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Comparar cenários cinematográficos de filmes de terror a atual estrutura de necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife não é nenhum exagero. Restos mortais em sacolas ao ar livre, couro cabeludo de cadáveres pelo chão, corpos guardados sem os devidos cuidados e falta de estrutura são apenas alguns dos problemas do local. As denúncias partiram de policiais civis, como forma de protesto, nesta quarta-feira (8). Os servidores estaduais pedem melhores condições de trabalho e reajustes salariais.

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Antes da reportagem do Portal LeiaJá entrar no setor de necropsia, o vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE), Rafael Cavalcanti, já alertou: “Vocês precisam ter estômago pra entrar lá! Não há condição digna de trabalho para nossos trabalhadores”. De acordo com Cavalcanti, a situação dos servidores do IML é uma das mais precárias da categoria. “O IML não passa por uma reforma há bastante tempo. Só nesta semana aconteceram várias quedas de energia elétrica. Os servidores trabalham em meio a corpos em estado de putrefação”, denunciou o vice-presidente do Sinpol.

Na sala de necropsia, nossa reportagem encontrou um piso molhado, focos de lama, sangue nas mesas, couro cabeludo espalhado pelo chão, além de problemas no teto e nos aparelhos usados pelos legistas. Na mesa da sala de raio-x, por exemplo, a falta de higiene também é notável. Existe lama e o equipamento apresenta fiação exposta. Na câmara fria, onde os corpos ficam guardados a baixa temperatura, existem sujeira e sangue por toda a parte.

Segundo um servidor que atua no IML que não quis se identificar, os objetos utilizados para os exames nos corpos são arcaicos. Facas do tipo peixeira, cabos de madeira, serras, linha usada em pipas e até haste de guarda chuva viram ferramentas de trabalho durante os exames. “Essa é a condição de trabalho que estamos submetidos. É desumano trabalhar no IML”, disse o servidor. Confira o vídeo:

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Em entrevista à TV Globo, a gerente geral da Polícia Científica de Pernambuco, Sandra Santos, afirmou que o Governo de Pernambuco já possui recursos para iniciar reforma nas unidades (Recife, Caruaru e Petrolina) do IML ainda neste ano. “Nós estamos trabalhando para operacionalizar essas reformas. Ontem, eu tinha uma equipe de engenheiros visitando o IML e já monitorando quais as áreas a gente vai começar essas reformas”, declarou a gerente. Sandra Santos também informou que existe a previsão da realização de um concurso público para a Polícia Científica, cujo edital ainda não foi divulgado. “Nós teremos 316 vagas distribuídas para todos os cargos”, garantiu Sandra Santos.        

De acordo com os policiais civis em protesto, até o final desta quarta-feira, os serviços de necropsia e consequentemente liberação dos corpos estão suspensos, por causa da paralisação de 24 horas da categoria. A previsão, até o momento, é que tudo se normalize nesta quinta-feira (9). Até o início desta tarde, os policiais realizam um ato em frente ao IML, no bairro de Santo Amaro, área central do Recife. 

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