Tópicos | Lei Cidade Limpa

Segundo denúncia da CBN, fiscais da Prefeitura de São Paulo estão recebendo propina para burlar a Lei Cidade Limpa, instituída durante a gestão Kassab e que visa diminuir a poluição visual da cidade. Reportagem da rádio CBN conseguiu flagrar a ação de empresas que pagam aos fiscais para que deixem passar despercebidos cartazes e outdoors sobre lançamentos de empreendimentos imobiliários e anúncios de feirões de automóveis, entre outros.

De acordo com a reportagem da emissora, existe uma organização que atua desde que a lei entrou em vigor, em 2006, e os fiscais são pagos por grandes empresas para fazer vista grossa. Dessa forma, os pequenos anunciantes se aproveitam da ineficiência proposital da fiscalização para veicular suas propagandas. Os prefeitos regionais têm conhecimento do esquema e os pagamentos são negociados dentro das dependências das Prefeituras Regionais.

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Um fiscal chega a dizer quanto vale cada tipo de infração na hora do pagamento da propina. Anúncios de imóveis e feirões de automóveis que são afixados em postes ou colocados em cavaletes nas ruas custam entre R$ 60 e R$ 100, bandeiras custam R$ 50 e faixas, como as que são exibidas por promotores em semáforos, custam 200 reais cada.

O prefeito Fernando Haddad (PT) vetou a volta de anúncios publicitários em bancas de jornais e revistas da capital. Apresentado pelo atual secretário municipal de Relações Governamentais, José Américo (PT), quando este era vereador, em 2014, o projeto de lei recebeu aval dos vereadores em plenário na última sessão do ano passado, em 21 de dezembro. A proposta prevê que donos de bancas possam explorar seus pontos comercialmente, por meio de tecnologias digitais, impressos ou luminosos, em uma exceção à lei cidade limpa.

A exposição de espaços publicitários estava prevista para ocorrer na parte externa ou interna da banca, desde que o proprietário do espaço oferecesse, como contrapartida à população, acesso gratuito à internet, por meio de conexões sem fio, a qualquer pessoa que se encontrasse nas proximidades da banca. Os contratos e os valores negociados não teriam de passar pela Prefeitura. A única regra imposta seria a proibição de anúncios referentes a material pornográfico, produtos fumígeros, derivados ou não do tabaco.

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Em sua justificativa, Américo afirma que muitas bancas não se renovaram ao longo dos anos na mesma velocidade que o mercado editorial, o que provocou o fechamento de muitas delas por falta de recursos. A proposta seria, então, uma forma de gerar novos negócios e rendas alternativas para as atuais bancas. Mas, segundo Haddad, além de ferir a lei cidade limpa, o projeto não configura interesse público.

"A exploração publicitária no espaço público só está permitida nos elementos que compõem o mobiliário urbano de uso e utilidade pública, nos termos estabelecidos em lei específica, que, por evidente, disciplinará, não apenas as contrapartidas de interesse público, mas igualmente as condições e exigências necessárias ao cumprimento dos mencionados princípios e diretrizes. Nesse cenário, não se afigura consentânea com o interesse público a exploração publicitária nas partes internas e externas das bancas de jornais e revistas", afirma o prefeito em seu veto.

Haddad ainda afirma que, "ao permitir que os permissionários desses mobiliários urbanos explorem espaços publicitários de forma remunerada, mediante contrato com terceiros, sem contrapartida pública relevante, a iniciativa acaba por privilegiar o interesse de um segmento da sociedade em detrimento do interesse coletivo". "Por derradeiro, impede registrar que a propositura destoa do conceito de espaço público integrado, vez que transfere sua gestão a cada permissionário que, individualmente, fará não apenas a sua gestão econômica, mas também a gestão visual do micro espaço de sua banca de jornais e revistas. Com isso, não apenas haverá apropriação do espaço visual urbano pelo particular, como igualmente das rendas advindas de sua exploração."

Apesar das críticas, Haddad informa que o tema é considerado relevante e que, por isso, o "Executivo constituirá grupo de trabalho para estudar e elaborar proposta de reformulação mais abrangente do modelo das bancas de jornais e revistas na cidade, podendo inclusive sugerir a exploração de formas de publicidade mediante contrapartidas mais robustas e que revertam em maiores benefícios à sociedade." A autorização desse tipo de publicidade, com ordenamento público, é prometido desde a aprovação da lei cidade limpa, em 2006. De lá pra cá, no entanto, apenas relógios de rua receberam autorização para veicular anúncios.

Foi aprovado nessa terça-feira, 17, em primeira discussão, pela Câmara de São Paulo, um pacote de 32 projetos de lei. Um deles altera a Lei Cidade Limpa, criada na gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD), e libera hospitais, clínicas e letreiros de igrejas das exigências que ela prevê.

Os letreiros das igrejas serão submetidos à aprovação da Comissão da Paisagem Urbana e os painéis das clínicas deverão ter até 5 metros de altura. Um segundo projeto autoriza a veiculação de anúncios em todos os táxis e ônibus da cidade. Os projetos devem passar por uma segunda votação antes de serem encaminhados para a sanção do prefeito Fernando Haddad (PT).

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Semáforos

Também foi aprovado ontem pela Câmara, em primeira votação, projeto que obriga a prefeitura a instalar baterias nos semáforos da cidade, para evitar desligamento em caso de panes.

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