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Nara Normande, diretora do curta Sem Coração, mostrou-se emocionada com a participação de seu filme no Festival Janela de Cinema. Após abrir a programação do festival na sexta (24), neste sábado (25) a produção foi mote para um debate no Cinema da Fundação.

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A diretora falou ao LeiaJá sobre a forte relação que tem com o Janela de Cinema. Foi neste mesmo festival que ela exibiu seu primeiro filme em 2011. E disse da importância de estar "em casa" e receber a família e os amigos. Ela também comemorou a posição do filme dentro do festival: "Geralmente os curtas são ofuscados pelos longas e participar da abertura do festival foi muito especial", disse Nara.

As salas escolhidas para exibição do curta também fazem do momento algo único. "O Cinema São Luiz é bem especial.", disse Nara, sem deixar de mencionar o Cinema da Fundação como um lugar que adora da mesma maneira. Para a cineasta, a reação do público a Sem Coração foi muito satisfatória. "As pessoa me dizem que ficam com o filme na cabeça", disse ela. 

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O Cinema São Luiz foi palco para a abertura da 7ª edição do Festival Internacional Janela de Cinema, evento que exibe até 2 de novembro mais de 130 produções do Brasil e do Mundo, nesta sexta-feira (24). Pernambuco, como de costume, abriu oficialmente o festival com dois representantes: Sem Coração, parceria de Nara Normande com Tião, e Brasil S/A, do cineasta Marcelo Pedroso. Em anos anteriores a programação do evento foi aberta por filmes como Febre do Rato e Tatuagem.

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“Os filmes do Estado não estão no festival porque eles precisam de uma forcinha para serem conhecidos pelo público. Eles estão aqui porque são bons e o público entende a presença dessas produções ao assisti-las”, comentou Kleber Mendonça Filho, curador do festival, ao LeiaJá. O discurso da qualidade do cinema de Pernambuco continuou na fala do cineasta ao abrir oficialmente o Janela.

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O curta Sem Coração, feito por Nara Normande e Tião, foi vencedor do prêmio de melhor curta-metragem na Quinzena dos Realizadores de Cannes e trouxe ao público pernambucano uma história sobre liberdades e descobertas. O elenco, formado por não-atores, veio conferir na telona a produção, motivo de satisfação para Nara. “Para mim é emocionante exibir o filme no Recife, principalmente em um festival que acompanho desde a primeira edição”, contou a cineasta. 

O elenco veio de Maceió e Porto das Pedras e para muitos era a primeira vez num cinema. “Achei muito legal participar do filme. Nunca pensei que ia fazer algo do tipo, mas apareceu a oportunidade e eu aproveitei”, disse Marcos Lopes, de 15 anos. Segundo o jovem, assistir a si mesmo na tela grande pela primeira vez será uma experiência muito legal. “Minha mãe vai adorar”, comentou.

Kleber Mendonça Filho, criador do festival, diz que a escolha dos filmes para abrir a programação não deu trabalho. “Os dois filmes são ótimos. Sem Coração é belíssimo, nunca exibido por aqui. Já Brasil S/A é político, mesmo sem levantar bandeiras”, comentou o cineasta. 

A fila no cinema para assistir a abertura do festival foi grande, mas longe do stress da longa espera para conseguir ingressos antecipados. Brasil S/A foi um dos mais esperados e conta uma história barulhenta, dura e cruel do que se entende por progresso. O som do desenvolvimento dói nos ouvidos e nos olhos e é isso que o longa de Pedroso realça, com planos longos, acústica pesada e uma história irônica, bem aos moldes dos trabalhos anteriores do cineasta.

“O filme foi gestado no Recife, mas fala de todo o Brasil e mostra o dia a dia e as contradições que existem. Esse trabalho dialoga com Em Trânsito (curta anterior do cineasta, lançado em 2013), mas numa escala maior”, contou Pedroso. Segundo o cineasta, participar da abertura do festival é a oportunidade de dividir. “Estar no festival hoje é compartilhar com o público as inquietações que me fizeram criar o filme. Aqui (no São Luiz) há pessoas que também ajudaram a construir o filme, de maneira prática e ideológica”, afirmou o pernambucano, que levou para casa cinco prêmios no Festival do Rio, incluindo melhor diretor.

Para muitos, é a oportunidade de finalmente ver filmes do Estado que vem se destacando nacionalmente e em outros países. “Eu sempre venho ao festival. Gostei bastante da programação deste ano. Pra mim é legal poder ver Brasil S/A, filme que despertou meu interesse desde o ano passado”, contou a historiadora Veruska Lima. Entre os outros filmes na lista dela, Paris/Texas e Sangue Azul. “Acho importante o festival como um todo, principalmente por trazer tantas opções de filmes e pela contextualização de movimentos e estilos cinematográficos diferentes”, afirmou Veruska.

Para muitos cineastas, exibir seu filme no festival também pesa no lado afetivo. Leonardo Lacca, que exibe seu primeiro longa-metragem (Permanência) no Janela, participa do festival desde a primeira edição. “Eu acho fenomenal passar meu longa aqui. É exatamente onde queria exibir, na minha cidade e no Cinema São Luiz”, afirmou o cineasta. O filme conta a história de um fotógrafo pernambucano que vai participar da abertura de sua exposição na cidade de São Paulo e precisa ficar hospedado na casa de um antigo amor. A ideia do filme surgiu há cerca de 8 anos e começa sua carreira nos festivais agora, depois de ser exibido no Festival do Rio.

Para os interessados em conferir a produção local de cinema, o Janela de Cinema ainda exibe Ventos de Agosto, de Gabriel Mascaro; Prometo um dia deixar essa cidade, de Daniel Aragão; Sangue Azul, de Lírio Ferreira e A História da Eternidade, de Camilo Cavalcanti.

Confira a programação da mostra competitiva do festival e também das mostras convidadas.

O festival Janela Internacional de Cinema do Recife anunciou nesta segunda-feira (6) as sessões especiais de abertura e encerramento do evento, que acontece no Cinema São Luiz, localizado no centro do Recife. Os três filmes são produções recentes feitas em Pernambuco e representam o ótimo momento da sétima arte produzido na região.

Sem Coração, curta de Nara Normande e Tião, abre a programação do festival. O filme foi vencedor do Prix illy du court métrage na Quinzena dos Realizadores, estreando em maio passado como único representante do Brasil no Festival de Cannes. Premiado também como Melhor Filme, Direção e Montagem no último Festival de Brasília. 

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O filme de abertura é Brasil S/A, de Marcelo Pedroso. Esse é o terceiro longa-metragem do pernambucano, que recebeu cinco prêmios no Festival de Brasília: melhor direção, roteiro, montagem, som e trilha sonora. O encerramento do festival fica a cargo de Sangue Azul, filme de Lírio Ferreira rodado inteiramente em Fernando de Noronha e ganhador dos troféus de melhor fotografia e figurino no último Festival de Paulínia.

Curso

O evento também divulgou um workshop de fotografia de cinema em parceria com o Porto Mídia ministrado pelo brasileiro Affonso Beato. Batizado de Cinematografia como Design, o evento será realizado entre os dias 27 e 30 de outubro das 9h às 13h no Portomídia. 

O convidado é o cineasta Affonso Beato, com mais de cinquenta anos de carreira e filmes icônicos no currículo, entre eles três de Almodóvar: A Flor do Meu Segredo, Carne Trêmula e Tudo Sobre Minha Mãe. No Brasil há também uma parceria com Glauber Rocha em O Dragão da Maldade contra o Santo GuerreiroBeato já fotografou mais de 50 longas, 60 curtas e 300 comerciais.

As inscrições para o evento pode ser feitas preenchendo este formulário até o dia 14 de outubro. A seleção será feita com análise de currículo. O curso, que custa R$ 100, aborda temas como luz, cor, visão humana, sistema fotoquímico (filme), sistema fotoeletrônico (digital), comparação filme x digital, o digital intermediate e produtos finais. Além disso, no dia 31 de outubro, Beato realiza uma masterclass gratuita no Cinema da Fundação. 

O festival Janela Internacional de Cinema do Recife acontece nos dias 24 de outubro a 2 de novembro, nos cinemas São Luiz e da Fundação. O evento já anunciou sua lista de clássicos e também de curtas

O único filme brasileiro a participar do Festival de Cannes de 2014, o curta-metragem pernambucano Sem Coração, ganhou nesta sexta-feira (23) o prêmio de melhor da Quinzena dos Realizadores, uma das mostras do festival.

Confira a entrevista que o LeiaJá fez com Nara Normande, uma das diretoras de Sem Coração

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Sem Coração tem direção, montagem e roteiro de dois jovens pernambucanos – Nara Normande e Tião – e foi filmado em sua maior parte no Litoral Norte de Alagoas, nas cidades de São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras. O filme, que aborda a importância de experiências ainda não vividas, conta a história de Léo. O adolescente de classe média vai passar suas férias na praia e, ao conhecer uma garota chamada “Sem Coração”, faz novas descobertas.

O curta-metragem Sem Coração (PE), que contou com direção, montagem e roteiro dos jovens pernambucanos Nara Normande e Tião, participará da mostra Quinzena dos Realizadores, que acontece simultaneamente com o Festival de Cannes. O filme, produzido pela Trincheira, Garça Torta e CinemaScópio, é o único representante do Brasil da ocasião e foi rodado em sua maior parte no Litoral Norte de Alagoas, entre as cidades de São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras. O LeiaJá conversou com Nara Normande sobre a realização deste trabalho e a indicação para participar do Festival de Cannes. Confira o bate-papo:

O que vocês fizeram para participar do festival?

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A organização do Quinzena dos Realizadores abre anualmente o período de inscrição, e assim que soubemos que as inscrições estavam abertas nós fizemos a nossa. Quando enviamos o curta Sem Coração ele ainda não estava na versão final. As imagens, por exemplo, ainda estavam em baixa qualidade. Mas resolvemos enviar o nosso trabalho mesmo assim e fomos convidados para participar da mostra.

Você já esteve em Cannes antes?

Já fui a Cannes duas vezes. A primeira foi em 2008, acompanhando o Tião, que também é diretor do Sem Coração. Na ocasião ele ganhou um prêmio (troféu Regard Neuf) com Muro. Já a segunda vez que fui pra lá foi por conta própria mesmo, só para participar do evento. Desta vez, indo com um filme concorrendo, é outra história, outro gostinho, até porque o Festival de Cannes traz bastante prestigio e reconhecimento às obras, independente de qualquer coisa.

Como foi a produção do curta?

Sem Coração foi gravado em película 16mm em algumas áreas do litoral norte de Alagoas. Algumas cenas também foram gravadas em Maceió e no Recife. Em março do ano passado começamos o trabalho e só as filmagens duraram três semanas, mas tem toda a parte da pré-produção e montagem, entre outros pontos que fazem parte da elaboração de um filme. Agora estamos no Rio de Janeiro para finalizar este trabalho, que passará por alguns retoques como correção da cor, por exemplo.

 

No domingo (29), o Festival Internacional de Animação de Pernambuco - Animage encerrou as atividades deste ano com o Prêmio Animage no Cinema São Luiz, contemplando os melhores entre os 76 curtas-metragens de suas Mostra Competitiva e Mostra Competitiva Infantil, segundo a escolha do júri e do público.

A quinta edição do festival alcançou um público de 6 mil pessoas, com atividades espalhadas por Recife e Olinda, entre exibições, mostras especiais workshops, palestras e exposição. O evento expandiu não só em relação à presença do público, mas também no que diz respeito à propagação de conhecimento na área de animação." A gente vem conseguindo conquistar e formar um público interessado no festival", conta Nara Normande, curadora e diretora artística do festival.

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Com incentivo Funcultura Audiovisual e patrocínio da Caixa e do Governo Federal, o festival, realizado pela Rec-Beat Produções, ocupou oito espaços entre Recife e Olinda com programação totalmente gratuita: Caixa Cultural Recife, Cinema da Fundação, Cine São Luiz, hospitais Barão de Lucena e IMIP , Parque Dona Lindu, Praça do Carmo e Aeso – Faculdades Integradas Barros Melo, ambos em Olinda.

Prêmio ANIMAGE

Nesta edição, o júri foi formado pelo cineasta britânico Phil Mulloy, o curador romeno Mihai Mitrica, e o cineasta brasileiro Rodrigo John. O prêmio Melhor Curta Metragem – Escolha do Público foi selecionado pelo público que assistiu à Mostra Competitiva e à Mostra Competitiva Infantil. Neste ano, houve também o novo Prêmio da Federação Pernambucana de Cineclubes, selecionado por um painel de três jurados, formados por Pietro Félix, Amanda Ramos e João Tavares.

Os premiados recebram troféus e as quatro primeiras categorias foram contemplados com prêmios em dinheiro: Melhor Curta Metragem (R$ 4 mil), Melhor Curta-Metragem Infantil (R$ 3 mil), Melhor Curta-Metragem Brasileiro (R$ 3 mil) e Melhor Curta-Metragem - Prêmio do Público (R$ 3 mil). "Os prêmios surpreenderam de certa forma por os filmes serem bem ousados e a escolha do juri também. Em relação à edição de 2012, o festival cresceu em todos os aspectos, e procuramos sempre fazer o melhor", explicou Nara.

Confira a lista de premiados, com a justificativa dos membros do júri:

MELHOR CURTA-METRAGEM

Drifters – Ethan Clarke (Estados Unidos, 2012, 8’)

“Pela força da arte e a inventividade da decupagem, em um filme a um só tempo misterioso e chocante, o prêmio de melhor filme vai para Drifters, de Ethan Clark.”

MELHOR CURTA-METRAGEM INFANTIL

Moya Mama Samolet – Julia Aronova (Rússia, 2012, 6’47”)

“Pela absurda e tocante fábula, que lança um olhar lúdico e emotivo sobre o universo imaginativo de uma criança, o prêmio de melhor filme infantil vai para Moya Mama Samolet, da diretora Julia Aronova.”

MELHOR CURTA-METRAGEM BRASILEIRO

Faroeste, Um Autêntico Western – Wesley Rodrigues (Brasil, 2013, 18’25”)

“Pelo cruzamento de referências diversas, costuradas de forma inventiva e livre na criação de um universo fantástico pleno de cor e movimento, o prêmio de melhor filme brasileiro vai para Faroeste - um autêntico western, de Wesley Rodrigues.”

MELHOR CURTA-METRAGEM – PRÊMIO DO PÚBLICO

Nyuszy És Õz – Peter Vácz (Hungria, 2013, 16’15’’)

MELHOR DIREÇÃO

Plug and Play – Michael Frei (Suíça, 2013, 6’)

“Pela simplicidade e força do desenho, em situações que, além do humor, evocam evoca sensações e reflexões, o prêmio de melhor direção vai para Plug and Play, de Michael Frei.”

MELHOR ROTEIRO

Sangre de Unicornio – Alberto Vazquez (Espanha, 2013, 9’)

“Pelo humor cáustico e a inteligência crítica, o prêmio de melhor roteiro vai para Sangre de Unicornio, de Alberto Vazquez.”

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Autour du Lac – Carlos Roosens (Bélgica, 2013, 5’5’’)

“Pelo frescor e densidade da arte, que propõe a fruição de uma absurda e hipnótica viagem pela música e a animação, o prêmio de melhor arte vai para Autour du Lac, de Carlos Roosens.

MELHOR TÉCNICA

Astigmatismo – Nicolai Troshinsky (Espanha, 2013, 4’)

“Pela elaboração de um processo técnico inventivo e impactante que viabiliza uma representação fortemente subjetiva, o prêmio de melhor técnica vai para Astigmatismo, de Nicolai Troshinsky.”

MELHOR SOM

Fight – Steven Subtonick (Estados Unidos, 2012, 4’)

“Pela construção perspicaz e criativa do desenho de som, que ajuda a estruturar uma montagem criativa e surpreendente, onde o próprio movimento é colocado no centro da representação, o prêmio de melhor som vai para Fight, de Steven Subtonick.”

PRÊMIO DA FEDERAÇÃO PERNAMBUCANA DE CINECLUBES

Pandy – Matus Vizar (Eslováquia, 2013, 12’)

MENÇÃO HONROSA

Liebling – Izabela Plucinska (Alemanha, 2013, 7’)

“Pela sensibilidade na representação de uma história carregada de emoção e pelo uso inventivo da técnica de animação de massinhas, o júri decidiu criar uma menção especial para o filme Liebling, de Izabela Plucinska.”

Choir Tour – Edmund Jansons (Letônia, 2012, 5’)

"Pelo humor e pela simplicidade do desenho, que criam uma experiência vibrante e revigorante, o júri decidiu criar uma segunda menção especial para o filme Choir Tour, de Edmund Jansons".

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A noite desta terça (1º) marcou a exibição dos últimos filmes da mostra competitiva do Cine PE Festival do Audiovisual. Dois longas pernambucanos encerraram a programação do festival, que teve mais uma noite de problemas técnicos, desta vez durante a exibição dos curtas metragens.

Os portões foram abertos às 19h15, quando uma grande fila já estava formada no saguão do Centro de Convenções, que abriga o Teatro Guararapes, local de exibição dos filmes do festival. A programação da noite começou com a exibição do curta de animação pernambucano Dia Estrelado, feito com massa de modelar e utilizando a técnica de stop motion.

Apesar da técnica e do material usados, comumente associados a filmes infantis, Dia Estrelado tem uma temática séria. Sem diálogos, mostra uma situação de seca e penúria extremas, em que o sol castiga e o vento é marcante no cotidiano de seus personagens. Há alguns momentos engraçados e até tocantes, como a relação de um menino com uma flor em meio à falta d'água. Ele chega a regá-la com lágrimas, quando ela se abre em uma bonita cena.

O curta é muito bem acabado e foi resultado de um longo trabalho, como explicou a diretora Nara Normande: "Demoramos um bom tempo para fazer (o filme), foram quatro anos de trabalho", disse quando foi apresentar o filme.

Também com um tema pesado, A Fábrica conta a história de um preso que convence a mãe a levar um celular para ele no dia da visita. Um certo suspense se faz, dando a entender que o aparelho será usado para a prática de algum crime. De cenas fortes, o curta dirigido por Aly Muritiba termina com o preso falando com a filha pelo celular, o real motivo da arriscada empreitada: era aniversário dela, e ele não pode ir pois "estava trabalhando na fábrica".

O terceiro curta da noite e último da mostra competitiva do Cine PE 2012 foi Sonhando Passarinhos, do Distrito Federal. Dirigido por Bruna Carolli, o filme é um mergulho no universo infantil e se utiliza muito bem de recursos de animação para representar a imaginação da pequena personagem principal. Sonhando e Fábrica tiveram suas exibições interrompidas por problemas técnicos, infelizmente uma constante nesta edição do festival, o público chegou a aplaudir ironicamente e ouviu-se até algumas vaias, principalmente quando o problema aconteceu pela segunda vez na noite desta terça.

Mesmo com problemas, o público mostrou ter gostado dos três filmes, que fecharam com qualidade a mostra de curtas metragens do Cine PE. Após um intervalo, foram exibidos dois longas pernambucanos, últimos fimes da mostra competitiva que premia nesta quarta (2) os vencedores do Troféu Calunga em todas suas categorias.

Na quadrada das águas perdidas, de Wagner Miranda e Marcos Carvalho tem apenas um ator em cena, Matheus Nachtergaele. Apenas um ator humano, porque a presença de outros animais é marcante na película, especialmente um onipresente urubu, que permeia toda a obra avisando da proximidade com a morte no ambiente inóspito em que acontece a ação.

Sem diálogos, o filme estampa a luta pela sobrevivência nos confins do sertão nordestino. Uma qualidade do longa está na sonoplastia e na trilha sonora, que por vezes se confundem de forma orgânica. Um tanto repetitivo, Na quadrada é um filme que, talvez intencionalmente, demora a passar. Ao fim do primeiro longa, muita gente foi embora, ainda que faltasse mais um filme para encerrar a mostra.

O último filme da mostra competitiva do festival foi exibido, Estradeiros, de Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira, documentário que trata de viajantes. Com jogos de câmera, montagens e sobreposições de imagens, o longa acompanha diferentes personagens e momentos dos "malucos de BR", viajantes que geralmente vivem de sua arte e seguem sem rumo definido de cidade em cidade, atravessando fronteiras e indo a vários países da América Latina.

Sem se fixar em nenhum personagem ou definir uma linguagem, Estradeiros acaba sendo um mosaico, quase uma colagem, de situações e depoimentos às vezes descontextualizados e acaba se perdendo, por exemplo quando foca nos "freegans", veganos radicais que levam uma vida à margem da sociedade de consumo utilizando o que é descartado por ela.

Mas o longa acerta em mostrar o lado humano de artistas para os quais muitas vezes se torce o nariz em sinais de trânsito, ônibus e praias, locais onde se apresentam ou vendem seu artesanato, tocam ou realizam apresentações circenses.

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