Tópicos | Herzog

Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, comparou o caso do pedreiro Amarildo de Souza ao assassinato de seu pai nas dependências do DOI-Codi em São Paulo durante a ditadura militar. Ele observou que os casos têm semelhanças pelo pedreiro também ser vítima de agentes do Estado. Amarildo desapareceu após sair da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela da Rocinha.

Ivo participou no Senado do lançamento do livro 'A construção da democracia e liberdade de expressão: O Brasil antes, durante e depois da Constituinte', obra em alusão aos 25 anos da Constituição de 1988, editada pelo Instituto Vladimir Herzog, presidido por Ivo, com apoio do Instituto Palavra Aberta e das Organizações Globo.

##RECOMENDA##

A comparação foi feita pelo filho de Herzog na abertura do evento, na qual citou reportagem do jornal O Estado de S.Paulo sobre a morte do jornalista. "No dia 25 fará 38 anos do assassinato do meu pai e trago aqui um trecho do Estadão que diz: 'inquérito indica tortura com choque e asfixia antes da morte'. É a mesma manchete do caso Amarildo. Essas coisas, 38 anos depois, continuam a acontecer", afirmou.

Em entrevista depois do evento, Ivo afirmou que a impunidade dos agentes de Estado ainda persiste no País e que, se o caso do seu pai serviu para ampliar a liberdade de expressão, é preciso que a situação de Amarildo contribua para o desenvolvimento da justiça e o fim da sensação de impunidade.

O presidente da CBF, José Maria Marin, voltou a falar nesta segunda-feira sobre seu envolvimento com o regime militar e negou novamente ter relação com a morte do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, nos porões do DOI-CODI, em São Paulo. Com voz cansada, ele disse que não fez mais do que um aparte a um discurso do então deputado estadual Wadih Helou e insinuou que as denúncias têm relação com a eleição à presidência da entidade, marcada para abril do ano que vem.

"Talvez você acredite que uma mentira dita mil vezes se torne verdade. É um fato que não tem nada a ver, ocorrido em 1975. Depois, fui governador, tive outros cargos políticos e ninguém mencionou mais este fato. Só agora. Para ver como o futebol tem importância", disse. "Sou um homem de paz, nunca fiz um ato deliberado contra quem quer que seja."

##RECOMENDA##

Marin tentou explicar mais uma vez sua intervenção no discurso de Helou. "É simples. Fiz um aparte, de menos de dois minutos, dizendo que a TV Cultura, do governo, não estava divulgando as obras realizadas pelo governador Paulo Egídio no interior. Eram seis obras. Disse que o governador não tinha o que reclamar ou o jornalista estava errado. Disse que se apurasse a verdade."

Em seguida, Marin relacionou as denúncias ao fato de ter assumido a presidência da CBF, no ano passado. "Foram mais de 35 anos sem que esse assunto fosse tocado. Agora que assumi este cargo, surgem essas coisas".

Presidente também do Comitê Organizador da Copa do Mundo, Marin garantiu que não vai se candidatar à reeleição na CBF e que sua missão até o fim do mandato é contribuir para a conquista do hexacampeonato mundial.

"Meu único trabalho é dar essa alegria à torcida brasileira. Fora isso, não tenho ambição política nenhuma. Tenho compromisso com a verdade."

Marin aproveitou o ensejo para reforçar sua afinação com o governo federal e que tudo não passava de uma tentativa de minar sua relação com a presidente Dilma e seus interlocutores. "Eu estava conversando justamente isso com o ministro Aldo (Rebelo, dos Esportes). Estão querendo nos intrigar", destacou.

A pergunta sobre o envolvimento do cartola com a morte de Herzog foi feita por um jornalista sueco, em inglês. Percebendo o constrangimento de Marin, o assessor da Fifa que conduzia a coletiva alertou agressivamente que novas indagações sobre o tema não seriam aceitas e que as perguntas deveriam se restringir à organização da Copa das Confederações, encerrada no domingo, 30, com a vitória do Brasil por 3 a 0 sobre a Espanha.

O filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura em 1975, Ivo Herzog, entregou nesta segunda-feira uma cópia do abaixo-assinado com quase 55 mil assinaturas que pede a saída do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin. Acompanhado pelos deputados federais Romário (PSB-RJ), presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), presidente da Comissão de Cultura, Ivo Herzog protocolou a cópia do abaixo-assinado e teve de deixá-la na recepção da sede da CBF, já que, segundo lhe foi dito, Marin não estava no prédio, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

"Recentemente descobri documentos que mostram a participação do senhor José Maria Marin durante o período do regime militar brasileiro", afirma Herzog no documento entregue à CBF e enviado às 27 federações estaduais de futebol e aos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. "Estão com as cópias nas mãos. Agora, ou vão se manifestar, ou vão ser coniventes", disse o filho de Herzog. Ele contou ter informações de que a Comissão Nacional da Verdade vai convocar Marin a depor sobre o caso. "E aí é importante que se diga: não será um convite, mas uma convocação. E ele será obrigado a comparecer", afirmou.

##RECOMENDA##

O abaixo-assinado foi feito por meio do site Avaaz e, segundo Ivo, contou com a assinatura de nomes como Chico Buarque de Hollanda. "É bom que o torcedor brasileiro saiba quem está no comando da entidade maior de futebol do País", disse o ex-atacante Romário. Um grupo de quatro torcedores (com camisas de Vasco, Botafogo, Fluminense e Flamengo) fez um pequeno protesto em frente à sede da CBF e conversou com o filho de Herzog e os parlamentares.

Após 37 anos de espera, a família do jornalista Vladimir Herzog recebeu nesta sexta-feira (15) uma nova certidão de óbito com a causa correta da morte dele, ocorrida em 1975, após sessões de tortura nas dependências do 2.º Exército, em São Paulo. O novo documento substitui a definição anterior, "asfixia mecânica por enforcamento", por "lesões e maus tratos".

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou em setembro do ano passado a emissão de um novo atestado de óbito, sob ordem da Comissão da Verdade. Colegiado foi criado para esclarecer as violações dos direitos humanos na época da ditadura militar.

##RECOMENDA##

O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, resolveu utilizar o site da instituição para se defender da acusação política de que teria apoiado a ditadura militar e a perseguição de dissidentes. Ontem à tarde o site da entidade estampava, logo na sua abertura, a seguinte manchete: Desmascarando uma falsidade.

Era o título do editorial produzido pela assessoria da CBF com o objetivo de refutar as acusações contra Marin, referentes ao período em que ele ainda era deputado estadual, pela extinta Arena - o partido que dava aparência legal à ditadura. Segundo o editorial, as acusações fazem parte de "uma torpe campanha", baseada em "mentiras e deturpação de fatos do passado", com o intuito de conturbar "as atividades do futebol brasileiro num momento de notória importância e delicadeza, quando se avizinha a realização, no Brasil, da Copa Mundial de 2014".

##RECOMENDA##

A questão da relação entre Marin e a ditadura provoca polêmica desde que ele assumiu o cargo, um ano atrás. No mês passado o assunto ganhou mais impulso com o lançamento, pela internet, de uma petição cobrando a sua destituição do cargo.

Até a tarde de ontem, a petição já havia recebido o apoio de 38 mil pessoas. Quando for atingida a meta de 50 mil assinaturas, ela será encaminhada à CBF.

Quem está à frente da iniciativa é Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado em 1975, quando se encontrava detido nas dependências do Departamento de Operações e Informações (DOI), controlado pelo Exército, em São Paulo.

Ivo está convencido de que Marin estimulou a perseguição ao pai dele, que trabalhava na TV Cultura. A prova mais evidente seria um discurso feito pelo atual presidente da CBF, no dia 9 de setembro de 1975, no plenário da Assembleia de São Paulo. Na ocasião ele pediu providências das autoridades para fossem apuradas denúncias de que a TV Cultura, que é estatal, estaria sendo utilizada por jornalistas de esquerda para fazer proselitismo político.Poucos dias depois, Herzog foi preso e morto sob tortura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em entrevista concedida por telefone, o presidente da Comissão da Verdade - seção São Paulo -, deputado Adriano Diogo (PT), afirmou que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014 (COL), José Maria Marin, "está comprometido até o pescoço com a morte do jornalista Vladimir Herzog", ocorrida em 1975, no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do 2.º Exército, na Vila Mariana, em São Paulo. Diogo foi procurado pela reportagem depois de uma reação exaltada de Marin à tarde, no Rio, durante encontro com a imprensa de comitiva da Fifa que visitava o Brasil.

O dirigente esportivo ficou irritado ao falar sobre sua eventual participação na prisão de Herzog, após uma pergunta dirigida ao secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que tratava de denúncias contra o homem forte do futebol brasileiro.

##RECOMENDA##

"Desafio você (apontando para o jornalista do jornal O Estado de S. Paulo) a me trazer um documento em que eu tenha citado alguma vez em minha vida essa pessoa (Herzog) e em que eu tenha feito menção a esse acontecimento (prisão ou morte do jornalista, então diretor da TV Cultura)", declarou Marin, com o dedo em riste e com o tom de voz alterado.

Em 9 de outubro de 1975, Marin era deputado estadual pela Arena e fez um pronunciamento crítico na Assembleia Legislativa, voltado para Herzog. "É preciso, mais do que nunca, uma providência, a fim de que a tranquilidade volte a reinar, não só nesta Casa, mas principalmente nos lares paulistanos." Em 24 de outubro daquele ano, Herzog foi convocado para prestar informações no dia seguinte ao DOI-Codi. À tarde, de acordo com autoridades militares, ele teria se enforcado numa das celas.

Nesta quinta-feira, Marin, repetia durante sua intervenção num hotel do Rio. "Não fiz um discurso, fiz um aparte e o que estranho é que isso foi em 1975. Estou com minha consciência tranquila."

Apesar do desmentido de hoje - pela primeira vez Marin falou publicamente sobre o assunto desde que assumiu a presidência da Confederação Brasileira de Futebol, em março do ano passado - a Comissão da Verdade vai convidá-lo para que ele tente esclarecer alguns pontos com relação à prisão e morte do jornalista.

Passados 44 dias desde que foi anunciada, a sentença que determinou a mudança no atestado de óbito do jornalista Vladimir Herzog, morto em 1975, no período da ditadura militar, ainda não pôde ser executada. A razão da espera é um recurso apresentado pelo Ministério Público Estadual, com o objetivo de impedir que conste do atestado que a morte de Herzog "decorreu de lesões e maus tratos sofridos em dependência do 2.º Exército".

Segundo a autora do recurso, promotora Elaine Maria Barreira Garcia, aquela expressão deve ser substituída por "morte violenta, de causa desconhecida, em dependência do 2.º Exército". De acordo com o texto do recurso, "lesões e maus tratos" é uma expressão que não consta nas leis que definem a forma como as mortes devem ser especificadas nos documentos legais.

##RECOMENDA##

Sob esse ponto de vista, a mudança requerida pela promotora não seria mera filigrana jurídica, mas uma questão de isonomia.

Não é essa, porém, a opinião do juiz Márcio Martins Bonilha Filho, da 2.ª Vara de Registros Públicos do Tribunal de Justiça de São Paulo, que determinou a mudança do atestado, no dia 24 de setembro. Ele rejeitou os argumentos da promotora, o que levou o caso para uma segunda instância, a Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça. Este decidirá se o recurso é procedente ou não.

Um dos autores da ação para a mudança do atestado, Ivo Herzog, um dos filhos do jornalista assassinado, soube na semana passada que o caso ainda aguarda uma decisão na Justiça. "Estou indignado", afirmou. "Há poucos dias comemoramos a decisão judicial pela qual esperamos 37 anos e agora recebemos essa notícia de um novo recurso, uma nova protelação. Tudo isso parece surreal." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Atendendo a pedido da Comissão Nacional da Verdade, o juiz Márcio Martins Bonilha Filho, da 2ª Vara de Registros Públicos do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou na segunda-feira a retificação do atestado de óbito de Vladimir Herzog. Pela determinação judicial, daqui para a frente constará que a morte do jornalista "decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do 2º Exército-SP".

Herzog foi preso no dia 25 de outubro de 1975, no período do regime militar, e levado para interrogatórios nas dependências do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), do 2º Exército. Na versão das autoridades da época, ele teria cometido suicídio na prisão. No laudo da época, assinado pelo legista Harry Shibata, consta que Herzog morreu "por asfixia mecânica" - expressão utilizada para casos enforcamento.

##RECOMENDA##

A recomendação ao magistrado foi assinada pelo coordenador da Comissão da Verdade, ministro Gilson Dipp. Segundo o advogado José Carlos Dias, que também faz parte do colegiado, a decisão judicial deverá ter forte repercussão. "Existem muitos casos semelhantes. Nós já estamos estudando outros para encaminhar à Justiça", afirmou.

Trata-se de decisão de primeira instância. A Promotoria de Justiça, que se manifestou contra a mudança, pode recorrer.

Reconstrução

A Comissão da Verdade tomou a iniciativa atendendo a solicitação da viúva do jornalista, a publicitária Clarice Herzog. No texto da sentença, o juiz Bonilha Filho afirmou que a Comissão "conta com respaldo legal para exercer diversos poderes administrativos e praticar atos compatíveis com suas atribuições legais, dentre as quais recomendações de ‘adoção de medidas destinadas à efetiva reconciliação nacional, promovendo a reconstrução da história’".

O juiz lembrou que, em 2011, a Justiça já reconheceu que o laudo pericial feito na época está incorreto e que a morte não ocorreu por suicídio. Diante do argumento do promotor de que seriam necessárias novas investigações para determinar a causa da morte, antes da mudança no atestado, Bonilha Filho argumentou: "Seria verdadeiramente iníquo prolongar o martírio da viúva e dos familiares e afrontar a consciência pública nacional a renovação da investigação".

Para o juiz, "há muito ficou apurado, em termos de convicção inabaláveis, por via jurisdicional comum, que o jornalista Vladimir Herzog perdeu a vida em razão de maus tratos e de lesões sofridas, em circunstâncias de todos conhecidas." A família de Herzog, que nunca acreditou nas informações dos militares sobre suicídio, esperou 37 anos para conseguir a mudança no atestado de óbito.

Colegiado

A Comissão Nacional da Verdade quer saber de onde partiam as ordens, executadas por policiais civis e militares, de tortura, sequestro e desaparecimento de prisioneiros políticos no período do regime militar. Os policiais, segundo integrantes da comissão, não agiam por vontade própria, mas cumpriam ordens, dentro de uma cadeia de comando.

"A tortura foi uma política de Estado durante a ditadura militar", diz o sociólogo Paulo Sérgio Pinheiro, um dos sete integrantes da comissão. "As torturas, os desaparecimentos, os assassinatos não foram resultado de excessos cometidos por alguns integrantes do aparato do Estado."

À comissão, segundo o sociólogo, não interessam apenas informações sobre os agentes acusados de violações de direitos humanos que já são em grande parte conhecidos: "Queremos saber de onde vinham as ordens para a execução dessa política".

Em encontro com jornalistas, na segunda-feira, em São Paulo, integrantes da comissão revelaram que a principal dificuldade que enfrentam é a falta de documentos da área militar sobre o período investigado. As solicitações feitas às autoridades militares são respondidas, invariavelmente, com a informação de que os documentos foram incinerados. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O jornalista Vladimir Herzog, que foi diretor de Jornalismo da TV Cultura e morreu sob tortura no período do regime militar, vai dar nome a uma praça em São Paulo. De acordo com projeto proposto pelo vereador Ítalo Cardoso (PT) e aprovado pela Câmara, a Praça Divina Providência, na Rua Santo Antonio, na região central, será rebatizada com o nome do jornalista.

Na inauguração oficial, marcada para outubro, também serão entregues uma estátua em bronze do jornalista e uma reprodução em mosaico do quadro 25 de Outubro, do artista plástico Elifas Andreato.

##RECOMENDA##

No dia 25 de outubro de 1975, Vlado, como era conhecido o jornalista, foi convocado e compareceu voluntariamente à sede do Destacamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa (DOI-Codi), do 2.º Exército, na Rua Tutoia. Na tarde do mesmo dia foi encontrado morto. Segundo a versão oficial, desmentida por presos políticos, teria cometido suicídio.

"A morte de Herzog provocou grande comoção política e acelerou o fim da ditadura", diz Cardoso. "Seu nome merece ser homenageado." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando