Ex-cobrador de ônibus, Luiz Alves de Lima é autor de um processo contra o senador Magno Malta (PR-ES) por associá-lo a pedofilia. A informação é do jornal Folha de São Paulo. Luiz Alves foi preso em 2009, acusado de estuprar a filha de dois anos, mas foi inocentado em todas as instâncias judiciais. Segundo ele, durante os nove meses que passou no Centro de Detenção Provisória de Cariacica (CDPC) foi alvo de tortura, resultado do que chamou de "circo" feito pelo senador, que na época era presidente da CPI da Pedofilia, durante uma visita ao local três dias depois da sua prisão.
À reportagem, Luiz Alves detalhou que a esposa, Cleonice Conceição, tinha levado a filha de dois anos para uma consulta e lá uma médica desconfiou de violência sexual, chamou o Conselho Tutelar e o médico legista teria apontado o "desvirginamento da vítima" encaminhando o caso a Polícia Civil. Na realidade, Cleonice havia levado a filha para tratar um oxiúro, verme que pode provocar coceira na região genital, por inflamação. O que veio a se comprovar depois.
##RECOMENDA##Luiz Alves ficou preso nove meses e Cleonice 42 dias, por ter sido apontada como cúmplice. Eles chegaram a perder a guarda da filha e até hoje não a tem definitivamente, mas provisoriamente.
O ex-cobrador alega no processo que move contra Magno Malta que sua situação piorou por causa da postura do senador. No relatório sobre a prisão, o delegado do caso apontou que Malara "manifestou-se que, por sentimento pessoal e experiência profissional, entende ser o pai da criança o autor do delito". No mesmo mês, na CPI da Pedofilia, o aliado do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) prometeu que "os pedófilos desgraçados" estavam com "os dias contados".
Luiz ficou cego e processa, além de Magno Malta, o Estado do Espírito Santo e o médico que foi responsável pelo laudo que o colocou na posição de suspeito de pedofilia.
Em resposta, Magno Malta disse que está à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimento e, na época, esteve na delegacia ao lado de um delegado "capaz e digno". O senador ainda observou ter afirmado que "pedófilos devem ser investigados, condenados e presos", mas não tinha nenhuma ligação com as ações de tortura e ponderou que tais atividades deveriam ser investigadas.