O padre Airton Freire de Lima, da Fundação Terra, foi preso preventivamente na manhã desta sexta-feira (14) em Arcoverde, no Sertão de Pernambuco, por suspeita de participação em um crime de estupro. Fundador da entidade, ele estava afastado das atividades da Fundação desde junho, por decisão própria, após uma denúncia de violência sexual chegar ao conhecimento do público.
A Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento e que Airton, que tem 67 anos, se apresentou voluntariamente durante o cumprimento dos mandados de prisão, busca e apreensão. Os agentes também fizeram buscas na casa do padre. As ações foram realizadas com o apoio da Polícia Civil do Ceará e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Uma entrevista coletiva de imprensa será realizada para divulgar mais detalhes sobre a prisão.
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Em 31 de maio, a personal stylist Silvia Tavares de Souza foi ao Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo de Pernambuco, na área central do Recife, para cobrar a conclusão das investigações contra o padre Airton Freire. Em denúncia, ela afirmou que foi estuprada por ordem do religioso, durante um retiro espiritual em agosto de 2022. Silvia afirma que participou de pelo menos 25 retiros espirituais organizados pelo padre desde 2019. Seu contato com o padre se estabeleceu porque ela o procurou para pedir ajuda no tratamento de uma depressão.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) se pronunciou sobre o caso. O órgão informou que está participando das investigações e que há outros inquéritos em andamento, pela possibilidade de existirem cinco novas vítimas no caso. Os processos correm sob sigilo judicial. Confira a nota na íntegra:
“O Ministério Público do Estado de Pernambuco tem feito exame criterioso dos elementos de prova até então colhidos e pauta-se pelas normas internas e internacionais inseridas no sistema jurídico pátrio, preocupado principalmente com os direitos humanos e com as medidas necessárias para resguardar e evitar revitimizações das vítimas que buscaram o aparato estatal para relatarem violências sexuais que estão sob investigação.
A adoção de medidas cautelares em procedimentos dessa natureza, especialmente com a elucidação de mais de um caso, na visão do Ministério Público, acolhida pelo Poder Judiciário, mostra-se necessária para garantir a continuidade do trabalho investigativo da Polícia, que está sendo acompanhado pelo MPPE; afastar os riscos de reiteração delitiva; bem como assegurar proteção às vítimas que procuraram o Estado para relatarem fatos criminosos contra suas dignidades sexuais.
A Promotoria de Justiça da Comarca de Buíque acrescenta que, no momento, há cinco inquéritos policiais instaurados, em razão da identificação de outras vítimas. Considerando a importância de uma análise célere e substancial de todos os fatos, a Procuradoria-Geral de Justiça designou mais três membros do Ministério Público para atuarem no caso.
No mais, o Ministério Público mantém o acompanhamento das investigações a cargo da Polícia Civil. Por se tratar de inquéritos sigilosos, não serão divulgadas, no momento, mais informações sobre o caso.”