Tópicos | A Hora mais Escura

Todos os anos, a lista dos seletos candidatos ao Oscar deixa obrigatoriamente alguns artistas de fora. Mas, em 2013, os nomes deixados de lado pela Academia são um capítulo à parte. Entre os ausentes estão figuras como Ben Affleck, Kathryn Bigelow e Javier Bardem.

Bigelow fez história em 2010 ao tornar-se a primeira mulher a ganhar o Oscar de melhor diretor pelo filme Guerra ao Terror, sobre a guerra no Iraque. Neste ano, a ausência dela entre os indicados surpreendeu quando A Hora Mais Escura foi indicado em cinco categorias, mas não pela sua direção.

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O filme gerou grande polêmica ao dar a entender que a tortura teve papel fundamental na captura de Osama Bin Laden, o que pode ter afetado suas chances de Oscar. Ben Affleck também não foi indicado a melhor diretor, apesar de Argo disputar em sete categorias. Esta ausência tem sido encarada como uma grande esnobada da Academia, já que o filme de Affleck levou quase todos os troféus de melhor filme e direção da temporada pré-Oscar.

Além disso, a vitória de Argo em outros prêmios aumenta ainda mais o caráter imprevisível da 85ª edição do Oscar: é muito raro que o melhor diretor não leve também a estatueta de melhor filme, uma tradição que será quebrada se o thriller de Affleck ganhar o prêmio máximo.

Outros diretores que ficaram fora do páreo foram Tom Hooper, de Os Miseráveis, e Quentin Tarantino por Django Livre, apesar de seus filmes terem recebido oito e cinco indicações, respectivamente, entre elas de melhor filme. Alguns também sentiram falta do espanhol Juan Antonio Bayona pela direção de O Impossível, filme sobre o tsnunami na Tailândia ocorrido em 2005. A única indicação do filme ficou por conta da australiana Naomi Watts, que concorre a melhor atriz.

A não-indicação do espanhol Javier Bardem ao troféu de melhor ator coadjuvante também foi notada. Ele concorreu ao Globo de Ouro, ao prêmio do Sindicato dos Atores (SAG) e ao britânico Bafta por sua interpretação como vilão da saga James Bond. Outro ator notoriamente ignorado foi Leonardo di Caprio, o violento fazendeiro de Django Livre. Mesmo assim, ele pode estar acostumado a ser deixado de lado, já que nunca venceu um Oscar apesar de ter sido indicado três vezes.

A cerimônia acontece no próximo domingo no Teatro Dolby, em Hollywood.

O filme Argo, dirigido pelo diretor e ator norte-americano Ben Affleck e produzido por George Clooney, venceu neste domingo, em Londres, a premiação do cinema britânico Bafta de melhor filme. O longa-metragem, que retrata a retirada de diplomatas norte-americanos do Irã durante a Revolução Iraniana, superou Lincoln de Steven Spielberg, As aventuras de Pi, de Ang Lee, Os Miseráveis, de Tom Hooper e A hora mais escura, de Kathryn Bigelow.

Ben Affleck recebeu o prêmio de melhor diretor na grande noite do cinema britânico, enquanto Daniel Day-Lewis conquistou o prêmio de melhor ator por sua interpretação em Lincoln e a francesa Emmanuelle Riva levou o título de melhor atriz com Amor. Anne Hathaway recebeu o prêmio de melhor atriz coadjuvante pela atuação como Fantine no musical Os Miseráveis e Christoph Waltz o de melhor ator coadjuvante por seu papel em Django.

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O chileno Claudio Miranda obteve o prêmio de melhor fotografia por A vida de Pi.

Distribuidores de cinema e redes de televisão paquistaneses estão boicotando um filme indicado ao Oscar sobre a caçada a Osama bin Laden e populares séries americanas para evitar ofender o público ou provocar uma reação violenta de seus cidadãos. O Paquistão pode ter um papel de destaque em A Hora Mais Escura, de Kathryn Bigelow, que conta a história da caçada de 10 anos da CIA em busca do idealizador dos atentados de 9 de setembro de 2011, mas cinemas locais estão se mantendo distantes de um filme que, segundo eles, pode fazer as pessoas se sentirem humilhadas.

Um distribuidor de tv a cabo também está bloqueando a transmissão da série Homeland, estrelada por Claire Danes, e de Last Resort por serem contra o interesse nacional. Os boicotes são a mais recente forma de censura não oficial no país conservador, onde o YouTube foi bloqueado por quatro meses devido ao trailer do filme americano, considerado ofensivo aos muçulmanos. A Hora Mais Escura chegou ao topo das bilheterias americanas e recebeu cinco indicações ao Oscar. Mas, no Paquistão, a ação para matar Bin Laden é considerada um dos incidentes mais constrangedores da história do país.

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Uma equipe SEAL da marinha americana matou o chefe da Al-Qaeda em seu esconderijo, localizado perto de uma academia militar do país, no dia 2 de maio de 2011, constrangendo os líderes paquistaneses, que insistiam que Bin Laden estava morto e expondo seu exército a acusações de incompetência e conluio com a Al-Qaeda. "Nós não trouxemos e mais ninguém comprou 'A Hora Mais Escura'", afirmou Mohsin Yaseen, um representante da distribuidora de filmes Cinepax.

Ele descreveu a produção como "pró-americana", apesar das controvérsias nos Estados Unidos sobre as chamadas "técnicas de interrogação avançadas", amplamente vistas como tortura. "Ele tem várias cenas que poderia nos fazer sentir humilhados. É contra os interesses da nação paquistanesa", afirmou Yaseen. O chefe do Conselho de Censores do Filmes disse à AFP que não analisou "A Hora Mais Escura" porque não houve nenhum pedido para isso.

Em 2010, os censores baniram a comédia indiana de Bollywood "Tere bin Laden", que satirizava o líder da Al-Qaeda, sob alegações de que poderia ofender muçulmanos e incitar ataques suicidas. A Max Media, que tem os direitos no Paquistão da rede de televisão a cabo Star World, se recusa a transmitir Homeland e o drama Last Resort. Enquanto Last Resort mostra ataques nucleares americanos contra o Paquistão, o país é citado apenas brevemente em Homeland, série estrelada por Damian Lewis, um militar americano que também é suspeito de ser um agente da Al-Qaeda.

"Acreditamos fortemente que programas como 'Homeland' e 'Last Resort' são contra nosso interesse nacional, valores culturais e ideologia", afirmou um funcionário da Max Media que não quis se identificar. Ele disse que os programas foram suspensos de acordo com um código de conduta da Autoridade Reguladora de Mídia Eletrônica do Paquistão e advertiu que mesmo "uma referência vaga sobre o Islã pode inflamar a violência no Paquistão".

Mas um próspero comércio de DVDs piratas permite que paquistaneses assistam o que quiserem na privacidade de suas casas, e A Hora Mais EscuraHomelandLast Resort são grandes vendedores. "Não temos quaisquer ameaças ou preocupações, e ninguém nos fez parar de vender esses DVDs", afirmou um vendedor em uma popular loja de Islamabad.

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