Tópicos | O sal da Terra

O dia 19 de agosto foi escolhido para a comemoração do 'Dia Mundial da Fotografia'. A data faz menção a renovação fotográfica, iniciada por Louis Jacques Mandé Daguerre, com a criação do 'Daguerreótipo', primeiro equipamento fotográfico da história, e popularizada pela Academia de Ciências e Belas Artes de Paris, em 1839. A arte foi aperfeiçoada e transformada a partir do tempo e das necessidades do contexto social. 

Para celebrar este dia, o LeiaJá elaborou uma lista com 10 produções cinematográficas que retratam o universo fotográfico e mostram nomes que contribuem para a difusão dessa arte.

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1. O Sal da Terra (2014)

O documentário acompanha a trajetória do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado durante a expedição do projeto "Genesis", que retrata regiões e civilizações pouco exploradas. A produção foi indicada ao Oscar de melhor documentário em 2015.

2. Câmera Viajante (2007)

O documentário aborda o trabalho de fotógrafos ambulantes que vivem no sertão do Ceará. A históra é construída sob a visão de cinco retratistas populares, que apresentam diferenças culturais e perspectivas distintas com relação à fotografia.

3. A Fotografia Oculta de Vivian Maier (2013)

O filme conta a história da fotógrafa Vivan Maier, especialista em fotografia de Rua. Vivian passou sua vida inteira trabalhando como uma babá. Do caminho da casa para o trabalho, a fotógrafa fazia seus registros. Seu reconhecimento, póstumo, deu-se graças à descoberta de um verdadeiro acervo deixado em seu apartamento.

 


 

4. The Ban Bag Club (Fotógrafos de Guerra - 2010)

O longa-metragem é baseado no livro homônimo e narra a saga de quatro fotojornalistas Kevin Carter, Greg Marinovich, Ken Osterbroek e João Silva, que atuaram na África do Sul (1990 e 1994) durante a transição do regime de apartheid para um governo democrático.

 


 

5. Abaixando a Máquina (2007)

A produção nacional narra, sob uma ótica humanizada, o trabalho de fotojornalistas. O documentário reúne depoimentos de vários profissionais que mostram os prazeres e as dores dos registros documentais que narram diversas histórias e distintos contextos.

 


 

6. Janela Indiscreta (1964)

O filme conta a história de Jeffries, um fotógrafo que quebra a perna durante seu trabalho e, por isso, é obrigado a ficar em repouso absoluto em seu apartamento. Diante da condição atual, Jeffries começa a observar pela sua janela a vida dos vizinhos. Dirigido pelo mestre do suspense Alfred Hitchcock.

 


 

7. Mil Vezes Boa Noite (2013)

Rebecca é uma das melhores fotógrafas de guerra do mundo. Casada e mãe de duas filhas, ela se vê em conflito quando o marido se recusa a aceitar os riscos da profissão.

 


 

8. Iluminados (2007)

O filme traz um olhar sobre a fotografia de cinema, a partir das lentes de alguns dos mais importantes profissionais do ramo no Brasil como Dib Lutfi, Edgar Moura, Fernando Duarte, Mario Carneiro, Pedro Farkas e Walter Carvalho.

 


 

9. Depois Daquele Beijo (1966)

A produção é inspirada no conto do escritos argentino Julio Cortázar ”Las babas del Diabo”. Thomas é um renomado fotógrafo, cujas ampliações de fotos, tiradas secretamente de um casal, são provas de um suposto crime.

 


 

10. Nascidos em Bordéis (2004)

O documentário, ganhador do Oscar em 2015, retrata como a arte pode mudar o contexto social de uma pessoa. A fotógrafa e diretora do filme, Zana Briski, dedica-se a ensinar filhos de prostitutas a fotografar durante a montagem do longa.

 


 

 

O filme sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, "O sal da terra", foi indicado ao Oscar de melhor documentário, categoria na qual competirá com "Citizenfour", sobre o ex-analista de Inteligência americano Edward Snowden.

Escrito e dirigido pelo alemão Wim Wenders ("Pina", "Buena Vista Social Club") e por Juliano Ribeiro Salgado, filho do fotógrafo, "O sal da terra" acompanha Sebastião Salgado em sua trajetória pelo planeta.

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No ano passado, o filme ganhou o Prêmio Especial do Júri "Um certo olhar" no Festival de Cannes, conquistou o Prêmio de Público em San Sebastián e concorre por um Spirit de cinema independente.

Na briga pela desejada estatueta, o documentário enfrenta "Citizenfour", sobre o ex-analista de Inteligência terceirizado da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), responsável pelo vazamento de documentos sigilosos sobre a atividades de vigilância e monitoramento global dos Estados Unidos.

Dirigido pela americana Laura Poitras e com produção-executiva de Steven Soderbergh, o filme conta como Snowden expôs os documentos da NSA, vazando para o jornal britânico "The Guardian" e o americano "The Washington Post".

Também disputam o Oscar de melhor documentário "Last Days in Vietnam", "Finding Vivian Maier" e a produção do Netflix "Virunga".

A temporada de prêmios de Hollywood termina com a entrega dos Oscars em 22 de fevereiro, no Teatro Dolby, em Los Angeles.

Apenas um filme dedicado a Sebastião Salgado poderia realizar a proeza de segurar o público no cinema após uma maratona que começou às 20h e foi terminar às 2h da madrugada. Foi o que aconteceu no Theatro José de Alencar, com a exibição, fora de concurso, de O Sal da Terra, de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado. O longa, com estreia prevista para dezembro, esmiúça, com graça, emoção e inspiração, a carreira do nosso maior fotógrafo. No final da sessão, um público cansado, porém agradecido pelo que tinha visto, aplaudiu longamente.

O filme, descrito por espectadores com palavras como "luxuoso", "duro, porém de uma beleza incrível", refaz a vida de Salgado, mineiro de Aimorés, através do seu trabalho. Mas a contempla em várias etapas. Da infância na fazenda aos estudos em São Paulo. Da saída do país durante a ditadura militar à formação em Economia no exterior. Do cargo no Banco Mundial à descoberta da sua grande vocação, o que mudaria a sua vida, a de sua família e as de tantas outras pessoas.

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Já instalado no campo da fotografia, o filme debruça-se sobre as diversas fases do percurso de Salgado, fazendo um arco que vai do fotógrafo social, preocupado com a miséria do mundo, ao apaixonado pelo trabalho humano e, por fim, pela natureza e pelo planeta Terra, esta nossa casa tão maltratada e ainda tão bela.

Mas, no fundo, é o ser humano o centro do universo de Salgado. "As pessoas são o sal da Terra", ele diz, e daí vem o título do filme.

Trabalhando em parceria com o filho de Sebastião Salgado, Wenders retoma seu melhor pulso de documentarista. Rigor, uso inteligente e moderado de uma trilha sonora estupenda, discernimento para sacar o que existe de essencial em trajetória tão brilhante quanto diversificada. Filme de fato recompensador. E que talvez levante algumas questões já com certa rodagem, porém ainda não resolvidas, como: o que significa a estetização da fome e quais as possibilidades de representação (no caso fotográfica) da miséria humana extrema. São temas éticos, que ficam à margem do documentário, mas podem muito bem serem debatidas pelo público inteligente que o vê.

Crise na Espanha

Com Os Fenômenos, o espanhol Alfonso Zarauza cria, explicitamente, uma metáfora da crise econômica do seu país. Neneta (Lola Dueñas) é a mulher com filho pequeno obrigada a se empregar como trabalhadora braçal em uma obra para sobreviver, apesar de ter a escolaridade que, em tempos melhores, poderia empregá-la em outras funções. "Minha ideia com este filme é dar uma bofetada de realidade para mostrar quem são os verdadeiros responsáveis pela crise econômica", diz o diretor.

O filme tem a ambição de refletir, de maneira crítica e do ponto de vista dos trabalhadores, sobre os efeitos deletérios da crise econômica. Por exemplo, em meio a essa dura história de sobrevivência, Neneta deverá optar entre dois amores, um libertário, que a convida a jogar tudo para o alto e seguir viagem, e outro, mais "burguês", que a chama para a estabilidade. "Mas, no fundo, o que decide por ela é a crise econômica e não seus desejos mais íntimos", diz. A crise, no fundo, funciona como os deuses da tragédia grega, tecendo e desfazendo destinos humanos.

Zarauza falou também sobre o bom momento do cinema da Galícia, região de onde é proveniente. "Houve lá um governo inteligente que decidiu colocar o dinheiro, em pequenas quantidades, nas mãos dos artistas e não dos produtores culturais; nasceram assim filmes de orçamentos muito modestos, porém criativos, e que têm sido muito bem recebidos, tanto na Espanha quanto nos festivais no exterior. Zarauza compara a independência dos galegos com o cinema que se faz em Madri, "mais industrial, e, portanto, mais suscetível aos efeitos da recessão econômica".

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