Tópicos | Inesc

O número de candidatos autodeclarados indígenas aumentou 59% nas eleições deste ano, passando de 81 para 129, na comparação com o pleito de 2014. Esse número corresponde a apenas 0,46% do total de candidaturas. A maioria dos postulantes a cargos eletivos ainda se autodeclara branca (53%). Em seguida, vêm pardos (35%), pretos (11%) e amarelos (0,62%).

Os dados constam de levantamento feito pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), com base no sistema do Tribunal Superior Eleitoral. De acordo com o estudo, os estados com maior número de candidatos autodeclarados indígenas são Roraima, com 20; Amazonas, com 17; e Ceará, com 10. O único estado que não tem candidato autodeclarado indígena é Goiás.

Segundo a assessora política do Inesc Carmela Zigoni, apesar do aumento de candidaturas indígenas ser expressivo, é preciso garantir que tenham apoio durante e depois da campanha. “São muitos candidatos autodeclarados indígenas, mas é importante verificar junto aos movimentos indígenas, às comunidades indígenas, se essas pessoas de fato são representativas das etnias, das comunidades, etc.”

##RECOMENDA##

O coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinaman Tuxá, informou que entidade está fazendo um estudo sobre as candidaturas, com o objetivo de contribuir para o processo eletivo dos “parentes”. Ele disse esperar que esses candidatos se comprometam com as causas indígenas.

Tuxá lembrou que é preciso pautar os casos de violação de direitos dos povos indígenas no Congresso Nacional, inclusive direitos já adquiridos, que constam da Constituição brasileira. "Chega de imputar ao outro, ou passar esse poder a pessoas que não conhecem de fato as nossas causas, que não vivenciam as nossas causas, que não sentem a nossa dor”, enfatizou o coordenador da Apib.

De acordo com o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 800 mil pessoas se autodeclaram indígenas no Brasil.

No entanto, nenhum dos 13 candidatos à Presidência da República nas eleições deste ano autodeclarou-se indígena. Dois candidatos à Vice-Presidência autodeclaram-se indígenas – Sônia Guajajara, que compõe a chapa do PSOL com Guilherme Boulos, e Hamilton Mourão, do PRTB, companheiro de chapa de Jair Bolsonaro, do PSL.

PEC 215

Uma das prinicpais preocupações do movimento indígena é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere da União para o Congresso Nacional o processo de demarcação de áreas indígenas. Pela PEC, só podem ser demarcadas como território indígena as terras que estavam ocupadas por comunidades indígenas até 5 de outubro de 1988.

Uma pesquisa do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) revelou que ainda é muito desigual a quantidade de mulheres que conseguem se eleger a um cargo público. Na eleição deste ano, apenas 11% das mulheres foram eleitas para assumir uma prefeitura. 

Segundo o estudo, um dos motivos é que as candidaturas de mulheres são as menos dotadas de investimento dos partidos, que as colocam apenas para cumprir a cota mínima. Avaliando todos os 68.755 prefeitos e vereadores eleitos, as mulheres representam 13,4% (9.226).

##RECOMENDA##

O balanço do Inesc também mostrou que, entre as prefeitas que irão assumir o mandato a partir de 2017, 71,29% são brancas, 26,21% pardas, 1,56% pretas, 0,78% amarelas e 0,16% indígenas. O número de prefeitos indígenas que venceram a disputa é pequeno: são seis prefeitos eleitos sendo dois de Pernambuco e um, respectivamente, na Paraíba, no Acre, Pará e Amazonas.

Política dominada pelos ricos

A pesquisa do Instituto também destacou que a política no Brasil é dominada pelos ricos: em 32 cidades brasileiras, os prefeitos eleitos declararam um patrimônio 100 vezes maior que o Produto Interno Bruto (PIB), que é formado pela soma das riquezas do município. A maioria, nas regiões Centro-Oeste e Nordeste.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando