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A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) lamentou nesta segunda-feira (6) que muitos idosos com COVID-19 morrem sem seus parentes por perto, para evitar possíveis contágios.

Luis Encinas, coordenador médico das operações da MSF na Espanha, considerou que a situação em seu país, onde o coronavírus matou mais de 13.000 pessoas, é particularmente preocupante para os idosos que "morrem sozinhos em hospitais e residências".

"Os procedimentos devem permitir que os doentes sejam confortados no final de suas vidas", acrescentou ele em uma entrevista coletiva virtual.

Encinas pediu aos países que considerem a lição deixada pela epidemia de ebola na África Ocidental, que matou mais de 11.000 pessoas entre 2013 e 2016.

No início da crise no continente africano, as ações de combate à doença encontraram resistência da comunidade, entre outros motivos, devido à chegada de estrangeiros vestidos com roupas de proteção, similares a uniformes espaciais, que visitavam doentes em hospitais ou centros médicos, de onde poucos retornavam.

Isso causou uma forte impressão nos habitantes locais e rapidamente ficou evidente que as comunidades deveriam se envolvidas em decisões sobre cuidados no fim de suas vidas e que os familiares deveriam estar presentes, em segurança, nos funerais com dignidade para o falecido.

Encinas explicou que o mesmo deveria ser feito com a pandemia de coronavírus e insistiu na importância de encontrar um "equilíbrio" entre os dois princípios: segurança e dignidade.

Ele explicou que em Barcelona (nordeste da Espanha), autoridades lançaram um chamado para criar "hotéis de conforto" para pacientes no fim de suas vidas, para que suas famílias possam compartilhar seus últimos momentos, em um ambiente com apoio médico e psicológico para todos.

Também enfatizou que a implantação desse sistema é uma necessidade urgente e destacou que o número de contágios na Espanha - mais de 135.000 - estaria subestimado.

Chiara Lepora, que coordena as operações da MSF na província italiana de Lodi (norte), relatou a mesma situação a jornalistas na Itália, onde a COVID-19 causou mais de 16.000 mortes.

"Nas casas de idosos [na província de Lodi], encontramos uma taxa de mortalidade de 10 a 30% entre os doentes", afirmou ao considerar "trágico" viver esta situação "em isolamento".

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