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Teatro e música de uma forma única. O Maestro Forró e a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério lotaram o Teatro Santa Isabel, localizado na zona central do Recife, para a gravação do seu segundo dvd, o #CabeçaNoMundo. Logo no começo, Forró deixou um recado: “A Bomba do Hemetério está no Universo e o Universo está na Bomba do Hemetério”.
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Um espetáculo bastante esperado pelos fãs e que superou todas as expectativas. Com cenário simples, feito basicamente de uma iluminação bem elaborada que deu um toque especial ao espaço, o Maestro Forró e a OPBH abrilhantaram a noite e fizeram a alegria do público.
Entre os convidados estavam o Seu Tenório, primeiro professor de música do maestro, o músico Claudionor Germano e a secretária de cultura do Recife, Lêda Alves, que foi citada pelo maestro e participou de uma brincadeira que ele fez ao término do show. “Eu acho que a apresentação de Forró aqui no Santa Isabel prestigia o teatro. Acrescenta à história do lugar receber um artista como ele. Somos amigos desde jovem e sempre que eu estou exercendo alguma função de poder, dou uma mão e crio espaço para que o povo conheça a alegria dele. Ele não me dá trabalho, ele é ótimo!”, comentou a secretária.
Quem também foi lembrado durante a apresentação foi o Maestro Formiga, que recebeu uma homenagem na primeira participação musical recebida no palco. O bandolinista e professor Marcos César subiu para tocar uma música e fez a alegria de todos ao misturar o som do bandolim com os metais da orquestra.
A segunda participação foi do cantor e ex-integrante da banda Cordel do Fogo Encantado, Lirinha. A música da vez foi “Recife Iluminado” que, segundo Forró, foi feita por ele pensando numa voz que não apenas cantasse. “Recife democrático é isso! Lirinha veio aqui e declarou ao seu jeito. Ele faz teatro com a voz”, falou o maestro.
O único convidado para participar da gravação do DVD que não pode comparecer foi o músico Fred 04, da banda Mundo Livre S/A. Fred está com uma inflamação na lombar e teve que ficar de repouso para poder se recuperar. Mesmo assim, Forró cantou a música "meu esquema", em homenagem ao amigo.
Entre os fãs estava o químico Agrinaldo Júnior, que sentou na primeira fila. “Admiro bastante o trabalho dele. Sou de Maringá, no Paraná, e vim morar no Recife há pouco tempo. Esse é o primeiro show que vejo ao vivo. Sempre assisto na internet. Cheguei cedo aqui e consegui entrar”, pontuou. A entrada para o show foi gratuita e ocupou os 700 lugares do teatro.
Durante toda a apresentação Forró conversou com o público e com os convidados. Sempre brincalhão e bem humorado, o maestro ganhou até um “filho”. Uma fã levou um boneco usando as mesmas roupas que o músico e chamou a atenção de todos. “Eu não lembro de ter feito nenhum menino. Eu lembro dos que eu tenho em casa, mas esse aí não é meu não”, brincou.
Ainda durante o show, o maestro deu um recado sobre a atual situação vivida pelo país. “A nacionalidade não pode apenas aparecer na copa ou só nas passeatas. Passeatas são massa, mas sem violência, sem quebradeira. As coisas não podem se misturar. Temos que nos posicionar da maneira correta. Em casa, no trabalho e em qualquer lugar, temos que ser os mesmos”, afirmou.
Logo depois do conselho, o hino nacional foi entoado e acompanhado de pé pelas 700 pessoas que acompanhavam o show. Tocado bem ao estilo pernambucano, Forró ainda disse “do nosso jeitinho é mais legal”. Ao término da gravação, toda a OPBH saiu do teatro tocando e seguiu para as ruas, contando com a animação do público para encerrar a noite musical.
Em entrevista ao Portal LeiaJá, o Maestro Forró falou da sensação de estar à frente da OPBH e de saber que a Bomba do Hemetério não pertence mais ao Recife e sim ao mundo. “Antes de eu nascer a Bomba já era dessa maneira, já era muito rica. A gente apenas juntou vizinhos e amigos para fazer um trabalho de pesquisa, manutenção, releitura e interação. A Bomba do Hemetério é um país cultural”.
Algo que também gera curiosidade é o nome do cd. “O nome tem a hashtag, que pouca gente sabe que o 'jogo da velha' da rede social é um sustenido em música. Vê como a gente se comunica e não sabe, né? Por isso que eu coloquei esse nome. Estamos no mundo”, afirmou.
Segundo Alessandro Guedes, diretor do DVD, foram usadas oito câmeras HD gravando simultaneamente a apresentação. "Dá muito trabalho. O trabalho começa bem antes. É necessário conhecer o artista antes e ficar o mais próximo possível das músicas, do que ele quer. A partir daí, a gente vai vendo a necessidade. Já trabalho com a Orquestra e tenho intimidade com o trabalho, isso facilita, né? O maestro é muito cênico e isso ajuda muito no audiovisual", pontuou.
Tumulto
Antes do começo do show, uma pequena confusão se instalou na entrada do teatro. Cerca de 200 pessoas disseram estar na fila para pegar o ingresso desde cedo e não conseguiram entrar, alegando que a produção teria pego mais ingresso e deixado poucos para o povo.
“Foi anunciado que as pessoas deveriam chegar cedo. Cheguei às 18h e logo depois uma pessoa do teatro começou a avisar que só tinham 80 ingressos. Deram prioridade para quem é da produção e deixaram a gente de lado”, relatou Marta Souto Maior, servidora pública.
A técnica de enfermagem Laura Patrícia também deu sua opinião sobre o ocorrido. “É uma falta de respeito com o público. 400 ingressos ficaram para as pessoas da produção e o resto pra gente. Não tinha nem 200 pessoas esperando na fila e não vamos poder entrar. Eu vim do Janga e não vou conseguir assistir ao show”, reclamou.
Em resposta às reclamações, o Maestro Forró afirmou: “Eu fico muito triste. No lançamento do CD, em Novembro, quando a gente ganhou o prêmio da música Brasil, nós fizemos o show no Dona Lindu e aconteceu a mesma coisa. O ruim é que o povo as vezes não entende o seguinte: o teatro só cabe, em média, 700 pessoas. Então, não é uma questão de não ter ingresso, mas sim de superlotação. A distribuição de ingresso foi acompanhada por mim. Nós não podíamos pegar todos os ingressos pra gente. É uma norma da prefeitura e desse teatro. Mais de 60% dos ingressos ficaram para o público e, infelizmente, não deu pra quem chegou depois. Se dependesse de mim e da Orquestra, a gente colocaria até um telão aí fora. Eu poderia, inclusive, fazer um show lá fora, como a gente fez no final, fomos pra rua e ficamos tocando. A gente adora e gosta muito do povo. Peço que entendam que não foi culpa nossa ou da produção”.