Tópicos | Ildo Sauer

O ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras Ildo Sauer criticou nesta quarta-feira, 3, a presidente Dilma Rousseff pela nota divulgada em março, ao jornal O Estado de S. Paulo, na qual disse ter se baseado em um parecer "juridicamente falho" para aprovar em 2006 a compra da primeira metade da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). À época, Dilma presidia o Conselho de Administração, instância máxima de deliberação da companhia petrolífera.

O parecer, um resumo executivo feito pelo ex-diretor da Área Internacional da estatal Nestor Cerveró, foi aprovado pela Diretoria Executiva da Petrobras, da qual Ildo Sauer fazia parte na ocasião, antes de passar pelo conselho.

##RECOMENDA##

Ido Sauer, que prestou um depoimento informal à CPI mista da Petrobras, afirmou que a presidente do conselho tem o direito de, se tiver alguma dúvida após receber o resumo executivo de uma operação, chamar o diretor de área, pedir acesso a toda a documentação da transação e ainda pedir a contratação de uma consultoria externa jurídica ou técnica.

"Então eu não sei o que ela disse. Eu se fosse presidente do Conselho de Administração, não falaria isso", afirmou ele, em entrevista após a audiência. "Não pode confiar e depois achar que foi falho", completou.

Questionado se a Lei das Sociedades Anônimas e o Estatuto da Petrobras atribuem responsabilidade exclusiva ao Conselho de Administração no negócio, Ildo Sauer disse que a Diretoria Executiva tem de fazer o seu papel. Ele observou, entretanto, que há graus diferentes de responsabilidade entre as duas instâncias e destacou que é "terminativa" a responsabilidade do Conselho de tomar uma decisão.

"Há um exagero ao (Dilma) dizer que tomou uma decisão com base num resumo falho porque a presidente do Conselho tem o direito de qualquer informação adicional", criticou. "Então é um jogo de palavras aí".

O ex-diretor reafirmou que foi mandado embora da estatal após divergir de "muita coisa", citando especificamente a orientação que Dilma dava para a área do setor elétrico. "Como as coisas no setor elétrico iam mal, ela queria empurrar para a Petrobras coisas que ela não deveria nem poderia fazer. Eu não fiz, tchau e bênção", afirmou.

O ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras Ildo Sauer afirmou nesta quarta-feira, 3, que deixou a companhia em 2007 por ter tido "divergências político-administrativas" com a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Eu continuo achando que me demitiram, que eu não estava sendo adequado para a política que estavam implementado", afirmou Sauer, em depoimento informal à CPI mista da Petrobras e em entrevista a jornalistas.

Após falar que não sabia do esquema de corrupção, ele disse preferir não "pensar" que foi demitido porque não queria fazer parte do esquema de corrupção, conforme relatou o ex-diretor Paulo Roberto Costa em delação premiada.

##RECOMENDA##

Ildo Sauer afirmou que desde 1992 participou da equipe de assessoria do Instituto Lula, tendo participado de elaborações do programa de governo do então presidente eleito. Segundo ele, após as eleições, foi a então ministra-chefe de Minas e Energia, Dilma Rousseff, quem lhe disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva queria que ele aceitasse um cargo na diretoria da estatal.

Sauer foi nomeado para a diretoria em janeiro de 2003 e ficou no cargo até setembro de 2007. Ele não quis comentar a declaração de Paulo Roberto de que todas as indicações para a estatal são políticas.

Pasadena

 

O ex-diretor afirmou que toda documentação sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), indicava se tratar de um "bom negócio". Em depoimento informal à CPI mista da Petrobras, ele disse que não pode falar se houve irregularidade na operação.

Sauer votou a favor da compra da metade da refinaria na Diretoria Executiva, decisão essa que balizou o apoio do Conselho de Administração da estatal favorável à negociação em 2006. A presidente Dilma Rousseff era a presidente do conselho da estatal nessa ocasião.

"Toda a documentação que eu recebi não me autorizava a votar contra. Eu como diretor de Gás e Energia recebo uma proposta da Diretoria Internacional, secundada pela especialista da área, que é a de Abastecimento e Refino, que me diz que este investimento daria um ganho líquido ao longo da vida útil do projeto de U$S 795 milhões e que se fizesse alterações adicionais, chegaria a US$ 1 bilhão e pouco, eu não ia ter como explicar por quê (eventualmente votaria contra). Não tinha como", afirmou.

Sauer apresentou à comissão um relatório que ele preparou no qual analisou a operação. Ele discordou das avaliações de que a refinaria teve um preço "muito alto", mas ressalvou que não chegou a visitar a refinaria. Ou seja, sua análise se restringiu apenas à documentação.

O ex-diretor não quis se pronunciar sobre a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de ter livrado a atual presidente da estatal, Maria das Graças Foster, do bloqueio de bens em razão do prejuízo estimado em US$ 792 milhões com a compra da refinaria. "Não posso opinar sobre ela. Quem tem que opinar é o TCU", disse.

Sauer afirmou ainda que houve um "equívoco" do TCU ao, nessa mesma decisão, ter bloqueado seus bens por uma decisão de 2009, sendo que ele saiu dois anos antes. "Mas já foi reparado", disse.

Sauer repetiu as críticas feitas em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo em setembro, de acordo com a qual a presidente Dilma Rousseff prefere procurar "culpados" quando se depara com dificuldades. "Eu sempre achei que ela tinha mais habilidade em buscar culpados do que apontar soluções", afirmou Sauer, em depoimento informal à CPMI.

Segundo ele, líder é aquele que orienta e assume o que aconteceu, independentemente de se, no futuro, a escolha será certa ou errada. Na entrevista de setembro, Sauer fez um comentário sobre Dilma ter se baseado num resumo "falho" para aprovar a compra da metade da Refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos. Na ocasião, o ex-diretor da Área de Gás e Energia da Petrobras disse que a conhecia havia 14 anos e que ela se "notabiliza por procurar um culpado quando sempre aparece um problema".

Mais cedo, Sauer afirmou que foi nomeado para a diretoria em janeiro de 2003 e ficou no cargo até setembro de 2007. Conforme o ex-diretor da Área de Gás e Energia, após as eleições de 2002, foi a então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, quem lhe disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva queria que ele aceitasse um cargo na diretoria da empresa.

O ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras Ildo Sauer afirmou nesta quarta-feira, 3, que "não compactua" com o esquema de corrupção que envolve a estatal. Em depoimento informal à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras e em entrevista, Sauer negou ter conhecimento ou participado do esquema revelado pelo ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa.

"Eu não posso dizer compactuar porque eu nunca tive o conhecimento disso e, se tivesse, teria agido como manda a lei. Não posso falar em compactuar, não dá. Todo mundo que me conhece sabe que eu não compactuo", afirmou. O ex-diretor classificou como "tragédia" para a estatal as revelações feitas em por Costa.

##RECOMENDA##

"Isso é uma tragédia para a Petrobras, para o País e para todo mundo, perceber a materialização desta situação. Isso nos coloca na necessidade de revisar alguns conceitos em relação às formas como se recrutam dirigentes das empresas, a forma como se dá o relacionamento entre as empresas estatais e a esfera político-partidária", disse.

O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), defendeu nesta quarta-feira a aprovação imediata de convocação, na CPI mista da Petrobras, do ex-diretor de Gás e Energia da estatal Ildo Sauer. Em entrevista ao Broadcast, serviço da Agência Estado de notícias em tempo real, Sauer disse que o governo de coalizão do ex-presidente Lula permitiu que grupos de parlamentares se reunissem com dirigentes da estatal para obter "ajuda" e acusou a presidente Dilma Rousseff de "procurar um culpado sempre que aparece um problema".

O ex-diretor classificou de "piada" o argumento de Dilma de que aprovou a aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), quando presidia o conselho de administração da Petrobras, com base em um resumo executivo falho. Para Sauer, o projeto da refinaria não deu certo porque, por pressão de Dilma e Lula, o Revamp (modernização) de Pasadena não foi feito. Ele disse que a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que o incluiu entre os culpados por prejuízos com essa operação "passa longe" de ser técnico.

##RECOMENDA##

"A entrevista de Ildo Sauer reforça o que já alertávamos na CPMI. O governo do PT aparelhou a maior empresa brasileira para que ela pudesse servir aos interesses escusos do PT e de seus aliados. Não é à toa que a empresa sofreu enormes prejuízos e perdeu 50% de seu valor de mercado desde 2010. O depoimento dele na CPMI é fundamental para que possamos esmiuçar os bastidores da interferência política dentro da Petrobras", disse o líder do PPS, em nota, ao classificar como graves as acusações dele.

A oposição já apresentou dois requerimentos para levar Sauer à CPI Mista, embora nenhum deles tenha sido apreciado. O primeiro, de convocação, é do senador Mário Couto (PSDB-PA), e o segundo, de convite, do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). No caso do convite, ele não é obrigado a comparecer, diferentemente da convocação.

Ildo Sauer afirmou ainda que havia comentários dentro da estatal de que Lula estava impressionado com a contribuição do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. "Essa ajuda, suspeitamos, viria por meio de superfaturamento e desvios de dinheiro de obras da Petrobras. Esses recursos abasteceriam caixas de partidos governistas. Para trilhar o caminho desse dinheiro a CPMI precisa avançar na quebra do sigilo de empreiteiras e outras empresas que prestavam e ainda prestam serviços para a Petrobras", defendeu.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando