A Arquidiocese de Olinda e Recife formou uma comissão para apurar os casos de suposta irregularidade no aluguel de túmulos, no Cemitério de Santo Amaro, das irmandades ligadas à Igreja Católica. Mais de 30 instituições estão sendo investigadas e receberam na manhã desta sexta-feira (1°) um decreto de intervenção.
Foram nomeados para a comissão o padre Miguel Batista de Morais Neto, que é o presidente, o frei Rinaldo Pereira dos Santos, o diácono Mivacyr Meira Lima, além dos advogados Márcio Silva de Miranda e Erneto Gonçalo Cavalcanti.
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O documento permite que a igreja acompanhe os regimentos internos destas irmandades e realize as auditorias e mudanças que forem convenientes, nos próximos três meses, segundo o arcebispo de Recife e Olinda, Dom Fernando Saburido. “A partir de agora as irmandades vão perder o domínio e vai passar para a comissão. Qualquer iniciativa de venda de túmulo vai ter a assinatura da comissão, que vai estabelecer um valor que vai ser igual a todo mundo”, informou.
De acordo com o presidente da comissão, o padre Miguel Batista de Morais Neto, os estatutos de todas as irmandades serão analisados para observar as cobranças feitas pela cessão de catacumbas. “Vamos ver se eles estão adequados ao direito canônico, porque são entidades de associações privadas, de leigos, fiéis católicos que são submetidos à autoridade eclesiástica que é o bispo”, afirmou.
O problema, segundo o presidente, são as fraudes e superfaturamentos desses aluguéis. Não é vedado a estas instituições o aluguel dos jazigos, já que muitas vezes falta espaço no cemitério para enterros. “Essa prática não é irregular, é prevista em alguns estatutos. Entretanto agora estão sendo denunciadas algumas irregularidades, mas que até o nosso conhecimento não é da irmandade e sim quando sai de lá, mas aí é a polícia que está investigando isso”, explicou.
O aluguel que costuma ser de R$ 200 ou até R$ 300, estava sendo cedido a quase R$ 800. Além disso, há atuação de um falso padre que cobrava o valor de R$ 100 para celebrar uma missa, que agia junto com vigilantes do cemitério, segundo o presidente da comissão.
Irmandades – Ao todo, 34 irmandades do Recife estão sendo investigadas. São entidades antigas formadas por pessoas muito religiosas da sociedade, que geralmente faziam obras sociais e juntos construíram várias catacumbas para ali serem enterradas. Elas são associações privadas formadas por fiéis e são independentes, no entanto, respondem à arquidiocese.
São elas:
Almas da Boa Vista,
Almas do Recife,
Bom Jesus das Chagas,
Bom Jesus das Portas,
Bom Jesus dos Aflitos,
Bom Jesus dos Passos,
Conceição dos Artistas,
Conceição dos Militares,
Divino Espírito Santo,
Martírios,
Nossa Senhora da Conceição,
Nossa Senhora da Luz,
Nossa Senhora da Soledade,
Nossa Senhora do Bom Parto,
Nossa Senhora do Rosário do Recife,
Nossa Senhora do Terço,
Nossa Senhora Mãe dos Homens,
Rosário dos Pretos da Conceição dos Militares,
Sacramento de Santo Antônio,
Santa Ana,
Santa Cecília,
Santa Rita de Cássia,
Santíssima Trindade,
Santíssimo Sacramento da Boa Vista,
São Benedito,
São Gonçalo,
São José da Agonia,
São Pedro dos Clérigos,
Soledade do Livramento,
Venerável Irmandade Almas de Santo Antônio,
Via Sacra da Boa Vista.