Tópicos | Júlio Delamare

Ainda à espera de obras de manutenção e modernização, o Parque Aquático Júlio Delamare foi reaberto no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (4). O local quase foi demolido para dar lugar a novas instalações do Complexo do Maracanã, do qual faz parte, mas foi reconsiderado pelo governo estadual e liberado no início desta semana.

"Hoje é um grande dia para mim como dirigente. Esta é uma vitória de toda a comunidade e espero que isso se torne permanente, que seja um legado para as gerações futuras", afirmou Coaracy Nunes Filho, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), em evento que contou com as presenças do secretário estadual de Esportes e Lazer, André Lazaroni, e do procurador federal André Odarcigy.

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A festa de reabertura foi marcada por uma solenidade e por apresentações de saltos ornamentais e nado sincronizado. A experiente Juliana Veloso, medalhista pan-americana, foi um dos destaques do evento. Fundado há 35 anos, o parque é o principal local de treinamento das duas modalidades no Rio de Janeiro.

O Júlio Delamare foi reaberto depois que o governador Sérgio Cabral voltou atrás e decidiu manter o parque que seria inicialmente demolido para dar lugar a um novo prédio, mais rentável financeiramente para a empresa que vencesse a licitação do Estádio do Maracanã. Cabral fez o anúncio no fim de julho na esteira das manifestações que abalaram sua imagem no estado.

O parque, contudo, foi reaberto sem apresentar as melhores condições para a prática esportiva. "Agora vamos reconstruir o ginásio de saltos ornamentais, instalar os blocos de partida mais modernos e fazer deste espaço um local de referência para as modalidades aquáticas", disse o presidente da CBDA.

A reforma ainda não teve início, mas a previsão é de que seja concluída até o segundo semestre do próximo ano. De acordo com a CBDA, o projeto já foi elaborado pela Empresa Municipal de Obras Públicas (EMOP), mas ainda não há um prazo definido para o início das obras.

"Há dois meses, após a decisão da permanência do Parque Aquático, demos o prazo de seis meses para realizar toda a burocracia da licitação para obras. A obra aqui não é complicada e, uma vez autorizada, será de curta duração", disse o secretário André Lazaroni.

Cerca de 40 pessoas fizeram na tarde desta quinta-feira um protesto contra a demolição do parque aquático Júlio Delamare e do estádio de atletismo Célio de Barros, previstas no edital de concessão do Maracanã à iniciativa privada pelos próximos 35 anos. Da manifestação, organizada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), participaram atletas e crianças de projetos sociais do governo do Rio que funcionavam nos dois centros de treinamento, que já estão fechados.

Segundo o presidente da CBDA, Coaracy Nunes Filho, demolir o parque aquático será o "maior crime da história olímpica do Brasil". Ele voltou a reclamar de seu parceiro histórico Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016. "O COB não tem nos ajudado em nada, pelo contrário! As declarações do Nuzman têm sido no sentido de derrubar tudo isso aqui", disse Coaracy, mandatário da CBDA há 25 anos (Nuzman está no COB há 18 anos).

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"Nuzman sempre nos deu total apoio, mas desta vez pisou na bola. Sempre tive uma excelente relação de amizade com ele, mas não posso aceitar isso", afirmou Coaracy.

Em nota, o COB informou que "não é o responsável pelas obras, mas entende o contexto maior de transformação que o Rio de Janeiro está vivenciando em função da realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, que deixará benefícios concretos para o esporte e para a população brasileira". "O COB está atento à questão e buscando alternativas para o treinamento dos atletas de alto rendimento destas modalidades. Entre as alternativas estão o treinamento em outras instalações do Rio de Janeiro, outros estados e, em alguns caso, no exterior", informou a entidade.

As críticas do presidente da CBDA foram direcionadas também ao governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). "Para o Pan de 2007, foram investidos R$ 10 milhões na reforma do parque aquático. Temos aqui um estádio novo, posso garantir que faço aqui qualquer competição nacional ou internacional, do jeito como está", afirmou. "A própria Fifa já disse que não exige as demolições, tanto que a Copa das Confederações foi realizada com os dois estádios ainda de pé. Isso é coisa do governo", afirmou.

A Defensoria Pública da União no Rio (DPU-RJ) informou que vai ingressar até a semana que vem com uma ação civil pública pedindo o tombamento federal do estádio de atletismo Célio de Barros e do parque aquático Júlio Delamare, ameaçados de demolição no processo de concessão do Maracanã à iniciativa privada.

Em audiência pública realizada nesta quinta-feira, o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes, parceiro histórico do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, reclamou da omissão da entidade.

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"O COB nos ignorou. Tinha a obrigação de nos dar apoio, mas não deu - pelo contrário", disse Nunes. O presidente da Federação de Atletismo do Rio, Carlos Lancetta, endossou as críticas de Nunes. Procurado, o COB informou que não vai se pronunciar.

Durante a audiência, Nunes afirmou ter recebido a informação de que, a partir desta quinta, os atletas já não mais podem treinar no Delamare. O governo do Rio havia marcado a desocupação para 1º de abril, depois deu novo prazo: 10 de maio. A secretaria estadual de Esporte e Lazer ainda não confirmou a informação transmitida pelo presidente da CBDA.

Participaram da audiência atletas das seleções brasileiras de saltos ornamentais e nado sincronizado, a esposa do falecido jornalista Júlio Delamare, Míriam, de 81 anos, além de jovens atletas que treinavam atletismo no Célio de Barros e tiveram de sair, a maioria para treinar no Engenhão.

O governo do Rio está um passo mais próximo das demolições do estádio de atletismo Célio de Barros e do parque aquático Júlio Delamare, previstas no edital de concessão do Maracanã à iniciativa privada. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) autorizou as demolições e já enviou comunicado ao governo fluminense. As duas arenas ficam no entorno do Maracanã, tombado pelo Iphan em 2000.

Segundo o Iphan/RJ, somente o Maracanã é tombado, mas qualquer intervenção no entorno só pode ser feita com a autorização do Instituto. No documento enviado ao governo do Rio, o Iphan autoriza as demolições de Célio de Barros, Júlio Delamare e também da escola municipal Friedenreich porque "sob o ponto de vista do tombamento, estas não agregam valor ao bem tombado".

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A decisão, de acordo com o Iphan/RJ, é final. Foi tomada pela superintendente no Rio, Cristina Lodi, "com a concordância" da presidente nacional do Instituto, Jurema de Sousa Machado. A autorização "recomenda" a "manutenção" do Maracanãzinho e do prédio do antigo Museu do Índio, que já estão previstas no edital de concessão - embora inicialmente a intenção do governo fosse também demolir o prédio do Museu. Agora, será transformado em Museu Olímpico.

O Iphan/RJ solicitou que sejam submetidos ao Instituto os "novos projetos executivos a serem construídos no entorno do Maracanã, quer sejam edificações ou obras de urbanização", e também os projetos de "restauração/requalificação" do Museu do Índio e do Maracanãzinho.

A autorização do Iphan veio um dia depois de a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) lançar abaixo-assinado em sua página na internet contra a demolição no parque aquático Júlio Delamare (que recebeu investimentos de R$ 10 milhões na reforma para o Pan de 2007). O protesto já foi assinado pelos grandes nomes da natação brasileira, os medalhistas olímpicos Thiago Pereira e Cesar Cielo, que disputam no Rio o Troféu Maria Lenk.

A licitação para concessão do Maracanã à iniciativa privada continua em andamento. Na fase atual, a comissão de licitação, formada por integrantes do governo do Rio, analisa as propostas técnicas apresentadas pelos dois consórcios que disputam o comando do estádio pelos próximos 30 anos.

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