O treinamento no ambiente de trabalho faz parte da rotina de milhares de empresas. Além de capacitar os funcionários, os treinamentos têm como consequências um aumento na motivação e desenvolvimento da própria empresa.
Segundo Virgilio Marques do Santos, CEO da FM2S Educação e Consultoria, com base em relatórios recentes do Linkedln, cerca de 85% dos profissionais de treinamento focam em aprendizagem prática.
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De acordo com o CEO, as competências dos usuários do Linkedln para a mesma função mudaram cerca de 25% entre 2015 e 2021. “Neste ritmo, a expectativa é de que as competências dos usuários mudem cerca de 40% até 2025. A necessidade de treinamento e aprendizado constantes veio para ficar”, explica.
Para Virgilio, a mesma função exigirá habilidades diferentes ao longo do tempo, sendo necessário que o profissional busque aprender constantemente as novas tendencias do mercado.
“Há empresas que hoje trabalham como algumas faziam em 2015. Entretanto, sua produtividade frente aos seus concorrentes mais atualizados é menor. Um vendedor em 2022 precisa dominar muito mais sistemas e termos do que o mesmo funcionário em 2015. CRMs, Robôs, Bots, Chats, E-mail, SMS, banco de dados, critérios de qualificação, discursos, ferramentas de marketing, enfim, uma série de atores que evoluiu demais nesse período. Em 2015, baixar os dados dos sistemas em uma planilha de Excel era suficiente. Hoje, a realidade é outra”, destaca o profissional.
Rotatividade no mercado
Dados apontam que, globalmente, a proporção de usuários que mudou de cargo em outubro de 2021 aumentou 25% em comparação ao período pré-pandemia, em outubro de 2019.
“Essa tendência de maior rotatividade, principalmente entre as posições mais qualificadas, é algo cada vez mais importante no radar das empresas. Afinal, não contar com os profissionais certos em seus quadros, ou perdê-los com maior frequência, poderá ocasionar sérios prejuízos”, conta Virgilio.
Segundo o CEO, ao observar dados sobre as principais áreas para o desenvolvimento da cultura corporativa, ter oportunidades de desenvolvimento profissional é o que mantém 89% dos colaboradores, ou seja, o desenvolvimento está à frente de coisas que antes eram as líderes, como flexibilidade no trabalho e saúde mental e bem-estar.
Mudanças de estratégia
Devido à necessidade de manter os colaboradores atualizados e da importância dada ao desenvolvimento pelos colaboradores, as empresas estão buscando reinventar suas áreas de Treinamento e Desenvolvimento (T&D). De acordo com a pesquisa do Linkedln, 48% dos profissionais de T&D esperam aumentar seus orçamentos em 2022. Esse número é o maior da séria histórica que começou no ano de 2017.
Entre as prioridades dos programas de treinamento em 2022, temos o Treinamento de liderança e gestão (49%); Capacitação e atualização de competências dos funcionários (46%); Capacitação/transformação digital (26%) e Diversidade, equidade e inclusão (26%).
“Na comparação com 2021, a maior mudança veio nos programas de treinamento presencial ou em escola, mostrando que o alívio nas restrições da Covid-19 propiciou o retorno das atividades presenciais. Além desses, o treinamento em análise de dados cresceu 39%, mostrando a preocupação das companhias em capacitar seus colaboradores nessa competência”, destaca Virgilio.
Como ensinar aos colaboradores
A aprendizagem está se tornando uma prioridade para diferentes hierarquias. E, desse modo, espera-se ver com mais frequência este ano a aprendizagem prática, por meio de projetos e funções temporárias. 85% dos profissionais de T&D consultados reportaram essa expectativa. O sistema de aprendizagem e a educação a distância tem se reinventado para absorver o aprendizado por projetos.
De acordo com a pesquisa, 49% dos profissionais consultados afirmam que os executivos estão preocupados com a possibilidade de os funcionários não terem as competências certas para executar estratégias de negócios. Além disso, 46% afirmam que a lacuna de competências é a maior já atingida em sua empresa. Ou seja, a liderança não está satisfeita com as habilidades de seus colaboradores.
Apesar do desconforto, muitas empresas não sabem quais habilidades precisam ensinar aos seus colaboradores. Na mesma pesquisa, apenas 10% dos executivos de RH e de negócios afirmam que suas empresas possuem um banco de dados com mapeamento de competências e perfis de todos os funcionários. A falta desses dados impacta diretamente o planejamento dos treinamentos.
“Se você não sabe o que os seus colaboradores dominam e nem o que precisam saber para desempenhar bem a função, qualquer iniciativa de treinamento pode ser em vão. Fazendo uma analogia, é o mesmo que ir ao mercado comprar itens aleatoriamente, já que você não sabe o que há em sua despensa e nem o que precisa para fazer um jantar. Nesse exercício, me imagino andando pelos corredores vendo o que os outros estão comprando e conferindo as promoções e tento adivinhar o que seria legar ter”, explica do CEO.
Para Virgilio, o ideal é implementar um sistema de avaliação de competências e uma plataforma que dá acesso a inúmeras habilidades necessárias para diversas funções.
“A ideia é suprir a necessidade de desenvolvimento das várias funções, criar instrumentos para mapear as competências dos colaboradores e, também, desenvolver as habilidades necessárias para cada posição, atendendo demandas atuais de mercado”, finaliza.