O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, tem sido um “ilustre ausente” na discussão sobre a crise causada pela pandemia do novo coronavírus no Brasil. Em entrevista ao canal MyNews, na última segunda-feira (6), Mendes foi questionado sobre como acreditava que seria a presença do ex-juiz da Lava Jato no STF e aproveitou para disparar críticas sobre a condução que ele tem dado à pasta da Justiça no governo Jair Bolsonaro.
“Veja que neste contexto desta crise, em que se colocam temas de alta elevação política e jurídica, a discussão sobre o papel da União e do papel constitucional dos Estados e municípios, o Ministério da Justiça tem sido um ilustre ausente”, analisou Gilmar Mendes.
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Na avaliação de Mendes, há muitos ministérios ausentes nas articulações governamentais da crise causada pelo novo coronavírus, mas a ausência do da Justiça é a mais grave. “Se há um órgão faltante neste debate é o Ministério da Justiça, que deveria ser a grande instituição jurídica neste momento. Pacificando conflitos entre o presidente e os governadores, dizendo que essa matéria é de competência da União e não dos Estados ou coisa do tipo. Aqui o piloto fugiu”, alfinetou.
Antes, contudo, de discorrer sobre a atuação de Moro como ministro do governo Bolsonaro, Gilmar Mendes também disse que foi positivo o ex-juiz ter deixado o posto na Lava Jato. “Não sei se foi bom para o Sérgio ter vindo para o governo, para o país acho que foi [bom] ele ter saído lá da Lava Jato de Curitiba, onde se articulava aqueles circos todos. Acho que foi bom para o país. Não sei se foi bom para ele”, ponderou.
Suspeição
Na segunda-feira também, Gilmar Mendes chegou a declarar que tão logo a Segunda Turma da Corte volte a se reunir presencialmente, ele pautará o julgamento do habeas corpus que pede o reconhecimento da suspeição de Sergio Moro como juiz da Operação Lava Jato. A solicitação foi feita pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Temos que decidir isso logo, mas eu não trouxe inicialmente em razão do afastamento do ministro Celso de Mello, pois haveria o debate sobre o favorecimento ao réu em eventual caso de empate. Agora que o ministro deve retornar, já estamos em um outro quadro, sem sessões presenciais", disse o ministro em videoconferência. A defesa de Lula acusa Moro de perseguição política.