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Em Belém, a última segunda-feira de outubro foi marcada pelas assombrosas figuras presentes no quarta edição do Cortejo Visagento, evento que tem como foco a promoção da cultura local, o conhecimento das lendas regionais, estímulo à leitura e à passagem de experiências. A concentração começou às 18 horas, no Cemitério de Santa Izabel, no bairro do Guamá. Com muita música e história, o cortejo caminhou até a praça Benedicto Monteiro, onde se encerrou, com concursos de melhores fantasias, apresentações musicais e estímulo para mais projetos culturais na cidade.
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“Nós acreditamos que o conhecimento da cultura local é importante para os jovens da nossa comunidade. O halloween já era muito exaltado dentro da nossa instituição, nós não temos bruxas, mas nós temos a Matinta, então vamos homenageá-la”, disse Mineia Silva, presidente do Espaço Cultural Nossa Biblioteca e coordenadora-geral do Cortejo Visagento.
Victor Ramos, um dos organizadores do evento, afirmou que o Cortejo está ali para dar visibilidade real às visagens, ressignificar a data de 31 de outubro, e a imagem do cemitério.
“Pessoas costumam ter medo desse lugar, mas é um lugar de descanso e paz, que contém várias histórias do imaginário e contam a história do próprio bairro”, disse Victor.
“Nós estamos em um bairro que precisou se construir por si só, ninguém ajudou o Guamá, o Jurunas, a Terra Firme, ou a Condor, nós fomos empurrados, nós tivemos que lutar pelo nosso bairro, tínhamos a opção de tentar, ou continuar chorando. Este é um bairro que sofre com uma visão negativa, e onde há visão negativa, não há investimento público. Nós temos, aqui, cemitérios, hospitais que ficaram marcados por abrigarem doenças terríveis, e os maiores investimentos feitos no bairro não foram para os moradores. Temos condomínios, que não são para os moradores, uma universidade, que não é para os moradores. Então nós estamos em uma luta para fazer com que a cultura de leitura se torne uma cultura do Guamá, para contaminar a cidade toda, querendo dar uma nova cara para o bairro do Guamá. Não somos um bairro violento, somos um bairro de criatividade. Hoje nós disputamos a mente das pessoas com a ignorância, principalmente, depois desses últimos anos de governo. Eu não tenho problemas com a igreja, mas aqui, no bairro do Guamá, nós temos uma por rua, no mínimo, e nós estamos no tempo da ciência, e ambas podem crescer juntas, por isso, queremos mais escolas, mais bibliotecas, queremos a leitura espalhada pelo lugar”, declarou Raimundo Oliveira, professor de história, e idealizador do projeto do Cortejo Visagento.
Nesta edição, o cortejo homenageou a lenda do Curupira, chamando atenção para as queimadas que ocorreram na Amazônia, mas quem também marcou presença lá, e roubou a cena, foi a Matinta Pereira, a “dona do lugar”.
“O comando, aqui, é da Matinta Pereira, é do Saci Pererê, é do Curupira. Esse território é nosso, nos respeitem, porque nós somos gente”, afirmou Raimundo.
Por Paulo Ricardo de Brito, Matheus Vinicius Silva e Ana Clara Soares (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).