprio partido no mês passado. O Novo divulgou uma nota em que desaprova o aumento de 41,7% no salário de bombeiros e policiais.
O aumento para servidores do setor de segurança foi enviado à Assembleia num projeto do próprio governador. "O partido entende o direito dos servidores de pleitearem reajustes, mas a situação fiscal atual de Minas, que herdou uma condição de calamidade financeira, não permite qualquer gasto adicional", disse o partido na ocasião, em nota.
A saída do vice-governador do partido ocorre seis dias após a troca de gestão na sigla. O empresário João Amôedo, que fundou o partido e concorreu à Presidência da República em 2018, anunciou na quinta-feira passada, 5, que havia deixado o cargo de presidente nacional do Novo.
Leia a íntegra da carta divulgada por Paulo Brant sobre sua saída do Novo:
No sistema constitucional brasileiro, baseado num irrestrito pluripartidarismo, o principal dever de um governante democrático é a construção de uma maioria parlamentar que permita o funcionamento do governo.
Em Minas o governo eleito recebeu 43% dos votos no primeiro turno e 72% dos votos no segundo, elegendo-se com a mais ampla maioria. O Partido Novo, legenda do Governador e do Vice-Governador, na mesma eleição obteve apenas 3,7% dos votos para a Assembléia Legislativa e 4,6% dos votos para a Câmara Federal.
Os resultados eleitorais revelaram claramente que o povo de Minas não votou no programa e na plataforma política do Partido Novo, mas sim em uma chapa que lhe pareceu capaz de renovar as práticas políticas tradicionais e, principalmente, resolver os problemas da população que estão no âmbito das competências dos Estados federados.
O Estado de Minas precisa de grandes reformas para sair da crise que todos conhecem. Para isto é preciso que o governo articule uma ampla coalizão política que permita a aprovação das legislações necessárias.
O Partido Novo no Brasil tem escolhido manter-se à margem das coalizões, com o intuito principal de zelar pelo seu programa partidário, deixando em segundo plano as exigências da responsabilidade política que priorizam a governabilidade e o funcionamento do Estado em benefício dos seus cidadãos.
Por entender que nosso compromisso essencial é governar o Estado e resolver os problemas reais que afligem nossa população, decidi deixar o Partido Novo para poder cumprir na sua integridade os meus deveres políticos e constitucionais, colocando o meu Estado acima de tudo.
Reafirmo a minha lealdade e meu apoio a este Governo, composto por homens de bem e liderado por um mineiro exemplar, na conduta ética, no compromisso com o bem comum e na competência de gestão. Romeu Zema!
Reafirmo também os meus valores e princípios que me conduziram ao Partido Novo. E também as minhas ideias, aqui me distanciando do Partido no que tange ao meu entendimento de que as nossas ideias devem ser contextualizadas e contrapostas às ideias diversas, num diálogo aberto e democrático, essência da boa política, e não serem alçadas à condição de dogmas irrenunciáveis, o que fecha as portas à política.
Não tenho dúvidas de que o processo de regaste da grandeza e da dignidade de Minas Gerais terá de ser o resultado de uma grande construção política, incluindo todos os mineiros de bem. Não será obra de um partido único.
Paulo Eduardo Rocha Brant
Vice Governador do Estado de Minas Gerais