Abordagem de moto, a cavalo, com arma de fogo e invasão às residências. Essas formas de roubos e assaltos têm sido verificadas com uma frequência quase que constante em Olinda. Assustada, a população tem apelado para a união entre os moradores para que, coletivamente, possam reforçar a segurança no local seja estreitando o elo entre si ou contando com o apoio policial da Companhia Independente de Apoio ao Turista (CIATur) do município.
Moradores montaram um grupo no Facebook com o intuito de mobilizar a população no intuito de, além de montar estratégias para driblar a insegurança e se protegerem. O Eu Morador de Olinda possui quase mil pessoas e, de acordo com Rodrigo Edipo, há também um grupo no WhatsApp onde relatos da violência são comunicados. “O Sítio Histórico era um lugar tranquilo, mas de uns quatro meses para cá tem ficado cada vez mais frequente a violência por aqui. Em apenas dois meses, somente entre a travessa e a Rua do Bonfim, foram registrados 40 assaltos”, aponta a alta estatística reportada pelos moradores.
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Sobre as modalidades dos crimes, os mais variados possíveis podem ser constatados, desde abordagem sem arma e a pé para roubar o celular ou mesmo ação utilizando cavalo. Assaltantes praticam os crimes fortemente armados ou mesmo com cacos de vidro. Dentre os casos mais preocupantes, estão os de agressão a mulheres e invasão a casas ocupadas, pegando os moradores completamente de surpresa.
“Teve o caso de uma senhora que estava no quintal de casa, às 6h da manhã, lendo, quando de repente um homem tocou no ombro dela e disse que havia pessoas atrás dele e pedindo ajuda para sair dalí”, contou a técnica em enfermagem, Evânia Serpa, explicando que a mulher precisou ser socorrida após o susto.
A advogada Katarine Araújo explicou que o grupo realizou um levantamento de porta em porta documentando os relatos dos casos de assalto sofridos pelos moradores do Sítio Histórico. Com isso, foi possível ver que não há um padrão na abordagem dos criminosos, tais como horários, arma usada e o que é roubado. “Nós procuramos ajuda com as secretarias na prefeitura e nunca fomos ouvidos. Com a CIATur nós temos um bom acesso, no entanto, falta estrutura também para eles”.
Além disso, Araújo, busca a justificativa para que o número de crimes na região tenha sido alavancado. “Os criminosos encontraram a vulnerabilidade daqui, afinal, os moradores, até os mais antigos, apontam que o Sítio Histórico não era assim. Até mesmo a arquitetura do lugar facilita, porque os muros não são altos, as portas das nossas casas são na calçada, os carros ficam nas ruas”, relata.
A iluminação precária das ruas e o não funcionamento das 16 câmeras de monitoramento do local, também podem ser uma lacuna que facilita a ação dos meliantes que agem tanto em grupo quanto sozinhos. “Nem mesmo os alunos dentro da escola estão livres disso. Os meus filhos saem de casa e eu não sei se vão voltar. Um dos meus filhos foi assaltado duas vezes no mesmo mês e, amigos deles, já relataram assaltos dentro da própria escola porque os criminosos pulam o muro, assaltam alunos e até mesmo professor”, aponta Evânia Serpa. Por conta disso, na última sexta-feira (5), os alunos da Escola Sigismundo Gonçalves, no Carmo, realizaram protesto com cartazes e pedidos de segurança.
Apesar das evidências, a insegurança não pode ser verificada nas estatísticas, pois na maioria dos crimes as vítimas não realizam Boletim de Ocorrência, não deixando claro para a polícia de que há vulnerabilidade no local. Por conta disso, os moradores do Sítio Histórico estão realizando uma campanha, distribuindo panfletos explicando sobre a necessidade do B.O e como ele pode ser feito.
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Contradição entre polícia e moradores
“Posso lhe garantir que o Sítio Histórico de Olinda é o local mais seguro da Região Metropolitana do Recife porque nós lançamos um efetivo lá que em muitos lugares da RMR não têm”, assegura o comandante da CIATur, Major Alano. Além disso, é alegado que as estatísticas de roubo, assalto e homicídio é mínima e “o que acontece é um aumento em todo o território e no local tem assaltos como em qualquer lugar”.
Como estratégia, o Major aponta que é feito um remanejamento do efetivo de acordo com a problemática do período e que no Sítio Histórico de Olinda são feitas rondas com quatro viaturas, durante as 24h, além de um efetivo de 112 agentes com escala de 12h por 36h. No entanto, os moradores alegam que as rondas são finalizadas às 23h e que, mesmo assim, não resolve o problema da população.
Prefeitura alega reunião com moradores
A Prefeitura de Olinda aponta que reuniões são realizadas com a população de acordo com a necessidade dela. No último dia 11 de maio, foi realizado um encontro entre moradores, CIATur e representantes da Secretaria de Segurança Urbana. É alegado ainda que a estrutura do bairro também é cuidada, como a troca imediata de lâmpadas quebradas propositalmente pelos bandidos a fim de facilitar suas ações. No entanto, foi apontado que a questão de segurança não é um papel direto da prefeitura, mas que ela deve acionar os órgãos competentes de acordo com as necessidades e que a CIATur e o órgão trabalham em parceria.
O resultado desse cenário são pessoas mudando hábitos, horários e se dizendo paranoicas. Além de tudo, preocupadas com os próximos meses, afinal, as prévias carnavalescas estão se aproximando e os riscos podem se ampliar. “Nós estamos pedindo mais segurança no Sítio Histórico porque a gente acredita que aqui é um lugar de todo mundo”, apela Katarine Araújo.