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"A Primavera" (Le Printemps), obra-prima de 1881 de Edouard Manet, foi vendida na quarta-feira por 65,13 milhões de dólares em um leilão da Christie's em Nova York, um novo recorde de preço para uma obra do impressionista francês.

A pintura, um retrato de perfil da atriz Jeanne Demarsy passeando com um guarda-sol para se proteger do calor, havia sido avaliada entre 25 e 30 milhões de dólares.

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O quadro pertencia à mesma família por mais de um século. Nos últimos 20 anos foi exibida, como um empréstimo, pela Galeria Nacional de Arte de Washington.

A obra é uma das duas figuras de um projeto que Manet não conseguiu concluir, que contemplava elaborar quatro retratos de belas mulheres representando cada estação. O artista morreu em 1883 e só conseguiu concluir "A Primavera" e "O Outono".

"A Primavera" foi adquirida por um comprador que estava na primeira fila e conseguiu superar as ofertas feitas por telefone, ao preço final de 65,13 milhões de dólares.

Até agora o preço máximo para uma obra de Manet (1832-1883) era de 33 milhões de dólares por um autorretrato vendido em 2010 em um leilão em Londres.

Depois de seduzir meio milhão de pessoas em Paris, a exposição Impressionismo e Moda abre suas portas na próxima semana no Museu Metropolitan (Met), em Nova York, com pinturas de mestres da época apresentadas pela primeira vez nos Estados Unidos. A filosofia da mostra é a mesma do Museu de Orsay em Paris: ilustrar as inúmeras facetas do diálogo entre a arte e a moda durante o período impressionista através de obras de Monet, Manet, Renoir e Degas - entre outros - e vestidos da época.

A comparação permite ver como estes grandes artistas refletiram em suas pinturas a evolução e a divertida audácia da moda feminina. O Metropolitan apresenta 80 obras, 16 vestidos - a maior parte americanos -, revistas de época consagradas a moda, acessórios, leques e chapéus.

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As estrelas da mostra são duas das três partes que sobreviveram do gigantesco Almoço na grama de Monet (1865-66), emprestadas pelo museu de Orsay e que nunca antes foram exibidas nos Estados Unidos, disse em entrevista à AFP o presidente do museu francês Guy Cogeval, presente em Nova York. Cogeval afirmou que a mostra do Met, intitulada Impressionismo, Moda e Modernidade é "radicalmente diferente" do Orsay em relação à sua "apresentação". "A seleção de pinturas não é a mesma", disse Susan Stein, curadora da famosa instituição nova-iorquina. "A maioria dos vestidos são diferentes, assim como os documentos expostos. E a organização da exposição é temática e cronológica", disse.

A mostra ocupa oito grandes salas, entre elas uma dedicada ao "vestido branco", outra ao "vestido preto", uma terceira a trajes masculinos e duas a cenas ao ar livre e à moda parisiense da época. O repouso de Manet (1871), que não foi exposto em Paris, é apresentado na sala "vestido branco", junto com Lise de Renoir (1867), ao lado de um esplêndido vestido de crinolina, armação usada para dar volume aos vestidos.

Na sala vizinha, O retrato da senhora Charpentier e suas crianças de Renoir (1878) aparece ao lado de um impressionante vestido preto de seda e A Parisiense de Manet (1875). O visitante também pode admirar Na estufa, de Albert Bartholomé (1881), exposto junto a um vestido de poá e listras violetas utilizado por sua mulher para este retrato. "A esposa de Bartholomé o conservou por toda sua vida com a pintura. Antes de morrer, deu a uma pessoa que mais tarde doou os dois ao Museu de Orsay", contou Guy Cogeval.

Após a exibição em Nova York, aberta até 27 de maio, a mostra, que levou quatro anos de preparação, será apresentada no Instituto de Arte de Chicago de 26 de junho a 22 de setembro. "Cinco anos atrás era uma ideia nova. Não era óbvio colocar pinturas tão importantes ao lado de vestidos. É sobre isso que muitos historiadores da arte refletiram", disse Cogeval.

Além de poucas críticas negativas,"o público compreendeu perfeitamente" a aposta, acrescentou, se considerados os 500.000 visitantes em Paris.

O pintor Édouard Manet, reconhecido como um dos artistas mais importantes do século 19 e considerado um dos mestres do impressionismo, é tema de uma grande exposição na Royal Academy of Arts, vitrine do circuito londrino que o menosprezou em vida. A exposição Portraying Life, inaugurada em janeiro, reúne retratos feitos pelo francês, que soube como poucos artistas traduzir as transformações da vida moderna.

A curadoria buscou telas espalhadas pelo mundo, incluindo duas do acervo do Masp: O Artista - retrato de Marcellin Desboutin e A Amazona - retrato de Marie Lefébure. Manet, apesar de ter crescido numa família de posses, que bancou suas viagens pela Europa para estudar arte, sofreu muitas vezes com o sentimento da rejeição. Em 1849, foi reprovado pela Escola Naval Francesa, depois de viajar até o Brasil num navio-escola.

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O pintor, em suas anotações, estranhou a desigualdade do país e elogiou a beleza do Rio e das mulatas. Uma década depois, foi esnobado na primeira tentativa de expor suas telas no Salão de Paris, o que se repetiria em outros anos. Vaidoso, Manet recusou vários convites para participar de exposições coletivas dos impressionistas, o que dificultou seu valor na época. O pintor, que morreu com apenas 51 anos, deixou um extenso acervo de obras (cerca de 400) e continua a provocar acesas disputas em leilão.

É por ser tão popular que a Royal Academy decidiu prolongar os horários das visitas às sextas e sábados e recomenda reservar o ingresso de 15 Libras (cerca de R$ 50) via internet, com horário marcado. É possível, pelo dobro do preço, ver os quadros domingo à noite, com menos frequentadores. A mostra Manet: Portraying Life, fica em cartaz até 14 de abril.

O parisiense Museu d'Orsay, templo da pintura impressionista, apresenta a partir desta terça-feira a exposição de 70 quadros de Manet, Monet, Renoir, Degas e Caillebote, entre outros, acompanhada de 40 vestidos utilizados por mulheres durante a época em que floresceu este movimento artístico, na segunda metade do século XIX.

A exposição, aberta até 20 de janeiro de 2013, é organizada de maneira conjunta pelo Museu d'Orsay, pelo Metropolitan Museum of Art de Nova York e o Art Institute de Chicago. O diretor de ópera Robert Carsen multiplicou o efeito das obras-primas impressionistas, que desfilam uma atrás da outra, como modelos.

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"Os impressionistas, apaixonados pela modernidade, se interesam pela moda, fenômeno que estava nessa época em pleno auge, com o desenvolvimento das revistas especializadas e das grandes lojas", diz Gloria Groom, curadora da exposição.

"Ao estudar seus grandes retratos de mulheres, me dei conta que pintavam roupas contemporâneas que podiam ser encontradas nos desenhos de moda", explica Groom, do Art Institute de Chicago.

A partir daí veio a ideia de utilizar o acervo do museu Galliera, vestidos que se aproximavam desses desenhos, revivendo as silhuetas de quem os usava.

Os impressionistas faziam posar as mulheres que os rodeavam, suas companheiras e amantes, mas o verdadeiro herói do quadro é o vestido, sua maneira de captar a luz, seus reflexos. Os pintores desse movimento eram especialistas em reproduzir a transparência da luz, seu resplendor fugidio.

Em "Mulher com papagaio" (1866), de Manet, a camisola rosa pálido de Victorine Meurent, modelo do pintor, provocou muitos comentários ao ser apresentada no salão de 1868. "Um rosado falso e raro", segundo o escritor Théophile Gautier, uma roupa "suave" para Emile Zola.

Manet conhecia bem a moda. Sua "parisiense" veste uma roupa preta com anquinhas, ajustada na cintura e adornada com um chapéu alto. Ela arrasta a cauda do vestido com segurança, deixando entrever suas botas.

Os impressionistas se interessam "pela mulher em movimento", diz Groom. Nos anos 1870, as crinoligas, anáguas usadas para armar os vestidos, eram rebaixadas na frente, enquanto na parte traseira eram infladas com almofadas. É o triunfo da silhueta em S, que se aprecia de perfil. O corpete ainda está lá para emprestar uma "cinturinha de vespa" às mais elegantes.

Albert Bartholomé pinta em "Invernar" sua esposa vestida com um traje de verão de algodão branco estampado com círculos e detalhes lilás. A roupa da senhora Bartholomé, exposta ao lado da tela na exposição, ostenta uma cintura de 32 centímetros.

A cor preta já estava na moda. No grande quadro "Senhora Charpentier e seus filhos", de Renoir, a esposa do célebre editor usa um traje amplo de muita elegância.

Com "Naná", Manet explora o que está por baixo. O corpete de cetim azul-céu da atriz que serviu de modelo, suas anáguas, seu salto alto, exibidos sob a atenção de um homem vestido, ofenderam a moral da época: o quadro foi rechaçado no salão de 1877.

Os trajes brancos florescem nos quadros ao ar livre. Para "Mulheres no Jardim" (1866), de Claude Monet, a companheira do pintor, Camille, veste quatro roupas diferentes para encarnar quatro mulheres em diversas poses.

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