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Por meio de Medida Provisória assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, o Programa Universidade Para Todos (ProUni) sofreu alterações. Entre as mudanças, estudantes oriundos de escolas particulares não-bolsistas também podem participar da seletiva para concessão de bolsas em instituições de ensino superior privadas. O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Wagner Vilas Boas, falou sobre as modificações.

Em entrevista à emissora CNN, na última quarta-feira (8), ele ressaltou que a alteração é uma possibilidade de atender também àqueles que foram afetados economicamente durante a pandemia. “Nós tivemos a pandemia, que se arrasta por dois anos, tivemos aumento da evasão no ensino superior, vagas ociosas. E gente querendo entrar”, explicou.

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Além disso, de acordo com o secretário, a inclusão de alunos de escolas particulares é uma medida para preencher vagas ociosas do programa. "38% das vagas não foram preenchidas ao longo dos últimos 15 anos, desde quando o programa foi criado", disse o secretário.

"Precisamos deixar claro que o objetivo principal do ProUni é atender, justamente, essa população mais pobre, a população de baixa renda e isso não foi alterado. O ProUni visa atender, com bolsas de 100%, os estudantes que têm renda familiar per capita de, até, 1,5 salário mínimo e com bolsa de 50% os estudantes que têm renda per capita de, até, três salários mínimos. Isso não foi alterado. Portanto, o ProUni continua e continuará beneficiando a população mais pobre. Não houve alteração nesse ponto", ressalta Vilas Boas.

O secretário de ensino superior do MEC também aponta que, em 2020, 250 mil vagas não foram ocupadas, com uma pequena queda em 2021, com 180 mil vagas ociosas em todo o país. Com a MP, quem paga escola privada integralmente ou tem bolsa parcial, poderá concorrer a essas vagas.

Wagner Vilas Boas explica que esta categoria estudantil poderá pleitear a uma bolsa oferecida pelo ProUni "desde que o critério de renda dele seja atendido também. Então, nós estamos fazendo uma correção de rumos na política".

O governo está trabalhando para a criação de um programa para que famílias mais vulneráveis tenham acesso ao botijão de gás. Sem muitos detalhes, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou nesta quarta-feira, 28, que as medidas estão sendo discutidas em parceria com outras pastas do governo Bolsonaro e devem ser concluídas nos próximos dois meses.

"Estamos trabalhando junto com o Ministério da Cidadania e também com o da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, no sentido de atender essa população que não tem condições de adquirir um botijão de gás e tem que voltar a lenha", afirmou Albuquerque em entrevista à Rádio Bandeirantes. "É inadmissível e nós estamos trabalhando em um programa para que essas pessoas mais vulneráveis tenham acesso ao botijão de gás", disse.

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Na tentativa de frear os preços, o governo zerou o imposto federal do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha. O ministro, no entanto, ressaltou que ainda há o impacto dos tributos estaduais e dos encargos de distribuição.

"No que diz respeito ao GLP, o governo federal fez a parte dele do botijão de gás e zerou os impostos. O presidente colocou isso, é zero o imposto federal no que diz respeito ao GLP. Temos o imposto estadual e também outros encargos de distribuição. Isso tudo o presidente também encaminhou para o Congresso Nacional, que cabe efetuar a regulamentação da aplicação do ICMS", disse.

O ministro explicou que a medida não será especificamente similar ao programa Tarifa Social, que concede descontos nas contas de luz de famílias mais vulneráveis, mas terá o mesmo propósito. Até março, cerca de 11,9 milhões de famílias estavam inscritas para receber o benefício.

"Já existem cadastros bem consistentes de qual é o grupo de pessoas que temos que alcançar e é nisso que estamos trabalhando juntos com os ministérios da Cidadania, e temos prazo para concluir esses trabalhos, nos próximos dois meses provavelmente nós já teremos isso encaminhado e essas pessoas serão beneficiadas. Enquanto isso, estamos trabalhando junto com o ministério da ministra Damares Alves para que possamos, com medidas de apoio, de cesta básica também, de apoio para recebimento de GLP, atender essas pessoas que mais necessitam", disse o ministro.

A cobrança de impostos sobre patrimônio (IPTU e IPVA) e de contribuições previdenciária tende a consumir uma fatia maior da renda de famílias mais pobres do que no caso dos mais ricos, segundo estudo inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) obtido pelo Estadão/Broadcast.

O Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), embora tenha alíquotas que aumentam quanto maior é o salário, acaba perdendo o caráter progressivo nos estratos mais elevados da população, que têm isenção sobre lucros e dividendos.

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A chamada "regressividade" tributária (ou seja, quando o imposto pesa mais sobre os mais pobres) é analisada pelo pesquisador do Ipea Pedro Humberto Carvalho com base em dados de 57 mil domicílios obtidos pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), levada a campo pelo IBGE em 2008/2009 e 2017/2018.

Foram analisados quatro tributos: IPTU (municipal), IPVA (estadual), contribuição previdenciária e IRPF (ambos federais). Desse grupo, o mais regressivo, ou seja, que pesa muito mais no bolso dos mais pobres, é o IPVA.

Para saber se a estrutura do tributo é regressiva ou não, o pesquisador efetuou um recorte apenas dos domicílios que eram contribuintes efetivos de cada um dos tributos.

No estudo, Carvalho também traz sugestões de como atacar os problemas. O diagnóstico vem a poucos dias de a proposta de reforma tributária em tramitação no Congresso finalmente ganhar um parecer, após mais de um ano de trabalho da comissão mista e de discussões sobre incluir ou não Estados e municípios no alcance das mudanças. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), prometeu a divulgação do relatório na próxima segunda-feira, dia 3 de maio.

Regressividade

Entre os que recolhiam IPVA, o imposto consumiu 2,2% da renda de quem ganhava até três salários mínimos, porcentual que foi caindo até atingir apenas 0,7% de quem tinha ganhos superiores a 36 salários mínimos. Segundo Carvalho, a regressividade do IPVA já existia na POF de 2008/2009, mas se acentuou no período mais recente com o aumento da aquisição de motocicletas pelas famílias de classe mais baixa. Nos 43% domicílios mais pobres, 19% tinham motocicleta ou automóvel em 2008-2009, porcentual que saltou a 38% na década seguinte.

O maior problema, diz o pesquisador, é que o Supremo Tribunal Federal (STF) entende como inconstitucional a cobrança de alíquotas conforme a capacidade contributiva ou valor do veículo, o que tornaria o imposto mais progressivo (ou seja, pesaria menos para os mais pobres). Hoje, a diferenciação é permitida apenas de acordo com a classe do automóvel.

"Hoje tem seletividade, não progressividade. E não se tributa embarcações nem jatos ou aeronaves particulares. Os ricos acabam não pagando. Então, numa reforma tributária, seria possível ampliar a base de cálculo do IPVA", afirma. Uma iniciativa ao alcance de governadores para tentar amenizar a incidência sobre famílias de menor renda seria elevar as alíquotas e conceder descontos fixos a todos.

Imóveis

No caso do IPTU, os domicílios com renda de até três salários mínimos destinam 1,1% de sua renda ao pagamento do imposto, ante 0,7% entre quem ganha 12 salários mínimos ou mais.

Segundo Carvalho, muitas famílias não recolhem IPTU porque moram de aluguel, estão em área rural, são isentas ou podem estar inadimplentes. Mas o desenho do tributo acaba favorecendo de forma desproporcional aquelas que vivem em regiões valorizadas e, consequentemente, detêm patrimônio de maior valor.

"Para atualizar uma planta genérica de valores, o município precisa de aprovação da câmara, um processo político que ainda passa pelo crivo do judiciário. é muito difícil politicamente. Além de uma cobrança defasada, acaba sendo injusta", afirma. Para ele, uma solução seria prever na constituição reajustes periódicos na planta genérica de valores, a cada quatro anos, por exemplo.

A contribuição previdenciária também se mostrou regressiva, segundo o estudo. Famílias com renda de até três salário destinavam 4,5% à previdência, mais que os domicílios com renda superior a 36 salários (3,4%).

O IRPF é o único imposto que não mostrou estrutura regressiva. Até três salários mínimos, não há sequer incidência do tributo. Acima disso, o porcentual da renda destinada ao pagamento é de 2,9% até 12 salários mínimos, chegando a 9,1% acima de 36 pisos.

No entanto, há uma estagnação nessa progressividade quando se atinge o 1% mais rico da população. as principais causas, segundo o pesquisador, são a pejotização (profissionais liberais com ganhos elevados e que pagam imposto como pessoa jurídica), isenção de lucros e dividendos, prevalência de rendimentos que não vêm do trabalho (aluguéis, ganhos de capital, investimentos financeiros) e maior facilidade em sonegar.

Carvalho ainda chama a atenção que o 1,2% mais rico do Brasil tem uma alíquota efetiva de 7,2% no IRPF, enquanto nos estados unidos esse porcentual é de 26,8%. Para ele, a correção das distorções passa pela tributação de lucros e dividendos e pela regulamentação do imposto sobre grandes fortunas, que poderia ser cobrado em alíquotas pequenas (1% a 2,5%) com a declaração anual de ajuste.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A queda na renda do trabalho dos mais pobres entre os pobres, algo inédito nos últimos dez anos, explica a interrupção do processo contínuo de redução da desigualdade verificado na última década, revelado semana passada pela versão 2013 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Convivendo com uma taxa de desemprego de 33,9%, os cerca de 10 milhões de brasileiros que respondem por apenas 5% do total da renda nacional viram seus rendimentos encolherem em 10,2% de 2012 para 2013, já descontada a inflação do período.

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Os cálculos estão em um estudo da empresa OPE Sociais e do Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade (Iets), já atualizado após o IBGE acusar um erro na sexta-feira, dia seguinte à divulgação da Pnad 2013.

O estudo usa nos cálculos o rendimento domiciliar per capita de todas as fontes de ganhos , mas o problema está no rendimento do trabalho. A conclusão resulta da comparação entre a variação dos ganhos com atividades econômicas (trabalho) e os rendimentos de outras fontes (pensões e aposentadorias, doações, programas de transferência de renda, etc.).

Quando se olha para os 5% mais pobres, a renda domiciliar per capita do trabalho afundou 20,7%, de 2012 para 2013, já descontanda a inflação. Os ganhos com outras fontes também caíram, mas bem menos: 2,9%. Entre os que declaram ao IBGE ter alguma forma de emprego, ainda que informal, a queda foi de 11,5%, para apenas R$ 83,40 por mês.

"A economia está desacelerando e isso impacta a renda e o emprego", disse a economista Andrezza Rosalém, autora do estudo, ao lado do estatístico Samuel Franco.

Segundo os pesquisadores, os extremamente pobres são a parcela mais vulnerável da população e têm o acesso mais precário ao mercado de trabalho. A altíssima taxa de desemprego nessa parcela da população (33,9%) fica bem acima da década passada, quando o País crescia distribuindo renda, mas mesmo a menor taxa nos últimos dez anos (23,3% em 2006) é alta.

Em geral, os 5% mais pobres são pessoas que trabalham no mercado informal, vivem de trabalhos temporários e de baixa remuneração, como bicos, biscates ou o trabalho doméstico sem carteira. "No mercado informal, é mais difícil conseguir reajustes nos pagamentos", lembrou Franco.

Para o estatístico, a queda na renda proveniente de pensões e bolsas de transferência de renda é um mistério que precisa ser melhor investigado. Uma das hipóteses é que está cada vez mais difícil levar essas políticas de transferência aos extremamente pobres: em 2003, eles eram 31 milhões de pessoas, ou 17,5% da população. Hoje, são 11,809 milhões de pessoas, ou 6% da população, mas ainda assim um número elevado, equivalente ao de habitantes na capital paulista.

Vários economistas já avaliaram que a revisão dos dados da Pnad 2013 pelo IBGE manteve, em termos gerais, o retrato mostrado pela pesquisa na divulgação inicial. O quadro da concentração de renda tende à estabilidade. Se antes da divulgação do erro registrava estabilidade com leve alta, agora é estabilidade com leve baixa.

A inflação para os paulistanos de menor renda voltou a ser mais significativa do que a da média e também superar à verificada para a população de maior renda em outubro. O levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), por meio do Índice do Custo de Vida (ICV) do mês passado, mostra que a variação média do ICV foi de 0,81%, ante 0,42% em setembro, em São Paulo. O índice específico para os mais pobres ficou em 1,09% em outubro, enquanto o indicador que mede o custo de vida dos mais ricos ficou em 0,70%.

Além do ICV geral, o Dieese calcula mensalmente mais três indicadores de inflação, conforme os estratos de renda das famílias da cidade. O primeiro grupo corresponde à estrutura de gastos de um terço das famílias mais pobres (com renda média de R$ 377,49); e o segundo contempla os gastos das famílias com nível intermediário de rendimento (renda média de R$ 934,17). Já o terceiro reúne as famílias de maior poder aquisitivo (renda média de R$ 2.792,90).

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Todos os estratos tiveram aceleração na passagem de setembro para outubro, de acordo com o instituto, assim como no dado geral (0,81%). O índice que apura a inflação dos paulistanos com salários mais baixos foi o que mostrou a maior diferença, de 0,52 ponto porcentual, em relação aos demais, ao passar de 0,57% para 1,09%. A inflação para o estrato intermediário passou de 0,51% para 0,94% e a do terceiro estrato, de 0,35% para 0,70%.

Os preços elevados dos alimentos, que deixaram o ICV geral maior em outubro frente ao mês anterior, também pressionaram os gastos das famílias com menor poder aquisitivo. No período, o grupo Alimentação teve inflação de 2,22%, com impacto de 0,86 ponto porcentual no estrato dos menos abonados. Para as famílias paulistanas com renda média na casa de R$ 900, a inflação dos alimentos foi de 2,09% com contribuição de 0,73 ponto, enquanto para os mais endinheirados foi de 1,80%, com efeito foi de 0,46 ponto.

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