As constantes denúncias de políticos envolvidos com escândalos de corrupção têm deixado os eleitores do Recife e mais quatro cidades da Região Metropolitana – Olinda, Paulista, Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes – irritados com a classe. De acordo com uma análise feita pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), encomendada pelo Portal LeiaJá em parceria com o Jornal do Commercio, 79,5% da população tem conhecimento sobre os atos ilícitos da categoria e 19,4% diz estar alheia ao cenário.
Dos mais de 79% dos entrevistados, o que mais chama atenção são as punições que eles sentem vontade de conceder a cada político que articula, por exemplo, para o recebimento de propinas, como é o caso dos envolvidos com a Lava Jato, esquema de irregularidades nos contratos da Petrobras. De acordo com a pesquisa, a maioria (24,6%) defende a prisão dos corruptos, mas outra parcela (23,2%) tem uma concepção mais dura de punição e deseja matar, decapitar ou explodir a classe.
##RECOMENDA##Mais de 12% acredita que não votar é a melhor medida corretiva, 8% querem retirá-los dos cargos e 5,4% afirmam que mudar de cidade seria a melhor solução. Apesar das opções mais rígidas, o espírito de piedade para com os que cometem atos ilícitos também é mencionado quando 1,4% dizem sentir vontade de orar por eles.
O cenário também reflete no interesse da população pelo assunto. Apenas 19,5% dizem gostar de política e 15,8% estão interessados no debate. Em contrapartida, 80,5% dos entrevistados não gostam da área e 84,2% não se interessam por política. O índice negativo também é grande quando o quesito é irritabilidade. Mais de 80% dos entrevistados afirmam estar irritados com os políticos, enquanto 18,7% pontuam que não sentem nada.
Boa parcela desta irritação também tem haver com a crise econômica instalada no país. Dos que responderam ao IPMN, 86,5% acreditam que existe uma instabilidade da economia no Brasil e deles 89,5% disseram que a crise tem os deixado irritados com os políticos. Para 57,2% dos entrevistados, a crise prejudicou muito a vida deles; 35,8% o impacto foi pouco e 6,9% não sentiu o declínio econômico nacional.
“O impacto da crise é forte na política. As pessoas responsabilizam os políticos pela instabilidade do país e observam as seguidas denúncias de envolvimento deles em atos de corrupção. Os eleitores estão de fato com raiva dos políticos”, observa o cientista político e coordenador do IPMN, Adriano Oliveira.
A pesquisa foi a campo nos dias 25 e 26 de julho para analisar a cultura política dos eleitores. O IPMN ouviu 816 pessoas dos municípios de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista e Cabo de Santo Agostinho. O nível de confiança do levantamento é 95% e a margem de erro estimada de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos.
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