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O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT6) determinou, no dia 18 de março, o afastamento imediato de funcionários da Associação Pedagógica Waldorf do Recife, que se recusam a tomar a vacina contra Covid-19. A decisão partiu de uma ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho de Pernambuco (MPT-PE).

O processo foi movido diante da recusa da instituição de ensino em adotar medidas de prevenção no enfrentamento da pandemia. A decisão foi assinada pela Juíza Cassia Barata de Moraes Santos, da 5ª Vara do Trabalho do Recife, e define que funcionários da escola, cujo esquema vacinal não foi iniciado, sejam afastados das atividades presenciais. No entanto, podem desempenhar o trabalho de maneira remota até a vacinação.

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Além disso, a Waldorf Recife será obrigada a exigir o comprovante vacinal a funcionários, assim como, a prestadores de serviço para acessar o ambiente de trabalho. A determinação não é válida para colaboradores que possuem declaração médica que contraindica a imunização.

A decisão do Tribunal Regional do Trabalho deve ser cumprida em um prazo de 30 dias e a não aplicação está passível de multa diária no valor de R$ 5 mil. A escola teria um prazo de 15 dias para contestar a decisão. 

O que diz a escola

O LeiaJá entrou em contato, por telefone, com a Escola Waldorf Recife. Através de nota enviada à reportagem, a instituição de ensino afirma que "sempre cumpriu com zelo todas as determinações e protocolos vigentes", assim como, as orientações da Ministério da Saúde, das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde. 

Ainda segundo o comunicado, a decisão do MPT partiu de "premissas equivocadas". Ao finalizar a nota,  a Associação Pedagógica Waldorf salienta que "irá comprovar que o inteiro teor da liminar expedida pela Justiça do Trabalho já vinha sendo cumprido e irá realizar os ajustes internos para seguir as novas orientações e protocolos". 

A proporção de mortes por Covid-19 entre pessoas que não foram imunizadas no Estado de São Paulo é maior do que entre aqueles que completaram o esquema vacinal, de acordo com dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) nesta segunda-feira (14) e coletados entre 5 de dezembro de 2021 e 26 de fevereiro de 2022.

Segundo os dados da SES, publicados pela Folha de S.Paulo e confirmados pelo Estadão, o número de pacientes que foram a óbito por covid é 26 vezes maior nos que não foram imunizados do que entre as pessoas vacinadas no Estado. O estudo analisou 8.283 mortes inseridas pelos 645 municípios no sistema Sivep-Gripe entre as semanas epidemiológicas 49 e 8, período de maior prevalência e circulação da variante Ômicron. Entre elas, 7.942 foram consideradas no levantamento, pois eram as que possuíam preenchimento com relação ao campo de vacinação no sistema oficial.

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No período, o número de mortes ocorridas entre os não vacinados foi de 332 por 100 mil habitantes, contra 13 de pessoas que estavam com o esquema vacinal completo com duas doses. Os dados também apontaram que os óbitos foram 69% maiores em vacinados com apenas uma dose, ou seja, 22 mortes por 100 mil habitantes, se comparado com aqueles que tomaram duas doses.

"Os dados mostram o impacto dos índices de vacinação no Estado de São Paulo, que hoje tem quase 90% da população elegível vacinada com as duas doses. Mesmo com a circulação de uma variante mais transmissível, que é o caso da Ômicron, os números comprovam que São Paulo fez a escolha certa em apostar na ciência e na vacinação como as principais medidas de enfrentamento da pandemia da covid-19", afirmou a coordenadora do Programa Estadual de Imunização (PEI), Regiane de Paula.

A análise considerou a população elegível para a vacinação no estado paulista, que é de 43,2 milhões de pessoas e, fundamentalmente, as mais de 100 milhões de doses aplicadas durante toda a campanha. Segundo a pasta, aproximadamente 717 mil pessoas não tomaram nenhuma dose.

O efeito da vacinação na queda de mortes e casos já é reconhecido em todo o mundo no contexto da pandemia. A proteção com o esquema vacinal completo e a dose de reforço é medida indispensável para o combate à doença. Especialistas apontam, porém, que é preciso cautela na hora de interpretar o número de óbitos como uma consequência exclusiva da não vacinação.

Não foram apresentados pela SES, entretanto, outros dados considerados "fundamentais" por especialistas para que a análise seja irrefutável, como idade dos pacientes, tipo de internação (UTI ou enfermaria), presença ou ausência de comorbidades.

"No fundo, precisamos de uma descrição clara do universo e dos critérios de confirmação para a causa do óbito, como distribuição etária, a forma que foi feita a confirmação da vacinação - com dados do Sivep ou autodeclarada - etc.", aponta o epidemiologista e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Eliseu Alves Weldman. "Pode ser que a análise esteja correta, mas apenas com essas informações não podemos afirmar com certeza."

José Cássio de Moraes, ex-diretor do Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo, observa que a proporção de mortes divulgada pelo Estado de São Paulo parece alta quando comparada com outras pesquisas recentes, mas reforça que a segurança e eficácia das vacinas ao impedir os óbitos é irrefutável. "É uma eficácia que também varia de acordo com a idade e o intervalo entre a última dose e o ponto analisado. Precisaríamos descobrir como seria esse 'risco relativo' também por faixa etária, até porque a própria variante Ômicron é menos grave do que as anteriores."

"Claro que temos várias observações metodológicas, mas não acho que seja o caso de fazermos uma avaliação científica rigorosa desses dados, porque eles vêm do Estado de São Paulo, que tem uma das melhores notificações e sistemas de vigilância epidemiológica mais atualizados do Brasil", avalia Jesem Orellana, epidemiologista da Fiocruz Amazônia. "Os dados são muito consistentes e robustos, que mostram como o esquema vacinal completo ou pelo menos duas doses é o que fez a diferença durante o pico de transmissão da Ômicron."

Brasil tem 10 milhões de idosos com dose de reforço contra a covid atrasada

O Brasil tem 10 milhões de idosos com a dose de reforço contra a covid-19 atrasada, indicou um levantamento do Ministério da Saúde divulgado na quinta-feira, 10. A dose de reforço é considerada fundamental para prevenir infecções, hospitalizações e óbitos pela doença, principalmente entre os grupos mais vulneráveis. As informações, ainda preliminares, soam o alerta sobre a necessidade de estratégias de mobilização para incentivar a vacinação com a terceira dose.

A deputada estadual Clarissa Tércio (PSC) está propondo um projeto de lei para "combater o preconceito contra as pessoas não vacinadas no âmbito no Estado de Pernambuco". A parlamentar justifica que a atual crise sanitária da Covid-19 "provocou uma onda de segregação e controle social que deve ser veementemente combatido no Estado de Pernambuco." 

Clarissa aponta que as próprias medidas de exigência de passaporte sanitário nos estabelecimentos, determinadas pelo governo estadual, "insurgem a segregação social que deve ser rechaçada em uma sociedade". Segundo a deputada, "inúmeras pessoas possuem exceções de saúde que impedem ou dispensam a imunização por meio da vacina e que não devem ser discriminadas ou afastadas do convívio social."

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Se a lei for aprovada, o Poder Executivo deverá realizar campanhas de conscientização para o combate ao preconceito contra pessoas não vacinadas no Estado de Pernambuco. Estas campanhas deverão sempre ser divulgadas em sequência das campanhas de estímulo à vacinação promovidas pelo governo estadual. Além disso, a Secretaria de Direitos Humanos do Estado de Pernambuco deverá adotar medidas para recebimento de denúncias de preconceito contra pessoas não vacinadas para elaboração de estatísticas

A Itália introduziu novas restrições para as pessoas que não estão vacinadas contra a Covid-19, as quais não poderão acessar os restaurantes ou viajar de avião dentro do país, segundo as medidas que entraram em vigor nesta segunda-feira (10).

As pessoas que se recuperaram recentemente da Covid-19 estão isentas dessa obrigação.

As restrições para os não vacinados foram adotadas devido ao aumento dos contágios, inclusive entre crianças.

A Itália também introduziu a vacinação obrigatória para as pessoas maiores de 50 anos na semana passada.

A abertura das escolas nesta segunda-feira gera debate dentro do governo, devido ao pedido dos diretores das escolas e do sindicato de médicos para que a volta às aulas seja adiada em pelo menos 15 dias.

O virologista Massimo Galli, do Hospital Sacco de Milão, classificou a abertura das escolas como uma decisão "imprudente e injustificada", enquanto o especialista em saúde pública Walter Ricciardi classificou a situação como "explosiva".

Mais de 1.000 municípios decidiram manter as escolas fechadas, segundo informações dos jornais locais.

A Itália, primeiro país europeu afetado pelo coronavírus no início de 2020, registrou cerca de 140.000 mortes.

Mais de 86% dos maiores de 12 anos foram vacinados e cerca de 15% das crianças de cinco a onze anos receberam a primeira dose.

As máscaras PFF2 são obrigatórias em teatros, cinemas, estádios esportivos e em todos os meios de transporte público.

O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, assumiu "completamente" nesta sexta-feira (7) suas declarações polêmicas desta semana sobre as pessoas não vacinadas contra a covid-19, as quais voltou a chamar de "irresponsáveis" a três meses das eleições presidenciais.

"Alguns podem ficar impressionados por uma maneira de falar que parece coloquial e que assumo completamente", disse Macron em entrevista coletiva junto à chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre a presidência francesa da União Europeia (UE).

"O que me impressiona é a situação [sanitária] em que estamos. A verdadeira fratura do país é esta: quando alguns fazem de sua liberdade, que se transforma em uma irresponsabilidade, um slogan", acrescentou o presidente.

Macron afirmou em entrevista publicada na terça-feira pelo jornal Le Parisien que deseja "irritar até o fim" as pessoas não vacinadas, em declarações inesperadas que provocaram críticas de toda oposição, da esquerda radical à extrema-direita.

O presidente liberal, que ainda não confirmou sua candidatura à reeleição, usou em francês o verbo "emmerder", uma gíria coloquial incomum para um chefe de Estado e que pode ser traduzida como "foder", "incomodar", "irritar", ou "complicar a vida".

Para os observadores, com esta polêmica, Macron tentou chamar a atenção dos defensores da vacinação e impor o tema da pandemia de covid-19, em uma pré-campanha eleitoral protagonizada pelos temas da direita: migração e insegurança.

Os não vacinados "não apenas colocam em perigo a vida dos outros, como também limitam a liberdade dos demais, e isso não posso aceitar", destacou Macron nesta sexta-feira, reiterando que sua estratégia para sair da crise sanitária passa por "vacinar, vacinar, vacinar".

A candidata presidencial de extrema direita, Marine Le Pen, acusou Emmanuel Macron de ser "incendiário" nesta sexta-feira, com comentários de "grande violência".

O outro candidato da extrema direita, Eric Zemmour, chamou a situação de "ridícula, infantil e cínica". Segundo ele, Macron "quer roubar as eleições dos franceses" falando apenas da pandemia.

As pessoas que não se vacinaram contra o coronavírus na Itália não poderão ir ao cinema, teatro, shows ou grandes eventos esportivos, segundo as novas medidas restritivas que entraram em vigor a partir desta segunda-feira (6) para frear os contágios no Natal.

A península, assim como seus vizinhos europeus, enfrenta um surto de casos de coronavírus e adotou um novo pacote de medidas.

A única exceção à regra é para as pessoas que se recuperaram recentemente da Covid-19, as quais também têm acesso ao chamado "super passaporte sanitário" que é concedido aos vacinados.

No entanto, existe um "passaporte sanitário básico", que é obtido com um teste negativo, suficiente para acessar o local de trabalho.

O passaporte sanitário básico era exigido apenas para viajar de avião e nos trens de longa distância, mas agora também será exigido para o transporte local (ônibus, metrô e trens regionais).

Os controles começaram nesta segunda-feira de manhã nas estações de todo o país e no domingo foram entregues uma quantidade recorde de 1,3 milhão de passaportes sanitários.

Em Roma, perto da central Praça do Povo, um senhor de aproximadamente cinquenta anos, sem o documento, foi multado com 400 euros (450 dólares) ao descer do ônibus, segundo o jornal Il Corriere della Sera.

"Não tenho o certificado porque ainda não me vacinei, mas quero fazer isso nos próximos dias", relatou.

Neste fim de semana entrou em vigor em Roma o uso obrigatório da máscara nas avenidas mais comerciais frequentadas pelas compras natalinas.

Itália, o primeiro país europeu gravemente afetado pela pandemia no início de 2020, registrou até agora mais de 134.000 mortes.

Mesmo que os casos tenham aumentado, a situação é melhor do que a dos países vizinhos, com uma média de entre 15.000 e 20.000 novos casos diários nos últimos dias.

Quase 85% dos maiores de 12 anos estão completamente imunizados. A campanha da terceira dose está em andamento e em breve estarão disponíveis as vacinas para crianças de 5 a 11 anos.

A Eslováquia anunciou nesta quinta-feira (18) um lockdown exclusivo para pessoas que não tenham se vacinado contra a Covid-19.

A medida entra em vigor na próxima segunda (22) e valerá por pelo menos três semanas. Nesse período, apenas indivíduos imunizados ou que tenham se curado da doença nos últimos seis meses poderão ir a restaurantes, shoppings, lojas de itens não essenciais e eventos esportivos.

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Além disso, foi determinada a obrigatoriedade de testar os cidadãos não vacinados no trabalho em todas as regiões mais afetadas pela emergência sanitária.

LeiaJá também: Áustria determina lockdown para não vacinados

O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro eslovaco, Eduard Heger, em uma coletiva de imprensa transmitida ao vivo pela TV local, segundo o jornal The Guardian.

O país de 5,5 milhões de habitantes registrou um número recorde de casos nos últimos dias, ultrapassando os 8 mil novos contágios na última terça-feira (16). Além disso, desde o início da semana, está sofrendo com falta de leitos de terapia intensiva.

Atualmente, a Eslováquia tem uma das taxas de vacinação anti-Covid mais baixas da União Europeia (UE), com 45% da população imunizada, em comparação com a média do bloco de 65%.

De acordo com o premiê, as pessoas vacinadas serão as primeiras a se beneficiar da redução das restrições.

Nas últimas semanas, vários países europeus estão discutindo a volta de algumas medidas protetivas por causa do aumento exponencial de casos de Covid-19. A República Tcheca, por sua vez, determinou o uso do certificado sanitário em todos os locais públicos.

Da Ansa

No principal centro de vacinação de Viena, crianças de cinco anos esperam nesta segunda-feira (15) para receber sua primeira dose do imunizante anticovid, ao mesmo tempo que dois milhões de não vacinados são forçados a se confinar novamente.

Para desacelerar a propagação do vírus e aumentar a taxa de vacinação de sua população (atualmente 65%), a Áustria joga duro, tornando-se o primeiro país da União Europeia a colocar em prática tal medidas.

Entretanto, a cidade de Viena decidiu começar a vacinar crianças entre os 5 e os 11 anos, apesar do regulador europeu ainda não ter dado o seu aval para o uso do imunizador Pfizer/BioNTech em pessoas dessa faixa etária.

A medida, implementada em uma segunda-feira (15)de feriado para os alunos da capital, funcionou. Mais de 10.000 consultas foram agendadas, disse Peter Hacker, deputado municipal de saúde.

“Isso nos tranquiliza”, afirmou Gerald Schwarzl, 41, com seus dois filhos, um deles, Theo, de cinco anos. "Acreditamos que eles estarão protegidos da mesma forma que foram com as outras vacinas."

No momento, 200 menores podem ser vacinados por dia.

Usando máscaras coloridas, as primeiras crianças a serem vacinadas ficaram um pouco intimidadas com a presença da imprensa.

Como Pia, de oito anos, de vestido preto e cabelo loiro, que disse estar "um pouco" assustada, mas que fica muito feliz em conseguir seu "passe Ninja", certificado que as crianças recebem.

- "Discriminação" -

E enquanto os mais jovens recebem a injeção na capital, o chanceler austríaco, Alexander Schallenberg, um conservador, confinou a partir esta segunda-feira todas as pessoas não imunizadas após terem contraído a covid ou ainda não vacinadas.

"Privar parcialmente uma parte da população de liberdade não é algo de que gostamos", explicou Schallenberg à AFP nesta segunda-feira. Mas a medida "já está dando frutos", completou, citando "o aumento maciço nas inscrições nos centros de vacinação".

De acordo com estatísticas oficiais, quase meio milhão de pessoas receberam uma dose da vacina de Covid-19 na semana passada, das quais 128.813 receberam a primeira dose.

A "situação é grave", alertou o chefe do governo no domingo diante do aumento brutal de novos casos, que atinge seus níveis mais elevados desde o início da pandemia: 12 mil novos casos por dia em média neste país de 8,9 milhões de habitantes.

A Europa enfrenta uma nova onda de infecções e vários países começaram a reimpor restrições, como Holanda e Noruega.

Mas apenas a Áustria ordenou o confinamento de não vacinados, após excluí-los de restaurantes, hotéis e cabeleireiros.

No entanto, alguns especialistas estão céticos em relação às medidas, mesmo que o governo tenha anunciado controles e sanções.

Outros, como o especialista Bernd-Christian Funk, questionam se confinar apenas uma parte da população está de acordo com a Constituição.

No domingo, várias centenas de pessoas protestaram em frente à chancelaria.

"É discriminação pura e simples", reclamou Sabine, uma consultora de energia de 49 anos, que não quis revelar seu sobrenome. "Claro, minha vida foi prejudicada, minha liberdade. Não é a maneira certa de proceder."

- Natal seguro -

No centro de Viena, os comerciantes consultados pela AFP no mercado de Natal parecem satisfeitos com as novas medidas, sem temer que a clientela venha a cair, quando se aproximam as festas de fim de ano.

"Fazemos o que deve ser feito e queremos que todos se sintam seguros", explicou Daniel Stocker, responsável pelo mercado, localizado na Praça da Prefeitura e que no ano passado teve que ser fechado devido à pandemia.

"As pessoas vêm, mostram o passaporte médico e o documento de identidade, não tem problema. Os comerciantes estão satisfeitos e os clientes estão satisfeitos", afirmou.

Mas alguns vienenses duvidam que o confinamento dos não vacinados seja suficiente.

É uma "mudança totalmente razoável, mas é um pouco tarde", de acordo com Rudolf, um arquiteto que se recusou a revelar sua identidade. "Temo que isso não termine aqui."

As pessoas não vacinadas ou que não contraíram recentemente a Covid-19 terão que obedecer um confinamento a partir de segunda-feira (15) na Áustria, uma medida inédita na União Europeia que pretende frear o número recorde de novos casos.

"A situação é grave (...) Não adotamos a medida de maneira leve, mas infelizmente é necessária", disse o chanceler Alexander Schallenberg em uma entrevista coletiva em Viena.

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Quase 65% da população recebeu as duas doses da vacina na Áustria, percentual inferior à média europeia, que é de 67%, e longe de países como Espanha (79%) e França (75%).

Schallenberg considerou o índice "vergonhosamente baixo" ao anunciar na sexta-feira o plano de confinamento.

As pessoas afetadas pela medida não poderão deixar suas casas, exceto para fazer compras, praticar atividades físicas ou receber atendimento médico.

O confinamento será aplicado a todos nesta situação a partir dos 12 anos.

E para garantir o respeito da medida, as autoridades farão controles não anunciados "em uma escala sem precedentes" em zonas públicas, segundo o governo, que mobilizará viaturas policiais adicionais.

Os infratores se arriscam a pagar uma multa de 500 euros (570 dólares). Quem se negar a passar pelos controles pagará 1.450 euros.

O governo avaliará os resultados das restrições em um prazo de 10 dias, informou o ministro da Saúde, Wolfgang Mückstein, que pediu aos hesitantes que aceitem a vacina o mais rápido possível.

A medida deve ser aprovada pelo Parlamento durante a tarde, o que 'a priori' é uma simples formalidade.

Protestos

Centenas de manifestantes contrários à medida se reuniram diante da sede de governo com cartazes que incluíam a frase "Não à vacinação obrigatória".

As pessoas não vacinadas já estão proibidas de entrar em restaurantes, hotéis e salões de beleza.

"Estou aqui para enviar uma mensagem, temos que lutar", declarou à AFP Sarah Hein, de 30 anos, que trabalha em um hospital.

"Queremos trabalhar, queremos ajudar as pessoas, mas não queremos que nos vacinem. Depende de nós".

A cidade de Viena também é a primeira da UE a iniciar um programa de vacinação para crianças de 5 a 11 anos, com o fármaco da Pfizer-BioNTech.

As primeiras 5.000 doses na faixa etária serão aplicadas na segunda-feira.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) está revisando os dados e ainda não anunciou a aprovação à vacinação das crianças.

Os países membros, no entanto, têm o direito de utilizar produtos não autorizados em resposta a uma emergência de "saúde pública".

Também em Viena, para comparecer a eventos culturais ou esportivos com mais de 25 pessoas ou para sair para jantar será exigido a partir de agora um teste PCR, além do certificado de vacinação ou de recuperação da doença.

No sábado, a Áustria registrou mais de 13.000 novos casos de Covid-19 em um país com mais de 9,8 milhões de habitantes, o maior número de contágios desde o início da pandemia, que provocou 11.700 mortes no país.

A Europa é afetada por uma nova onda da pandemia, o que obrigou vários países a restabelecer as restrições, como Holanda e Noruega.

Cingapura deixará de pagar despesas médicas dos pacientes com covid-19 que tiverem se negado a se vacinar, anunciaram nesta terça-feira, 9, as autoridades do país do sudeste Asiático, cujo sistema de saúde se encontra sob pressão pela pandemia do coronavírus.

"As pessoas que não estão vacinadas representam uma maioria substancial daqueles que precisam de cuidados intensivos e contribuem, de maneira desproporcional, para a pressão sobre a nossa infraestrutura de saúde", disse o Ministério da Saúde em um comunicado divulgado nesta segunda-feira, 8.

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Cingapura registrou cerca de 91.000 novas infecções por coronavírus nos últimos 28 dias, 98,7% das quais eram casos assintomáticos ou leves, de acordo com o Ministério da Saúde.

O território enfrenta sua pior onda de contágios desde o início da pandemia, com 2.000 a 3.000 novos casos por dia e algumas mortes. Em 8 de novembro, 1.725 pessoas foram hospitalizadas com o vírus. Destes, segundo o Ministério da Saúde, 301 necessitaram de oxigênio, 62 estão na unidade de terapia intensiva e 67 estão gravemente enfermos e intubados. Isso colocou a atual taxa de uso de UTI de Cingapura em 68,5%.

"Embora isso ainda seja administrável aumentando nossa força de trabalho de saúde, não devemos baixar a guarda e evitar o ressurgimento de casos que podem mais uma vez ameaçar sobrecarregar nosso sistema de saúde", disse o Ministério da Saúde na segunda-feira, 8.

Até agora, o governo cobriu os gastos médicos de seus cidadãos e de alguns residentes infectados com o vírus, exceto os que tiveram resultado positivo logo após retornar de uma viagem ao exterior.

A partir de 8 de dezembro, porém, as autoridades começarão a cobrar a fatura dos pacientes com covid-19 que tenham se negado a se vacinar.

Hoje, o governo agora paga a conta de qualquer cidadão de Cingapura, residente permanente e portador de um passe de trabalho de longo prazo que esteja doente com covid-19, a menos que o teste seja positivo logo após retornar do exterior.

"Isso foi feito para evitar que considerações financeiras aumentassem a incerteza e preocupação do público quando a covid-19 era uma doença emergente e desconhecida", disse o Ministério da Saúde em seu comunicado.

"Até que a situação da covid-19 esteja mais estável", acrescentou, o país continuará a cobrir os custos médicos dos vacinados, bem como para os que ainda não podem tomar a vacina: crianças com 12 anos ou menos e pessoas com certas condições médicas. Pessoas parcialmente vacinadas em Cingapura estarão cobertas até 31 de dezembro.

O sistema de saúde de Cingapura é considerado um dos melhores do mundo. Um estudo de 2017 no principal jornal médico do mundo, o The Lancet, mostrou que Cingapura ficou em primeiro lugar entre 188 países nos esforços para cumprir as metas de desenvolvimento sustentável relacionadas à saúde estabelecidas pelas Nações Unidas para 2030.

O modelo de Cingapura, no entanto, mistura prestação de serviços de saúde públicas e privadas. Existem hospitais públicos e privados, bem como vários níveis de cuidados. São cinco classes: A, B1, B2 +, B2 e C. A "A" oferece um quarto privativo, banheiro próprio, ar-condicionado e médico à escolha. A "C" dá a você uma enfermaria aberta com sete ou oito outros pacientes, um banheiro compartilhado e qualquer médico designado para você. Mas escolher "A" significa que você paga por tudo. Escolher "C" significa que o governo paga até 80% dos custos. Além disso, todos os trabalhadores são obrigados a colocar uma porcentagem de seus ganhos em economias para o futuro e poupança saúde - exatamente para arcar com estes custos.

Sob esse sistema, as contas para os não vacinados ainda serão "altamente apoiadas e altamente subsidiadas", disse o ministro da Saúde, Ong Ye Kung, em entrevista coletiva na segunda-feira. "Os hospitais realmente preferem não ter de cobrar esses pacientes", disse Ong. "Mas temos que enviar este importante sinal para exortar todos a se vacinarem, se você for elegível."

No início da pandemia, Cingapura contava com ampla vigilância, rastreamento de contatos e restrições rígidas de movimento para manter o número de casos de vírus baixo. A cidade-estado fortemente vigiada desde então começou a aliviar algumas restrições relacionadas ao vírus. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A Alemanha se vê afetada por uma "pandemia dos não vacinados", alertou o ministro da Saúde, Jens Spahn, nesta quarta-feira (3), que também pediu o reforço das medidas para frear o aumento de casos de Covid-19 no país.

"Atualmente, estamos vivendo uma pandemia essencialmente dos não vacinados, e é grande", afirmou. "Em algumas regiões da Alemanha, os leitos de UTIs disponíveis estão acabando de novo".

"A quarta onda da pandemia avança, como temíamos, porque o número de pessoas vacinadas não é suficiente", corroborou Lothar Wieler, presidente do instituto de vigilância epidemiológica Robert Koch.

Wieler lamentou que as regras de acesso aos locais públicos não são aplicadas da maneira correta o tempo todo.

O ministro conservador pediu às regiões, que têm competência na área de saúde, que endureçam as regras para os não vacinados em caso de aumento de contágios, com a proibição, por exemplo, do acesso a alguns locais públicos ou a exigência de um teste de diagnóstico negativo, que são caros no país.

"Não tem nada a ver com bullying de vacina", declarou, "mas com evitar uma sobrecarga do sistema de saúde".

O ministro também afirmou que deseja acelerar as vacinas de reforço, recomendadas para pessoas com mais de 70 anos, seis meses após a conclusão do primeiro ciclo vacinal.

A Alemanha registrou nos últimos dias um aumento dos casos de covid-19. Nesta quarta-feira foram registrados mais de 20.000 novos contágios em 24 horas e 194 mortes, segundo o balanço oficial.

A chanceler Angela Merkel expressou preocupação com os números dos últimos dias e falou que estava "triste" por ver que "entre dois e três milhões de alemães de mais de 60 anos ainda não tomara a vacina".

De acordo com os números do instituto Robert Koch, 66,8% dos alemães (55,6 milhões de pessoas) estão completamente vacinados.

O presidente da Câmara Municipal de Guarulhos, na Grande São Paulo, Fausto Martello, assinou uma portaria suspendendo os servidores que não comprovaram vacinação contra a Covid-19. A portaria citava vereadores também, mas a Casa corrigiu a informação e disse que todos os parlamentares receberam o imunizante. 

O texto cita como base a portaria municipal de setembro de 2021 que obriga todos os funcionários da administração pública direta e indireta a se imunizarem contra o novo coronavírus.

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A portaria, publicada no Diário Oficial do município da última sexta-feira (22), traz os nomes dos funcionários com os contratos de trabalho suspensos. A determinação é que a relação de nomes seja afixada em um local público.

*Com a redação

Primeiro, eles recusaram a vacina contra a covid-19, movidos por fake news, medo ou desconfiança. Depois, se arrependeram, viram parentes morrer ou sentiram na pele os efeitos agressivos do vírus. Na linha de frente, médicos relatam histórias parecidas, em alguns casos sem segunda chance, dessa minoria de brasileiros que hesitou em se proteger. O que a ciência previa é possível perceber na prática: o imunizante é a melhor arma contra as formas graves da doença, que fez 577 mil vítimas no País em 18 meses.

A técnica de enfermagem Joana (nome fictício), de 58 anos, precisou buscar ajuda psicológica para conviver com o remorso de ter negado a vacina quando ficou disponível para profissionais de saúde de Sorocaba, no interior paulista, em fevereiro. Dois meses depois, ela contraiu a doença e ficou 28 dias internada. Já o marido, de 61 anos, não resistiu.

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Internada na capital à época, porque haviam acabado as vagas de UTI na sua cidade, Joana nem pôde se despedir do companheiro de 40 anos. "Foi o mais triste. Não tive nem como pedir perdão por não ter me vacinado e, talvez, evitado que ele pegasse essa doença maldita", conta. "Meus filhos me apoiaram e me apoiam, mas aqui dentro me sinto culpada, sinto um remorso e também uma revolta, pois ele poderia ter sido imunizado, se a vacina chegasse antes", afirma.

Obesa, hipertensa e diabética, Joana foi abordada pelos colegas para tomar a vacina, mas diz ter ficado com medo de reações. "Sou da área de saúde e não sou negacionista", afirma. "É que eu já estava com a saúde abalada e fiquei com medo dos efeitos colaterais, de agravar minhas condições de saúde", reconhece ela, que também vê influência de fake news na escolha. A desinformação tem sido um dos principais desafios da pandemia.

Pesquisas e especialistas apontam que as vacinas anticovid se mostram seguras, os efeitos colaterais são raros e os benefícios do imunizante superam eventuais riscos. Em caso de dúvidas, é preciso buscar orientação médica. O marido de Joana, que não tinha comorbidades, morreu duas semanas antes da data em que poderia se vacinar, pelo calendário paulista. Ela e os dois filhos adultos do casal se vacinaram. A técnica de Enfermagem ainda enfrenta sequelas do coronavírus, como dores de cabeça constantes e fraqueza muscular. "O pior é a dor na consciência", afirma.

Medo

Quando os sintomas apareceram de forma leve, a autônoma Cristina (nome fictício), de 45 anos, deu pouca importância. Parecia gripe, relata. Com o passar dos dias, a falta de ar a levou ao médico. "O dia que recebi o diagnóstico foi um momento muito difícil. A doença é grave e já havia progredido. Eu mal conseguia falar", lembra.

Hipertensa, a soteropolitana já podia se vacinar naquela altura de maio, por causa da comorbidade. Ela, no entanto, desconfiava da eficácia do imunizante e ouvia falar sobre infecções entre vacinados. Entre as principais vantagens da vacina, mostram estudos, está a redução de casos graves da covid.

"Eu me arrependo muito", admite Cristina, que chegou a ter 50% dos pulmões comprometidos e ficou 15 dias internada. "Hoje entendo que, vacinada, poderia não ter sofrido uma forma mais grave. Os especialistas dizem que a vacina é segura, importante para o coletivo. A gente tem de confiar", conclui ela, agora protegida com as duas doses.

Antes, o funcionário público Ricardo (nome fictício), de São Paulo, via na campanha de vacinas "uma forma de comércio" e rechaçava tomar a injeção. Sua opinião só começou a mudar em março. O pai, de 78 anos, ficou com 50% dos pulmões afetados, passou por quatro hospitais, e morreu por causa da covid.

Política

 

Hoje, Ricardo tenta se reaproximar da família, de sete irmãos. Houve racha por causa das divergências sobre a pandemia e a importância da vacina. "Não vejo alguns desde março do ano passado", lamenta ele, de 42 anos. Segundo o servidor público, o pai não tomou o imunizante porque ainda não havia chegado a sua vez. Colegas de trabalho, porém, relataram que Ricardo falava em não permitir que os parentes tomassem a dose.

Sobre a influência de disputas políticas na sua decisão, ele evita fazer relação direta. "Cada um tem sua opinião. Concordo com o presidente (Jair Bolsonaro) em algumas coisas; em outras, não. Acho que ele também vai acabar se vacinando", aposta. A mudança de atitude de Ricardo se confirmou na semana passada, quando tomou a 1ª dose da Coronavac - um dos principais alvos de fake news, principalmente pela origem chinesa do produto. "Essa atitude vale mais do que muitas palavras. Eu era contra, mas tomei a vacina." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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