Nesta quarta-feira (28), veio à tona que o senador Flávio Bolsonaro (PL) foi arrolado como testemunha em uma disputa judicial pela posse de uma mansão de R$ 10 milhões, localizada na Ilha Comprida, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Segundo o Metrópoles, o imóvel luxuoso foi vendido em 2020 para a Sport 70, que pertence ao jogador Richarlison e seu empresário Renato Velasco.
No entanto, em maio deste ano, uma decisão liminar transferiu a posse do imóvel para o advogado Willer Tomaz, amigo de Flávio, que deu início ao processo para se tornar dono da mansão dois anos após o senador conhecer a propriedade e apresentá-la ao próprio Tomaz em julho de 2020.
##RECOMENDA##O site detalha que, na época, Flávio Bolsonaro chegou a Angra acompanhado de sua esposa e do então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, para uma cerimônia de começo das obras do aeroporto da cidade. O casal decidiu passar o fim de semana em Angra e, a convite do ex-senador Wilder Morais (PL), foi conhecer a mansão. Antônio Marcos, então dono, recebeu Flávio e sua companheira.
A casa pertenceu à cantora Clara Nunes até 1983. Em 1986, o compositor Paulo César Pinheiro, viúvo da artista, vendeu a posse para a empresa M Locadora. Em 2011, a posse foi comprada por Antônio, que negociou a venda em 2020 para a empresa de Richarlison. Com a visita do senador Bolsonaro, teria comentado que aqueles eram os seus últimos dias no local.
Em 1º de janeiro de 2021, Antônio Marcos recebeu um telefonema informando que Flávio estava em frente à casa, mas desta vez estava acompanhado do seu amigo, o advogado Willer Tomaz. Ao Metrópoles, Antônio Marcos contou que Flávio apresentou Tomaz e perguntou se o seu amigo poderia conhecer a casa, o que foi negado pelo então proprietário, já que o imóvel já tinha sido negociado com a Sport 70.
“Contei a Willer Tomaz e ao Flávio que já tinha negociado (a casa). Willer dizia ‘Ah, será que ele (o novo dono) não vende? Você não consegue cancelar a venda? Como está o contrato, ele tá te pagando ainda ou pagou tudo?’, e eu dizia que não tinha como, porque o negócio já tinha sido feito”, falou Antônio Marcos.
Naquele mesmo dia, Flávio subiu um drone e filmou a área para publicar em seu Instagram, onde escreveu: 'Quantos lugares você conhece em que a cachoeira deságua no mar? Em Angra dos Reis tem! Tomada da Ilha Comprida, localizada há (sic) poucos minutos do aeroporto de Angra'.
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No dia 13 de maio deste ano, o empresário de Richarlison teria recebido uma ligação de sua esposa, que estava grávida e morava no local, informando que policiais estavam no local expulsando os presentes para cumprir um mandado de reintegração de posse. O site aponta que a ordem atendia um pedido da M Locadora, que 20 anos depois - supostamente -, os representantes dos antigos donos da empresa, já mortos, reivindicavam a posse.
Dois dias depois, os empresários de Richarlison conseguiram reverter a primeira decisão, apresentando os documentos da posse. Willer Tomaz recorreu e conseguiu suspender a decisão. Ele assegura que a sua empresa, WT Administração, havia pagado R$ 2 milhões de pendências fiscais e administrativas da M Locadora, conseguindo em troca a transferência da mansão.
No dia 11 de julho deste ano, a WT teria conseguido a regularização do cadastro do imóvel na Secretaria do Patrimônio da União. Nos autos a que o site teve acesso, o amigo do senador Flávio Bolsonaro conseguiu emitir a Certidão de Autorização para a transferência, o que teria autorizado a M Locadora a transferir o bem para a empresa do advogado.
Os envolvidos esperam a 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidir o mérito. Os advogados do jogador Richarlison pediram para que Flávio fosse ouvido. O objetivo da defesa é que, com o relato do senador sobre a sua visita, confirmar que a mansão não pertencia a invasores.
O parlamentar já adiantou ao site que não tem relação com o imóvel ou com o processo que envolve o seu amigo Willer. "Estão usando a imprensa porque é véspera de eleição e a discussão do imóvel está na Justiça", garantiu.
Já o advogado Willer Tomaz negou que tenha conhecido o imóvel por meio de Flávio e que as pessoas usufruíram o imóvel antes dele eram "invasores".