Os membros do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte de São Paulo cobraram hoje (12) participação popular na decisão sobre o aumento da velocidade das marginais Tietê e Pinheiros. Criado em 2013, o conselho é um órgão consultivo da Secretaria Municipal de Transportes composto por membros indicados pela sociedade civil, pela prefeitura e eleitos segundo critérios de distribuição geográfica da população.
Um terço dos conselheiros, 21 membros, enviou um pedido de reunião extraordinária com o secretário municipal de Transportes, Sérgio Avelleda, para discutir o tema. O encontro oficial não foi marcado, mas o titular da pasta recebeu o grupo para discutir a relação entre a secretaria e o conselho na nova gestão.
##RECOMENDA##Segundo o chefe de gabinete do secretário, João Manoel de Barros, a reunião oficial não foi convocada porque a prefeitura ainda não indicou os novos representantes no colegiado. “Vamos prezar pelo diálogo e para que o conselho seja consultado sempre”, ressaltou após o encontro.
No dia 20 de dezembro do ano passado, antes mesmo de assumir o cargo de secretário de Transportes, Sérgio Avelleda anunciou a volta dos limites de até 90 quilômetros por hora (km/h) para as marginais Tietê e Pinheiros.
A elevação dos limites de velocidade foi uma promessa feita durante a campanha pelo prefeito João Doria. A gestão anterior havia reduzido as máximas permitidas não só nas marginais, como em diversas ruas e avenidas da cidade, como parte de um programa de segurança no trânsito.
Uma reunião para apresentar oficialmente o plano ao conselho deve ser convocada na próxima semana, antes das medidas entrarem em vigor, o que está previsto para o dia 25 de janeiro.
Para o conselheiro Vitor Leal, a decisão sobre o aumento das velocidades traz um grande impacto para a cidade e não poderia ter sido tomada sem um diálogo com a sociedade. “Baseado em que está se tomando essa decisão? Uma promessa de campanha sem discussão com a sociedade e com o conselho participativo”, reclamou.
Marina Harkot, também conselheira, ressaltou que os dados indicam que a redução da velocidade nas vias expressas foi acompanhada de uma queda no número de acidentes e mortes. “A gente acredita que as mortes vão aumentar”, afirmou, ao falar sobre os riscos da mudança proposta pela gestão atual.
Redução de acidentes
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) divulgou, em outubro, um balanço que mostrou queda de 52% no número de acidentes fatais nas marginais Tietê e Pinheiros, durante o primeiro ano de implantação da redução de velocidade nas duas vias. De julho de 2014 a junho de 2015, foram registrados 64 acidentes com mortes. De julho de 2015 a junho de 2016, ocorreram 31.
A queda foi influenciada, principalmente, pela redução dos atropelamentos fatais, que passaram de 24 ocorrências – de julho de 2014 a junho de 2015 – para apenas uma ocorrência no período equivalente até 2016, redução de 95,8%. Já os acidentes com mortes envolvendo veículos caíram de 40 para 30 ocorrências, diminuição de 25%.
Para compensar a elevação dos limites, que ficaram em 90 km/h nas pistas expressas e 60 km/h nas pistas locais, a administração municipal pretende desenvolver uma série de medidas. Entre elas está o limite de 50 km/h apenas para a faixa da direita das pistas locais, onde são feitas as conversões e circularam ônibus.