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A ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta sexta-feira (14) que desconfia das declarações do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. Em depoimento em setembro ao Ministério Público Federal, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, Marcos Valério disse que sofreu ameaças por parte de petistas e que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia do esquema do mensalão.

"Você vai perguntar para uma mineira se vai acreditar em alguma coisa? A minha característica é desconfiar de todo mundo", disse a ministra durante conversa com jornalistas na manhã desta sexta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além de integrar o STF ela preside o TSE. Para Cármen Lúcia, só se houver uma "prova cabal" da existência do risco à integridade de Marcos Valério é que deve ser dada proteção ao publicitário que foi condenado a mais de 40 anos de prisão por operar o mensalão. "A proteção de qualquer brasileiro só ocorre se existir uma prova cabal de que ele realmente corre risco", declarou.

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A ministra disse que a condenação dos mensaleiros deverá ser publicada num prazo de até 60 dias após o final do julgamento do processo. Mas não é possível saber quando o julgamento acabará dentre outros motivos porque a votação ficou paralisada nos últimos dias por causa de problemas de saúde que levaram o decano da Corte, Celso de Mello, a ser internado.

Cármen Lúcia afirmou que não acredita que haverá uma crise entre o Judiciário e o Legislativo se o STF determinar a perda dos mandatos dos três deputados federais condenados por envolvimento com o mensalão. "Eu não acredito em crise. Seria muito artificial", disse. "Também não acredito em descumprimento de decisão judicial de jeito nenhum", completou. Para ela, ninguém aguenta mais o julgamento, que começou em agosto.

Após a publicação da decisão, os réus poderão recorrer ao STF para tentar modificar o veredicto. A ministra explicou que eventuais recursos dos condenados poderão ser julgados separadamente. Se isso realmente ocorrer, é possível que eles iniciem o cumprimento das penas em datas distintas.

De acordo com Cármen Lúcia, é necessário encontrar uma solução para o excesso de recursos processuais possíveis. "Esse é o problema do Brasil: os recursos se multiplicam e o processo se eterniza." Segundo ela, às vezes a demora é favorável à parte perdedora no processo. Ela comparou esse fato a um jogo. O time que está ganhando quer que o jogo acabe logo e o que está perdendo quer que ele se alongue.

Cármen Lúcia defendeu o sistema brasileiro de indicação de ministros para o STF. O jurista é indicado pela Presidência da República e depois sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Em seguida, a escolha vai à votação no plenário do Senado. Mas, segundo ela, seria bom se os ministros tivessem mandatos. Atualmente eles podem ficar no tribunal até completar 70 anos de idade.

A ministra disse que o processo de indicação tem de obedecer o princípio da impessoalidade. O comentário foi feito após ela ter sido questionada sobre recente entrevista na qual o ministro Luiz Fux revelou bastidores do processo de indicação para o STF. "Acho que tudo isso é complicado mesmo. Eu não tive esse tipo de experiência. Acho que a indicação tem que ser o mais impessoal possível. Eu conheci o presidente Lula (responsável pela nomeação de Cármen Lúcia) só na hora da indicação", afirmou.

Brasília - O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse nesta quarta-feira (12) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca teve uma única despesa paga pelo ex-publicitário Marcos Valério nem o recebeu em seu gabinete. Segundo Carvalho, as declarações, publicadas ontem (11) no jornal O Estado de S. Paulo, que teriam sido feitas ao Ministério Público Federal em setembro, são “falácias” de uma pessoa que tenta, de forma desesperada, amainar sua pena.

“Fui chefe de gabinete do presidente Lula por oito anos. Sei quem entrou e quem deixou de entrar naquele gabinete. Esse senhor nunca pisou naquele gabinete. O presidente Lula nunca se avistou com esse senhor”, disse Carvalho após café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.

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O ministro, que é amigo pessoal do ex-presidente e foi seu chefe de gabinete durante dois governos, classificou o episódio como parte de uma campanha para “tentar fazer uma separação entre o presidente Lula e o povo brasileiro”.

Segundo Carvalho, os membros do PT que cometeram erros na relação com Valério já foram devidamente julgados e penalizados. “Quem os praticou, quem teve algum tipo de relação com o senhor Marcos Valério e se contaminou, e teve problema por isso, já foi devidamente julgado no processo que está se encerrando lá no Supremo [Tribunal Federal]”.

O ministro disse que as declarações de Valério não atingem Lula. “Não estamos preocupados porque o [ex-] presidente Lula não tem nenhuma participação e sequer conhecimento da maioria desses fatos que são agora arrolados”.

O presidente do PT em Pernambuco e deputado federal, Pedro Eugênio comentou que as acusações feitas por Marcos Valério não têm fundamento e refletem o desespero de um réu que já foi julgado e condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“Marcos Valério faz acusações sem fundamentos. Ele teve oportunidade no decorrer do processo e agora depois que é julgado e condenado procura o Ministério Público Federal (MPF) e faz essas declarações sem apresentar provas,” comentou Pedro Eugênio.

Questionado sobre as motivações que levaram Marcos Valério a procurar o MPF, Pedro Eugênio afirmou que não viu o teor do depoimento, mas acredita que o operador do mensalão tem motivações pessoais e o interesse em diminuir as penas na qual foi condenado.

“Não sei se ele quer atingir somente o PT com essas declarações e não sei os reais motivos que o levaram a procurar o MPF nesse exato momento. Mas não devemos considerar uma declaração como essa, de alguém que só busca subterfúgios depois que foi condenado”, defendeu o presidente estadual do PT em Pernambuco.

Ao prestar depoimento no MPF, Marcos Valério contou ter repassado dinheiro para a campanha em que o atual senador de Pernambuco, Humberto Costa (PT) disputava o governo do estado em 2002.

O senador Humberto Costa (PT) divulgou uma nota se defendendo das acusações de ter recebido verba do mensalão para financiar sua campanha ao governo de Pernambuco em 2002. De acordo com o petista, o processo que está no supremo não citou o seu nome e as declarações do empresário Marcos Valério não correspondem à verdade. Os relatos do operador do mensalão ao Ministério Público dão conta de que ele teria repassado dinheiro para financiar a campanha de Costa ao governo de Pernambuco em 2002

 

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NOTA DO SENADOR HUMBERTO COSTA

O Senador Humberto Costa esclarece: 

- as contas de todas as suas campanhas, inclusive aquelas relativas à eleição de 2002, são de acesso público e foram devidamente aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE/PE), onde qualquer cidadão pode saber sobre a origem e a destinação dos recursos usados por Humberto Costa nas suas disputas eleitorais; - especificamente quanto à campanha de 2002, a participação de Humberto Costa naquele pleito eleitoral se encerrou sem nenhuma pendência, com todas as dívidas quitadas por meio do uso de recursos de origem legítima, conforme informado ao TRE/PE;

- o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios em nenhum momento cita o nome de Humberto Costa

- também no processo em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), a Ação Penal 470, não há qualquer referência a Humberto Costa.

Portanto, o Senador Humberto Costa refuta qualquer tentativa de envolvimento do seu nome com qualquer irregularidade que seja. E se coloca à disposição para contestar, por meio das suas prestações de contas, acusações absolutamente infundadas, como é o caso.

O ministro Marco Aurélio Mello abriu na tarde desta quarta-feira (5) divergência no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) e propôs a redução da pena do operador do mensalão, o empresário Marcos Valério, em quase 30 anos de prisão. Por oito condenações, a Corte havia fixado a pena dele em 40 anos, 4 meses e 6 dias de prisão. Marco Aurélio, contudo, votou pela unificação de todas as condenações de Marcos Valério no processo, excluindo apenas dessa conta a punição por formação de quadrilha. Com isso, a pena final do operador do esquema ficou em 10 anos e 10 meses de prisão.

Antes de Marco Aurélio, o presidente do STF e relator da ação, ministro Joaquim Barbosa, manifestou-se contrariamente ao reconhecimento de que alguns dos crimes teriam sido cometidos uma única vez, ou seja, na forma de continuidade delitiva. Na prática, a proposta de Marco Aurélio, se aceita pelo colegiado, pode levar à redução das penas aplicadas até agora à maior parte dos condenados no julgamento.

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O ministro classificou como "estratosférica" a pena de 40 anos de prisão fixada a Marcos Valério. "O mentor da quadrilha, José Dirceu, foi condenado a 10 anos, enquanto Marcos Valério, seu instrumento, a 40 anos", criticou ele, ao ressaltar que o operador do mensalão, mesmo com a redução da pena, continuará a cumprir a pena inicialmente em regime fechado. Marco Aurélio continuava na tarde desta quarta seu voto em relação a outros condenados que, segundo a manifestação dele, devem ser beneficiados com a redução da pena.

O advogado Marcelo Leonardo, que defende o empresário Marcos Valério no processo do mensalão, afirmou nesta segunda-feira à Agência Estado que o Supremo Tribunal Federal (STF) deveria conceder redução para seu cliente por ele ter ajudado durante toda a investigação. Reportagem de O Estado de S. Paulo de hoje informou que os ministros da Corte começaram a discutir a diminuição das penas do operador do mensalão, condenado a 40 anos de prisão no processo. Na manhã desta segunda, o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, disse ser "viável" essa redução.

"Ele (Marcos Valério) efetivamente contribuiu com as investigações", afirmou o advogado do empresário, ao ressaltar que nas alegações finais do processo ele tinha feito esse pedido por entender que seu cliente foi um "réu colaborador". Marcelo Leonardo aponta como circunstâncias para a redução da pena de Valério o fato de ele ter fornecido no início do escândalo, em 2005, uma lista contendo o nome de beneficiários, valores de recursos sacados, documentos e recibos de pagamentos.

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O defensor do empresário argumenta ainda que seu cliente foi a "primeira pessoa" a mencionar que a origem dos recursos que abasteceram o esquema eram empréstimos bancários, tendo apontado o nome das instituições e os valores das transações. Além disso, Marcelo Leonardo lembrou que Valério prestou "n" depoimentos sobre o caso.

Para o advogado de Valério, o Ministério Público e a Polícia Federal iniciaram as investigações a partir das informações apresentadas pelo empresário, levando até o oferecimento da denúncia criminal. "Não tem nenhum nome que não constava na lista", destacou.

Marcelo Leonardo disse que o STF ainda não concluiu a dosimetria da pena a ser cumprida pelo operador do mensalão. O ministro Marco Aurélio Mello, lembrou, ainda não apresentou seu voto em relação à pena de corrupção ativa pela compra de apoio político dos partidos da base aliada e da evasão de divisas. O advogado disse que o tribunal não avaliou se Valério seria um réu colaborador, o que poderia levar à redução da pena em até dois terços.

Por último, observou a defesa de Valério, os ministros também não definiram se vão acolher o pedido para considerar os crimes contra a administração pública praticados pelo empresário como um único delito cometido em continuidade delitiva. Dessa forma, a pena por esse único crime poderia gerar um agravante de até dois terços. Pelas contas do advogado, uma pena de 25 anos de prisão por condenações de corrupção ativa e peculato poderia cair para 8 anos.

"Não estou alegando nada de novo", afirmou Marcelo Leonardo. Questionado se o novo depoimento de Valério em setembro ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, poderia influenciar a disposição dos ministros de diminuir a pena do empresário, o advogado respondeu: "Sobre esse assunto, digo uma frase: não tenho nada a declarar".

A oposição cobra a abertura de inquérito para apurar a suposta conexão entre o valerioduto e o caso Santo André, denunciada pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza em depoimento à Procuradoria Geral da República (PGR). Para líderes de PSDB, PPS e PSOL, as declarações do operador do mensalão impõem nova investigação sobre esquema de corrupção na gestão do prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002, e a possível participação de outros personagens, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de hoje revela que, no depoimento, Valério disse ter enviado recursos a Santo André, após a morte de Celso Daniel, para estancar chantagens a petistas. A edição desta semana da revista "Veja" relata que o empresário de ônibus Ronan Maria Pinto estaria ameaçando, em 2003, dizer em público que Lula e o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, seriam beneficiários dos desvios.

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Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), as afirmações de Valério ligam dois grandes escândalos e reforçam a versão de crime "político". "A investigação é necessária para esclarecer (as denúncias) e, se forem consistentes, buscar a responsabilização criminal. É a primeira vez que se noticia a ligação entre o mensalão e o assassinato, um crime insolúvel", comentou.

Celso Daniel foi sequestrado e morto em janeiro de 2002. A Polícia Civil concluiu que se tratou de crime comum, mas o Ministério Público de São Paulo sustenta que o prefeito foi assassinado por tentar acabar com o esquema de desvios.

O PPS incluirá as declarações sobre Santo André em representação a ser encaminhada ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, na qual pede investigação sobre Lula. "Indica-se que a quadrilha condenada no Supremo tem ramificações de toda a ordem", afirma o líder do partido na Câmara, Rubens Bueno (PR).

O líder do PT na Casa, Jilmar Tatto (SP), defende que não se dê "credibilidade" às acusações de Valério. "Ele não tem credibilidade mais, se é que teve um dia. Vai para a cadeia e fala isso tudo por este motivo", diz o petista. Tatto afirma que o caso de Santo André já foi apurado, sem ter sido provado o envolvimento de integrantes do PT no crime. "Quebraram sigilos bancário e telefônico e não acharam nada. Temos de virar a página".

Para o líder do PSOL no Senado, Randolfe Rodrigues (AP), o PT tenta transformar a situação em batalha política: "O melhor caminho é o do esclarecimento, e não o da desqualificação do denunciante".

Reportagem publicada pela revista Veja que chega às bancas esta semana afirma que o empresário Marcos Valério, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participação no esquema do mensalão, teria sido procurado por integrantes do PT, inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para negociar com pessoas supostamente envolvidas no assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002.

O relato de Valério, segundo a publicação, teria sido feito em depoimento ao Ministério Público na tentativa de obter um acordo de delação premiada, como forma de abrandar sua pena.

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No depoimento, Valério dissera ainda ter detalhes "comprometedores sobre a participação do ex-ministro Antonio Palocci na arrecadação de recursos para o caixa do PT", conforme a reportagem, e também informações sobre a origem do R$ 1,7 milhão apreendidos pela Polícia Federal no escândalo do dossiê dos aloprados, durante a campanha eleitoral de 2006.

A respeito do assassinato de Daniel, conforme diz o texto de Veja, Valério fora procurado pelo até então presidente Lula e por Gilberto Carvalho (atual secretário-geral da Presidência), que estariam sofrendo tentativa de extorsão de "figuras ligadas ao crime de Santo André - em especial, o empresário Ronan Maria Pinto, apontado pelo Ministério Público como integrante de um esquema de cobrança de propina na prefeitura".

A Valério, segundo a Veja, teria sido pedido que desse aos chantagistas o dinheiro que buscavam. Ainda de acordo com a revista, o empresário teria recusado o pedido. "Nisso aí, eu não me meto", teria dito em um encontro com Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT, e Ronan. O publicitário alegou que não aceitou "entrar no jogo", mas teria apontado um amigo pessoal de Lula de ter resolvido a questão, "utilizando-se de um banco não citado no esquema do mensalão".

Procurado, o ministro da Secretaria geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse por meio de sua assessoria, que não vai comentar o assunto "de tão ridículo". A avaliação do PT nos bastidores é de que o escândalo está sendo usado para prejudicar o ex-presidente Lula politicamente e que não cabe aos personagens citados no depoimento alimentar essa suposta campanha.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal afirmaram nesta quinta-feira (1) em conversas reservadas serem contrários à abertura de nova investigação sobre o esquema do mensalão antes que a dosimetria das penas dos condenados no caso seja concluída, sob o risco de haver "tumulto" no fim do julgamento.

O jornal O Estado de S. Paulo revelou nesta quinta-feira que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado a mais de 40 anos de prisão por operar o esquema de pagamentos de parlamentares no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prestou novo depoimento à Procuradoria-Geral da República.

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Valério foi espontaneamente a Brasília em setembro acompanhado de seu advogado Marcelo Leonardo. No novo relato, citou os nomes de Lula e do ex-ministro Antonio Palocci, falou sobre movimentações de dinheiro no exterior e afirmou ter dados sobre o assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel.

O empresário disse que poderá dar mais detalhes caso seja incluído no programa de proteção à testemunha, o que o livraria da cadeia. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ainda não decidiu se abrirá ou não uma nova investigação para apurar os relatos feitos por Valério.

"Seria até uma ingenuidade misturar as duas coisas", afirmou um ministro que pediu para não ser identificado. "E se for uma manobra dele? Não podemos ser ingênuos", afirmou o magistrado. Na própria Procuradoria-Geral, o novo depoimento de Valério foi recebido com ressalvas, já que o empresário é conhecido como "jogador" - já havia prometido depoimentos bombásticos em situações anteriores mas acabou não fazendo novas revelações.

Outro integrante do STF lembrou que "se o relato foi puramente oral, o préstimo é quase zero". Na opinião desse ministro, para que o depoimento seja levado a sério Valério precisa ter juntado documentos ou prestado informações objetivas "com coincidência de dados de outros fatos apurados pelo Ministério Público". "É necessário verificar se as datas fecham", afirmou o magistrado.

Sem efeito

Marco Aurélio Mello, único ministro que falou abertamente sobre o caso nesta quinta-feira, ironizou o fato de Valério ter prestado depoimento em setembro, quando o julgamento já estava em curso e o empresário recebia suas primeiras condenações. "A ficha pode ter caído um pouco tarde", afirmou Mello. "Essa postura de Marcos Valério é neutra, não repercute", disse o ministro.

No novo depoimento, Valério afirmou ainda que recebeu ameaças de morte. Por isso, encaminhou ao Supremo no dia 22 de setembro um fax, pedindo proteção a ele e à sua família.

Ministros do tribunal afirmaram que Gurgel deve adotar todas as medidas necessárias para resguardar a vida de Valério.

Sabe tudo

Um subprocurador-geral da República, com experiência de atuação na área criminal, disse não ver "nenhum problema de uma pessoa condenada prestar depoimento e abrir o jogo", como seria a promessa de Valério. Segundo esse integrante do Ministério Público Federal, é preciso avaliar a extensão do depoimento. Ainda de acordo com o subprocurador, Valério "está pagando sozinho, com pena alta".

Outro subprocurador disse que Gurgel adotará a postura certa caso deixe para avaliar o depoimento somente após o fim do processo do mensalão. "Depois que o processo já tem até condenação, seria o caso de abrir outro sobre o mesmo fato? Dá a impressão de que não se apurou direito." Ele disse que Valério pode ser beneficiado com reduções de penas em outras ações contra ele, se colaborar com as investigações.

O empresário de Belo Horizonte responde a dezenas de processos, entre eles o de participação no chamado mensalão mineiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Numa sessão marcada por embates entre o relator Joaquim Barbosa e o revisor Ricardo Lewandowski, os ministros calcularam a pena de Marcos Valério em 40 anos, 1 mês e 6 dias de prisão, além da multa que chega a R$ 2,78 milhões.  Nesta quinta-feira (25), a dosimetria será retomada com o voto do ministro Marco Aurélio Mello, que precisou sair mais cedo da sessão dessa quarta-feira (24). Ele irá se pronunciar sobre os crimes de corrupção ativa em relação aos partidos da base aliada e evasão de divisas.

Marcos Valério foi condenado por Valério foi condenado por corrupção ativa, lavagem, formação de quadrilha, peculato e evasão de divisas. Apesar de a pena ser parcial, pois será revisada no final do julgamento, já se sabe que ele deverá cumprir em regime fechado. O Código penal determina que isso ocorra em penas superiores a oito anos. O tribunal ainda decidirá se alguns dos crimes foram praticados em continuidade delitiva, o que pode reduzir um pouco a pena.

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O advogado do réu, Marcelo Leonardo, considerou um "absurdo" o resultado do julgamento. "O Supremo ainda não fixou em definitivo porque os ministros declararam que vão fazer uma revisão e reajuste. Mas o que está proposto é um absurdo e desarrazoado", disse o defensor. Ele ressaltou que a pena máxima prevista no sistema penal é de 30 anos e disse acreditar que o STF pode aplicar a tese do crime continuado ainda aos delitos de corrupção ativa e peculato. Com isso, as penas impostas ao réu ficariam abaixo deste teto. "O resultado ainda não é definitivo, mas é um resultado muito grave e muito severo", frisou.

Assim que concluir a votação das penas de Marcos Valério, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) começarão a definir as penas de Ramon Hollerbach, ex-sócio de Marcos Valério e  condenado por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, e formação de quadrilha.

O outro ex-sócio de Valério, Cristiano Paz, será o réu seguinte a ter as penas definidas. Ele foi condenado por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Confira abaixo as penas estabelecidas a Marcos Valério:

Quadrilha - 2 anos e 11 meses de reclusão (com base no artigo 288 do Código Penal);

Corrupção ativa - 4 anos e 1 mês de reclusão (com base no artigo 333 do Código Penal) e 180 dias-multa no valor de 10 salários mínimos vigentes à época (R$ 240), no total de R$ 432 mil;

Peculato (Câmara dos Deputados) - 4 anos e 8 meses de reclusão (com base no artigo 312 do Código Penal) e 210 dias-multa no valor de 10 salários mínimos vigentes à época dos fatos (R$ 260), no total de R$ 546 mil;

Corrupção ativa (Banco do Brasil) - 3 anos, 1 mês e 10 dias (com base no artigo 333 do Código Penal) e 30 dias-multa no valor de 15 salários mínimos vigentes à época dos fatosm chegando a R$ 108 mil;

Peculato (Banco do Brasil) - 5 anos, 7 meses e 6 dias de reclusão (com base no artigo 312 do Código Penal) e 230 dias-multa no valor de 10 salários mínimos cada, conforme valores de 2004 (R$ 260), chegando a R$ 598 mil;

Lavagem de dinheiro - 6 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão (com base no artigo 1º da Lei 9.613/98) e 20 dias-multa, estabelecido o dia-multa em 15 salários mínimos vigentes à época dos fatos, chegando a R$ 78 mil;

Corrupção ativa - 7 anos e 8 meses de reclusão (com base no artigo 333 do Código Penal) e 225 dias-multa de 10 salários mínimos, vigentes à época dos fatos, chegando a R$ 585 mil;

Evasão de divisas - 5 anos e 10 meses de reclusão (com base na Lei 7.492/86) e 168 dias-multa de 10 salários mínimos, vigentes à época dos fatos, chegando a R$ 436,8 mil.

Com informações da Agência Brasil e Estadão Conteúdo.

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou o julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão. Os ministros prosseguem com a fase final da ação, o cálculo das penas dos réus condenados, chamada dosimetria, iniciada nessa terça-feira (23).

O início da sessão foi marcado pela intervenção do advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, questionando as penas e os agravantes imputados até agora ao publicitário . “No caso do desvio da Câmara foram condenadas cinco pessoas. A fixação do valor será para um no total? Ou proporcional a todos os acusados?”, contestou.

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A Corte já avaliou três dos cinco crimes imputados ao publicitário Marcos Valério e fixou pena parcial de 11 anos e oito meses de prisão. A legislação penal prevê regime fechado para pena acima de oito anos de prisão. Considerado o principal articulador do esquema conhecido como mensalão, Marcos Valério é o primeiro réu cujas penas estão sendo fixadas pelo Supremo.

Confira placar das penas já fixadas para o réu Marcos Valério (publicitário):

Capítulo 2 – Formação de quadrilha

1) Formação de quadrilha : 2 anos e 11 meses de reclusão

Capítulo 3 – Desvio de dinheiro público

1) Câmara dos Deputados

a) corrupção ativa (pagamento de R$ 50 mil para favorecimento da SMP&B): 4 anos e 1 mês de reclusão + 180 dias-multa no valor de dez salários mínimos vigentes à época (R$ 240), totalizando R$ 432 mil, a serem atualizados monetariamente;

b) peculato (contrato da SMP&B): 4 anos e 8 meses de reclusão + 210 dias-multa no valor de dez salários mínimos vigentes à época dos fatos (R$ 260), totalizando R$ 546 mil, a serem atualizados monetariamente.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou na segunda-feira (17) que o empresário e réu do processo do mensalão Marcos Valério Fernandes de Souza é um "jogador" e que as declarações dele devem ser analisadas com cuidado e cautela. Reportagem publicada pela revista Veja sustenta que Marcos Valério teria dito a pessoas próximas que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria "fiador" do mensalão.

Lula não foi denunciado pelo Ministério Público Federal e, portanto, não é réu no processo em julgamento no STF. Segundo Gurgel, se houver indícios para um processo contra Lula, ele seria instaurado em primeira instância, já que o ex-presidente não tem foro privilegiado. Gurgel voltou a afirmar que no fim do julgamento vai insistir na prisão imediata dos condenados. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse há pouco, ao chegar para almoço em apoio à candidatura Fernando Haddad, em São Paulo, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca esteve com Marcos Valério, publicitário acusado de ser o operador do mensalão. Reportagem da revista Veja desta semana diz que Valério afirmou que Lula sabia do esquema do mensalão. "Até onde eu sei Lula nunca esteve com Marcos Valério", afirma Wagner.

O governador baiano disse que não leu a revista, mas que ficou sabendo da reportagem na sexta-feira (14) à noite, junto com Lula, após um comício em Salvador. Na manhã seguinte ambos viajaram para Feira de Santana (BA), para compromissos de campanha.

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Sobre o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), Wagner foi taxativo: "O que deveria ser um julgamento frio acabou sendo apimentado." Ele, no entanto, disse que o caso não afeta negativamente a campanha de rua do PT. "As condenações não são do PT e sim de pessoas do partido", afirmou. De acordo com ele, o julgamento político do PT ocorreu em 2006, quando o presidente Lula foi reeleito para mais quatro anos de governo. "Eu não sinto na campanha de rua influência do mensalão", declarou.

Há pouco chegou ao evento o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Lula e demais políticos estão em um camarote, longe da imprensa.

O PSDB examina pedir investigação ao Ministério Público para apurar suposta participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema de compra de votos em troca de apoio ao seu governo, depois das últimas revelações atribuídas ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza de que Lula era o chefe do mensalão, conforme reportagem publicada pela revista Veja.

Lideranças de partidos de oposição trataram as declarações como a confirmação de fatos que eram tratados antes como evidências. Na oposição, há a expectativa de que novas revelações e detalhes do esquema virão à tona por outros réus que esperavam proteção do esquema de corrupção, mas que estão sendo condenados no julgamento do processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). "A perspectiva de prisão vai soltar a língua de muita gente", afirmou o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).

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"Isso é explosivo. É a primeira vez que as suspeitas se confirmam pelo depoimento da figura central que é Marcos Valério. Essas revelações publicadas, se confirmadas pelo depoente, amplificam os limites sugeridos por Marcos Valério no processo do mensalão", afirmou o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN). Na avaliação do líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), ninguém monta um esquema de arrecadação como o do mensalão sem uma forte garantia.

"Em um esquema criado no coração do governo é evidente que o presidente sabia e avalizava. Nós sabíamos que José Dirceu (ministro da Casa Civil) operava e que Delúbio (ex-tesoureiro Delúbio Soares) distribuía o dinheiro, com a orientação do presidente", disse. "A garantia era o presidente. Marcos Valério não ia entrar nessa sem essa garantia", completou.

O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), ao analisar uma representação no Ministério Público contra Lula, argumentou que todos os fatos devem ser esclarecidos. "Denuncia contra qualquer pessoa, da mais importante à mais humilde, deve ser apurada sem qualquer prejulgamento. É importante que tudo fique claro o mais breve possível, inclusive o que envolva o ex-presidente Lula", afirmou Guerra.

PT reage

O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), desqualificou as declarações atribuídas por Marcos Valério na reportagem da revista Veja. Ele disse que o povo conhece Lula. "Vão quebrar a cara aqueles que querem tentar envolver o presidente Lula nesse processo. O presidente Lula teve um procedimento correto. O povo brasileiro sabe quem é Lula e o que ele fez de bom", defendeu o petista, descartando impacto político das declarações atribuídas a Valério na proximidade das eleições.

Tatto afirmou que Marcos Valério teve várias oportunidades - quando a denúncia foi feita ou quando prestou esclarecimentos ao Ministério Público - para contar o que sabia. "Se ele não o fez antes, é porque agora está mentindo", disse Tatto. "É uma fala de um réu, de uma pessoa que está na iminência de ir para a cadeia. A credibilidade não existe. É a fala de quem está desesperado e tenta envolver outras pessoas de bem", completou Tatto.

A revista Veja desta semana traz novas revelações sobre o esquema ilegal de financiamento de partidos em troca de sustentação política do governo, conhecido como Mensalão. Segundo a publicação, o empresário Marcos Valério - que já foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro, corrupção ativa e peculato, e que ainda será julgado por evasão de divisas e formação de quadrilha - tem se queixado a pessoas próximas, identificadas como parentes, amigos e associados, que está arrependido de ter trocado seu silêncio no início do processo por uma garantia de pena branda, o que está cada vez mais improvável.

Segundo essas revelações que teriam sido feitas a terceiros, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria "no epicentro do escândalo" e teria "se empenhado pessoalmente na coleta de dinheiro para a engrenagem clandestina". O controle da contabilidade cabia ao então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, outro réu no processo do Mensalão. O ex-ministro José Dirceu, segundo a reportagem, avalizava a negociação. Também segundo essas revelações, o montante do esquema era maior que os R$ 55 milhões que a SMP&B tomou junto aos Bancos Rural e BMG e do que os R$ 74 milhões que teriam sido desviados da Visanet. O esquema teria injetado R$ 350 milhões no caixa do partido.

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Ainda segundo a revista, Valério conta a essas fontes próximas que seu contato com o PT se dava via Paulo Okamoto e que Delúbio Soares "dormia no Alvorada". Segundo a revista, Lula e Okamoto foram procurados pela reportagem, mas não se pronunciaram. (Equipe AE)

O ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão, votou pela condenação do publicitário Marcos Valério pelo crime de lavagem de dinheiro. O ministro considerou Valério como um dos responsáveis pela "circulação clandestina de recursos de origem ilícita" que abasteceram o esquema de saques de políticos. Anteriormente, o relator Joaquim Barbosa havia votado pela condenação do publicitário pelo crime.

O ministro disse que o Ministério Público conseguiu comprovar, por meio de "centenas de documentos", a clandestinidade das operações. O revisor citou o laudo do Instituto Nacional de Criminalista da Polícia Federal, que faz menção expressa do envolvimento do publicitário. "Acho que está bem claro que Marcos Valério foi um dos artífices de toda essa trama", destacou.

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Segundo o revisor, Valério admitiu, em depoimento prestado à Justiça, que a sistemática do pagamento de recursos foi decidida em conjunto com a cúpula do Rural. O ministro lembrou que, ao contrário do que alegou a defesa de vários réus na ação, a maior parte dos documentos que comprovaram as operações de lavagem de dinheiro só foi descoberta após uma busca e apreensão determinada por ordem judicial.

O relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, retoma nesta segunda-feira (3) o julgamento - iniciado há exatamente um mês e um dia - com a análise dos empréstimos feitos pelo Banco Rural à direção do PT e às agências do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

As operações financeiras iniciadas em 2003, primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva, jogaram o então presidente do partido, José Genoino, no centro do escândalo de pagamento de parlamentares da base aliada lulista. Segundo a Procuradoria-Geral da República, o dinheiro dos empréstimos foi usado para comprar apoio de deputados. Os réus petistas dizem ter havido apenas caixa 2 de campanha.

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O relator analisará nesta fase do processo a conduta de dirigentes e ex-dirigentes do Banco Rural - o caso de Genoino será julgado numa etapa posterior. Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral, os empréstimos foram feitos para não serem pagos. O principal argumento da acusação é que não havia garantias tanto do PT quanto das agências de Marcos Valério de que a quitação poderia ocorrer.

Pelas expectativas de advogados que atuam na causa e, conforme reservadamente adiantam os ministros da Corte, dificilmente os ex-dirigentes do Rural serão absolvidos da acusação de gestão fraudulenta. A pena pelo crime varia de 3 a 12 anos de reclusão. Barbosa deve condenar os quatro réus: Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Ayanna Tenório e Vinícius Samarane. Na quinta-feira passada, 30, Barbosa já indicava a condenação, afirmando que os empréstimos foram "fictícios".

Na mesma quinta-feira, Barbosa afirmou que as operações de crédito não seguiram as normas estabelecidas pelo Banco Central. "O Banco Rural (…), sobretudo no que diz respeito às operações realizadas com o Partido dos Trabalhadores, a SMPB Comunicação Ltda. e a Graffiti Participações Ltda., não cumpria as prescrições do Banco Central", afirmou o relator do mensalão.

Depois de Barbosa será a vez dos outros ministros darem suas sentenças sobre esse item do julgamento. Não há expectativa de grandes divergências neste item, diferentemente do que ocorreu na primeira "fatia" do julgamento, que analisou os contratos firmados entre as agências de Marcos Valério e o Banco do Brasil, o fundo Visanet e a Câmara dos Deputados.

Os ministros protagonizaram duros embates e o clima pesou em algumas sessões. No fim, acabaram condenados o ex-presidente João Paulo Cunha, que posteriormente veio a renunciar a sua candidatura à prefeitura de Osasco, Marcos Valério e seus sócios nas agências e o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Também réu, o ex-ministro Luiz Gushiken foi absolvido.

"Núcleo político"

Genoino, que assinou os empréstimos com o Banco Rural, será julgado apenas nas próximas semanas, quando o STF iniciará a análise do chamado "núcleo político" do mensalão - o relator decidiu dar suas sentenças do caso por itens sob o argumento de "organizar" o julgamento.

Na defesa de Genoino, o advogado Luiz Fernando Pacheco alega que o cliente não controlava as finanças dos partido. Segundo ele, a tarefa competia ao tesoureiro da legenda na época, Delúbio Soares. O advogado disse que o nome de Genoino consta dos contratos de empréstimo apenas porque era presidente do PT. "Embora seja tarefa exclusiva do Secretário de Finanças a obtenção de recursos financeiros, competia também ao presidente do partido, por condição estatutária, a assinatura de tais empréstimos", acrescentou.

O Banco Rural sustenta que os empréstimos eram legais. A instituição destaca que o PT quitou o débito neste ano, após um acordo, e atribui a inadimplência das empresas de Marcos Valério à falência após o escândalo. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão, votou nesta quinta pela absolvição do publicitário Marcos Valério no que se refere a suposto favorecimento da agência SMP&B no contrato de publicidade institucional da Câmara dos Deputados. Em relação a esse contrato, o revisor livrou o publicitário dos crimes de corrupção ativa e peculato.

Nesta quarta, Lewandowski votou pela condenação do publicitário pelos crimes de corrupção ativa e de peculato em desvio de recursos cometidos no contrato de publicidade da DNA Propaganda, outra empresa do grupo de Valério, com o Banco do Brasil.

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O ministro disse nesta tarde que, no caso da corrupção ativa em relação ao contrato da Câmara, o Ministério Público "não logrou êxito" em demonstrar que houve favorecimento à SMP&B. A empresa de Valério repassou R$ 50 mil para o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP). Segundo o MP, era propina. Mas o relator acatou a tese da defesa e considerou que o repasse serviu para bancar despesas de pesquisas pré-eleitorais.

Lewandowski também livrou Valério da condenação por peculato no caso do contrato de publicidade da Câmara. O MP sustentou que houve desvio de recursos nesse contrato. O revisor discordou. "Não foram encontrados indícios de que ocorreu terceirização fictícia", afirmou. "Não se pode cogitar de qualquer crime ou qualquer irregularidade administrativa", completou.

Pelos mesmos crimes, o ministro votou pela absolvição de Ramon Hollerbach e Cristiano Paz. O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, já votou por condenar Valério, Hollerbach e Paz por todos os crimes a que respondem. A sessão, encerrada no início da noite, será retomada na próxima segunda-feira.

O advogado Marcelo Leonardo pediu nesta segunda a absolvição do publicitário Marcos Valério por todas as acusações de desvio de recursos públicos atribuídas a ele. Na sustentação que faz no Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão, Leonardo disse que provas documentais, testemunhais e periciais comprovam sua tese de que Valério não desviou dinheiro público.

O defensor do publicitário rebateu as acusações de crimes cometidos por Valério em relação ao fundo Visanet. O Ministério Público sustenta que os recursos desse fundo são públicos porque o Banco do Brasil (BB) é acionista da instituição. "O fundo Visanet é um fundo privado", afirmou Marcelo Leonardo. Segundo ele, o ex-diretor de Marketing do BB Henrique Pizzolato não tinha poderes para sozinho antecipar repasses para a agência de publicidade de Marcos Valério.

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Outro ponto polêmico foi a questão do bônus volume, comissão destinada às agências de publicidade por fazer pagamentos a órgãos de mídia na hora de anunciar. O Ministério Público afirmou que a apropriação de recursos pela agência de Valério era ilegal. Mas o defensor do publicitário disse que, pela regra, nenhuma das empresas de publicidade que prestavam serviços para o BB jamais repassavam os valores do bônus volume.

O advogado Marcelo Leonardo repetiu em defesa de Marcos Valério no Supremo Tribunal Federal o argumento usado pela defesa de Delúbio Soares de que os recursos movimentados pelo esquema conhecido como mensalão eram para caixa dois de campanha eleitoral e não para compra de apoio parlamentar. Ele foi além e destacou que no "mensalão mineiro" a própria procuradoria retirou deputados e ex-deputados do processo por entender que o dinheiro repassado por Valério em 1998 era para campanhas, sendo, portanto, crime eleitoral, já prescrito.

"A Procuradoria-Geral da República, na investigação da campanha de Eduardo Azeredo (PSDB-MG), quando ofereceu o pedido de inquérito pediu arquivamento relativo a 79 deputados e ex-deputados que haviam recebido dinheiro alegando que era crime eleitoral", disse Leonardo.

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Ele afirmou que o esquema feito para aliados de Azeredo em 1998 foi similar ao operado por Valério junto com Delúbio para o PT e partidos governistas a partir de 2003. Leonardo destacou que um dos repasses admitidos por Valério foi para o diretório do PT do Rio Grande do Sul e, inclusive, motivou abertura de processo na Justiça Eleitoral gaúcha.

"O fato provado é o caixa dois de campanha eleitoral. Marcos Valério sempre disse em suas inúmeras declarações que Delúbio lhe afirmou que o PT tinha dívidas de campanha próprias e de outros partidos", disse o advogado.

Leonardo ressaltou ainda que não poderia haver condenação de Valério por corrupção ativa porque os recursos foram para partidos e não para servidores públicos, não podendo haver agente passivo de corrupção. Disse ainda que votações no Congresso mostram não ter ocorrido influência dos repasses feitos, que seriam apenas para saldar dívidas de campanha.

Em relação à formação de quadrilha, ressaltou que era sócio de alguns réus em empresas e patrão de outros. Para ele, essa associação não foi para cometer crimes e, portanto, não pode ser enquadrada como formação de quadrilha.

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