Tópicos | Guerra do Paraguai

Mesmo antes de assumir a presidência e durante o período de mandato, o presidente da República Jair Messias Bolsonaro exalta os militares e questiona fatos históricos acerca da violência do Regime Militar. Ele tem apoio de outros membros do alto escalão do governo, entre eles o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que frequentemente afirma que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não trará questões com “ideologia” na prova. Diante desses posicionamentos públicos, o professor de história José Carlos Mardock analisa que, na prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os temas ligados à disciplina podem trazer uma exaltação ao militarismo.

Guerra do Paraguai e República da Espada

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“Dê ênfase à formação do exército. Nós temos Guerra do Paraguai, que foi um divisor de períodos. O espírito do corpo militarista surge e se valoriza ainda no século XIX com a Guerra do Paraguai, os militares voltam defendendo a República, a abolição do trabalho escravo, voltam valorizando princípios da cidadania do novo país. Proclamam a República e aí você vai ter o Marechal Deodoro e o Marechal Floriano Peixoto”, orientou o professor.

A República da Espada, como ficou conhecido o período em que o Brasil foi governado por presidentes militares, também foi destacado pelo professor Mardock, com atenção especial ao governo do Marechal Floriano Peixoto. “Ele conseguiu consolidar a República, que no período vivia uma grave crise econômica. Era a crise do encilhamento (crise gerada pelo jurista Rui Barbosa e que persistiu até 1930). Nós temos um pacote econômico que fará parte de todas as leis econômicas praticadas desde a formação do Estado Republicano a década de 80 com a Nova República. O grande “papa” da organização econômica, da estrutura, está lá: Floriano”, disse o professor.

Abordagem do Regime Militar 

Perguntado se o Regime Militar do Brasil, que foi de 1964 a 1985, deverá ser abordado na próxima edição do Enem como uma época sem opressões, violência ou repressão, o que contraria a construção de conhecimento histórico que se tem acerca do período, o professor José Carlos Mardock diz acreditar que as questões devem tratar de um regime militar “florido”. 

“[O Regime Militar]  ganha um eufemismo, uma nova cor, uma nova luz, colocando os militares como peça chave para impedir a invasão comunista no Brasil. O presidente já deu ênfase a isso, o discurso usado na época populista ‘O Brasil não será uma outra Cuba’, foi esse o discurso dele”, disse o professor.  

Diante de declarações do presidente Bolsonaro, que nega fatos históricos a respeito do que aconteceu durante o Regime Militar e questiona o trabalho de apuração das violações de direitos humanos e crimes cometidos pelos militares na época, muitos estudantes podem se sentir inseguros com a possibilidade de questões do Enem apresentarem enunciados e alternativas que contrariem o conhecimento construído através dos livros e das aulas. Questionado sobre o que fazer caso acontecer de o fera se deparar, na hora da prova, com uma situação como essa, o professor Mardock explicou que qualquer questão que contrarie o conhecimento historicamente reconhecido não pode ter validade. 

“Até agora não foi apresentado qualquer documento comprovando o contrário do que  afirmam os livros, documentos, depoimentos, documentários nacionais e internacionais, todos oficiais, ou seja, abalizados por órgãos competentes civis e militares. Logo, uma questão que traga outro entendimento que não o reconhecido na esfera oficial seria derrubada, as escolas, cursinhos e professores vão se manifestar contra qualquer análise sem fundamento apresentada”, disse ele. Veja mais detalhes no vídeo a seguir:

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A coleção de fotografias, desenhos e mapas sobre a Guerra do Paraguai de oito instituições brasileiras receberá em outubro o certificado do Programa Memória do Mundo da Unesco, premiação para conjuntos de documentos bibliográficos que equivale ao prêmio conhecido como Patrimônio da Humanidade. Ocorrido entre 1865 e 1870, o conflito travado entre o Paraguai e a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) é considerado o mais sangrento da América Latina e deixou 300 mil paraguaios mortos.

Muitos dos documentos reconhecidos agora como Memória do Mundo não estavam disponíveis para pesquisadores e para o público. São mapas e plantas de operações militares do Arquivo Histórico do Exército, estudos do pintor Vitor Meirelles para a obra Combate Naval do Riachuelo, do Museu Nacional de Belas Artes, e fotografias, como a do Conde D’Eu em Vila do Rosario, no Uruguai, do acervo do Museu Imperial de Petrópolis.

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Da diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha saiu o desenho que ilustra o dossiê de candidatura dos documentos na Unesco. Ele mostra um soldado negro, sobre um cavalo, atravessando um rio. O desenho é de autoria do pintor italiano Eduardo de Martino, encarregado por d. Pedro II de registrar batalhas. "Ele era um correspondente de guerra. Acompanhou batalhas, desenhava o que via e documentava na forma de litografia. Esse registro é importante porque trata dos escravos que foram para a guerra. Eles ganhavam a alforria. Não lutavam em nome do País, mas para conquistar a liberdade", disse o diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferreira Júnior. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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