O mal-estar político causado pela devolução da MP 669 ao governo, anunciada na terça-feira (3) pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, promoveu um dia de aversão ao risco nos mercados, o que se traduziu em perda para a Bovespa nesta quarta-feira (4). As ações das empresas estatais, sobretudo Petrobras e Banco do Brasil, foram as mais prejudicadas por esse embate, enquanto os papéis da Gerdau se destacaram em alta após um balanço favorável.
O Ibovespa terminou o dia em baixa de 1,63%, aos 50.468,05 pontos, menor patamar desde 13 de fevereiro, quando encerrou em 50.635,92 pontos. Na mínima, marcou 50.399 pontos (-1,76%) e, na máxima, 51.303 pontos (estável). No mês, a bolsa tem perdas de 2,16% e, no ano, alta de 0,92%. O giro financeiro totalizou R$ 6,536 bilhões, puxado sobretudo por venda de estrangeiros.
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O mercado já estaria hoje voltado para o primeiro dia de encontros da equipe da Standard & Poor's com a equipe econômica para reavaliar o rating do Brasil. Depois do rebaixamento da nota da Petrobras pela Moody's para grau especulativo, criou-se um nervosismo de que o mesmo possa acontecer com a economia, diante da dificuldade em se implementar um ajuste fiscal em um cenário de números desoladores.
Assim, o recado que Renan Calheiros quis dar ao governo ao não ver atendidas reivindicações suas foi muito mais duro do que gostaria o Planalto, que teve que se apressar para enviar um projeto de lei com o mesmo teor da MP 669 - e com regime de urgência - ao Congresso Nacional.
Calheiros também seria um dos nomes incluídos na Lista de Janot, com 54 pessoas que devem ser investigadas pelo Supremo Tribunal Federal por participação em irregularidades. O relator do cargo no STF, ministro Teori Zavascki, deve tirar os sigilos dos inquéritos até a próxima sexta-feira.
Durante a tarde, o governo, por meio do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas, tentou minimizar qualquer crise com o Congresso. Mas os investidores preferiram ficar na defensiva, sobretudo os estrangeiros, visto na porta de saída hoje.
A sessão, no entanto, teve destaques positivos, como Gerdau, que agradou com seu balanço do quarto trimestre. O lucro líquido da Gerdau somou R$ 393 milhões no quarto trimestre do ano passado, queda de 20,1% em relação ao observado um ano antes. Apesar do recuo, o número superou as expectativas dos analistas e, por isso, levou os investidores às compras das ações da empresa. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, o lucro da siderúrgica cresceu 50%. No ano, o lucro chegou a R$ 1,488 bilhão, queda de 12,2%.
Gerdau PN subiu 4,51% e Metalúrgica Gerdau PN, 4,27%. Ainda no setor, Usiminas PNA avançou 3,50% - as três maiores altas do índice. CSN ON ficou estável.
PDG ON caiu 6,67% e liderou as perdas do Ibovespa, seguida por Estácio ON (-5,93%) e MRV ON (-5,63%). Petrobras, BB e Eletrobras também estavam nesta lista.
Petrobras terminou nas mínimas, com a ON em baixa de 3,79% e PN, de 4,06%. BB ON também fechou no menor preço da sessão, com recuo de 5,04%. Eletrobras PNB, -3,89%, e Eletrobras ON, -2,13%.
No mercado externo, as bolsas se encaminham para um fechamento em baixa, após dados fracos do mercado de trabalho da ADP. O Livro Bege não trouxe novidades e não conseguiu ajudar na recuperação dos índices. Às 17h33, o Dow Jones caía 0,56%, o S&P, 0,38% e o Nasdaq, 0,17%.