Com exceção da sequência dirigida por John Woo - repleta dos maneirismos típicos do diretor - as continuações de Missão Impossível, se não arranham o altar de De Palma - diretor do filme original - ao menos proporcionam sessões divertidas, mesmo que ligeiramente descartáveis.
"Nação Secreta", o quinto capítulo da franquia, apresenta Ethan Hunt (Tom Cruise) sendo novamente capturado, novamente em fuga, novamente perseguido e novamente lutando contra uma organização terrorista internacional contrária às ações da Impossible Mission Force (IMF), outrora dissolvida. Mas o que poderia ser uma bela enxurrada de "mais do mesmo" em tela, não é, já que o diretor e roteirista Christopher McQuarrie enxerga o potencial de tudo o que já foi feito na franquia, anteriormente, e aperfeiçoa parte do que não funcionava lá muito bem.
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Então, Cruise, conhecido por dispensar dublês em cena, se expõe a esforços hercúleos, como se livrar de um cativeiro abusando da força física, se pendurar em um boing em plena decolagem e ficar sem respiração por longo tempo e embaixo d'água. Tudo para viver com ainda mais intensidade o personagem, que nas lentes de McQuarrie aparece com elegância, seja em seus planos mais abertos ou fechados. Ambos são eficazes na construção de atmosferas tensas, mas também imbuídas de um "despojamento" típico da franquia, e de seu personagem central, o que a difere de outras de espionagem, a exemplo de 007. As tradicionais cenas de montagem rápida soam agráveis, os cortes são sutis e orgânicos. Fluidos e interessantes também soam os jogos com a trilha sonora em todo o filme. A cena da ópera em Viena traz a orquestra, parte do espaço fílmico, como complemento direto do que é visto em tela, artíficio que, se não grande dose de originalidade, aqui é muito bem executado.
A nova sequência também ganha pontos por valorar seus personagens coadjuvantes. Estes inserem elementos diferentes e amplamente satisfatórios ao filme. Portanto, Rebecca Ferguson possui tempo em tela suficiente para mostrar que não está para brincadeiras ou romances baratos na produção e, se não protagoniza, divide o posto de igual para igual com a grande estrela da obra. Simon Pegg e Jeremy Renner retornam do "Protocolo Fantasma", ambos com funções muito bem delimitadas pelo roteiro. Menos funcional, mas ainda sim bem-vindo, Ving Rhames também retorna com Luther, personagem que viveu na esquemática continuação de J.J Abrams.
Somente um dos maiores calos da franquia retorna a doer em Nação Secreta: o vilão. Não que Sean Harris tenha "ido de mal a pior" na pele de Lane, mas o personagem é uma caricatura, soando banal, pouco interessante e nada marcante. Irônico, pois vai de encontro ao que o próprio filme o é: memorável por triunfar como um blockbuster de roteiro digno, muito bem realizado, e com sequências de tirar o fôlego. Literalmente.
AVALIAÇÃO: MUITO BOM
Saiba mais detalhes sobre a produção, assistindo a matéria no programa abaixo:
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