Doze pessoas morreram carbonizadas nesta terça-feira, 17, em acidente na BR-267, município de Nova Andradina, a 298 quilômetros de Campo Grande. Uma carreta Iveco com placas de Douradina (MS), carregada de carne industrializada (charque), bateu de frente numa van Renault, de Três Lagoas (MS), ocupada por 11 pessoas, que morreram na hora. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), com o impacto, os dois veículos foram para acostamento em chamas. Apenas duas pessoas, que estavam na carreta, foram resgatadas com vida. Outras duas pessoas, arremessadas para fora da van, também morreram no local, assim como o motorista do caminhão.
Segundo o patrulheiro Marcos César da Silva, da PRF, o acidente ocorreu no quilômetro 148 mais 300 metros, no distrito de Nova Casa Verde, município de Nova Andradina, por volta das 4 horas (horário local). "Possivelmente a carreta, que seguia no sentido Campo Grande-São Paulo, invadiu a pista contrária e bateu frontalmente na van. Foi horrível porque a carreta praticamente entrou no interior da van e ambas pegaram fogo. As pessoas não tiveram como sair dos veículos e morreram carbonizadas", disse.
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A carreta era dirigida por Miguel Benites Meireles, de 38 anos, que morava em Dourados (MS) e levaria a carga de charque para o Nordeste. A polícia suspeita que ele tenha dormido e por isso perdera o controle do veículo, invadindo a pista contrária. A mulher dele, Ilda Silva de Oliveira, de 38 anos, e um sobrinho de 16, foram salvos e estão internados, fora de perigo, no Hospital Regional de Nova Andradina. Segundo o hospital, as duas vítimas sofreram apenas escoriações e devem ter alta nas próximas 48 horas.
A van era ocupada pelo motorista e dez comerciantes de um shopping popular (camelódromo), com 108 lojas, de Três Lagoas (MS), cidade na divisa com São Paulo. Eles costumavam viajar para compras no Paraguai duas vezes por semana. "Não houve condições de fazer o reconhecimento das vítimas porque os corpos estavam irreconhecíveis. Usamos uma lista fornecida pelo pessoal do shopping de Três Lagoas para divulgarmos os nomes das pessoas que estavam na van", disse Silva. Apenas três vítimas haviam sido reconhecidas até às 16h30 e duas delas seriam liberadas ainda na terça-feira. Como o Instituto Médico-Legal (IML) de Nova Andradina não tem recursos, amostras seriam enviadas a Campo Grande para realização de exames de DNA para identificação das vítimas. Os resultados dos exames podem demorar três dias.
Testemunhas disseram que as chamas altas impediram qualquer tentativa de socorro das vítimas, que não conseguiram sair de dentro da van. Duas vítimas foram arremessadas para fora do veículo, mas também morreram no local. Segundo o sargento Marcelino Piffer, dos bombeiros de Nova Andradina, quando a viatura de socorro chegou ao local, as vítimas já estavam carbonizadas e o caminhão ainda em chamas.
O sargento Donizete Martins do Nascimento, do Corpo de Bombeiros de Três Lagoas, foi um dos primeiros a chegar ao local. Ele decidira levar o filho Rafael, de 23 anos, de carro para o Paraguai. Dono de uma loja, Rafael viajava sempre com a van para as compras e desta vez levaria a mãe. "Meu filho disse que estava com um mau pressentimento e que não queria ir de van. Então me pediu para levá-lo de carro, e como eu estava de folga, concordei."
Nascimento e o filho chegaram ao local do acidente antes mesmo das equipes de socorro. "Eu não sabia que era da van de Três Lagoas. Vi dois corpos do lado de fora e fui socorrê-los. Vi outros, dentro dos carros, que estavam carbonizando, já estavam mortos. Mas só quando olhei documentos das vítimas que socorri, constatei que eram amigos nossos e então pude perceber que era a van em que meu filho deveria estar nela", contou.
"Foi um choque", afirmou. "Quando a gente socorre vítimas de incêndio que não conhecemos é uma coisa, mas quando se trata de amigos e parentes, é outra coisa", completou. "Estou agradecendo a Deus por ter protegido meu filho e pedindo a Ele que dê conforto para as vítimas que se foram", completou Nascimento.
O acidente chocou os moradores de Três Lagoas, cuja prefeita, Márcia Moura (PMDB), decretou luto oficial por três dias. O sepultamento coletivo estava marcado inicialmente para esta quarta-feira, 18, com velório no Ginásio Municipal de Esportes de Três Lagoas. No entanto, como há necessidade de realização de testes de DNA para identificação das vítimas, o enterro pode ser adiado.