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O governo do presidente americano, Donald Trump, voltou atrás de forma surpreendente e desistiu de suspender os vistos de estudantes universitários estrangeiros que precisarem acompanhar as aulas remotamente devido à pandemia do novo coronavírus, após ser contestado por várias universidades e estados.

A volta atrás foi anunciada por uma juíza federal de Boston a cargo da ação apresentada pela Universidade de Harvard e o MIT contra a decisão do governo americano, anunciada no último dia 6. "As partes chegaram a uma solução (...) o governo aceitou anular a decisão", informou a juíza Allison Burroughs em breve audiência, realizada remotamente.

A ação apresentada na Justiça pelas duas universidades, que estão entre as mais prestigiadas do mundo, foi apoiada pelo estado de Nova York e por dezenas de outras instituições e sindicatos de professores. Outros 17 estados e o Distrito de Columbia entraram com uma ação semelhante contra o governo.

Empresas de tecnologia que contratam muitos estrangeiros, como Google, Facebook, Twitter e Spotify, também apoiaram a ação das universidades.

- Um milhão de estudantes estrangeiros -

Centenas de milhares de estudantes estrangeiros corriam o risco de serem deportados dos Estados Unidos, epicentro mundial da pandemia do novo coronavírus, porque suas universidades oferecerão apenas cursos remotos a partir do próximo semestre.

Harvard e MIT foram as primeiras instituições a fazerem frente à decisão da polícia migratória na quarta-feira passada, quando pediram à Justiça para bloquear a ordem, que qualificaram de "arbitrária e caprichosa".

"Parece que foi desenhada de propósito, para pressionar as universidades a fim de que abrissem seus campi para aulas presenciais neste outono, ignorando as preocupações com a saúde e a segurança de estudantes, professores e outros", declarou o presidente da universidade de Harvard, Lawrence Bacow.

Os Estados Unidos contam com cerca de 1 milhão de estudantes estrangeiros (5,5% do total) e muitas instituições dependem em grande medida do dinheiro dos mesmos. O presidente Donald Trump não reagiu à decisão.

Trump, que fez da luta contra a imigração uma marca registrada de seu mandato e aposta na reativação da economia para se reeleger em novembro, pede incansavelmente a reabertura das escolas e universidades. Apesar da pressão do presidente, vários distritos escolares, principalmente na Califórnia, onde a pandemia está em plena explosão, anunciaram ontem que os alunos só retornarão parcialmente às escolas em setembro.

As bolsas de Nova York fecharam em leve queda nesta sexta-feira, 11, em um movimento de realização de lucros depois de uma semana marcada por quatro altas consecutivas em meio aos comentários considerados "dovish" de diversos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Investidores monitoram, ainda, a paralisação do governo federal nos Estados Unidos, que caminha para se tornar a mais longa da história.

O índice Dow Jones fechou em queda de 0,02%, a 23.995,95 pontos, mas avançou 2,43% na semana. O S&P 500, por sua vez, caiu 0,01%, para 2.596,26 pontos, com alta semanal acumulada de 2,56%. Já o Nasdaq cedeu 0,21%, aos 6.971,48 pontos, e subiu 3,67% na semana.

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Os comentários do presidente do Fed, Jerome Powell, e de outros dirigentes da instituição ao longo desta semana levaram os mercados acionários a registrarem quatro altas consecutivas. Na quinta-feira, Powell afirmou que a economia americana está "sólida", mas chamou atenção para os riscos da desaceleração global, o que poderia levar o banco central americano a ser mais cauteloso em sua trajetória de aperto monetário ou até mesmo a paralisá-la.

A perda de ímpeto ao redor do globo foi classificada pelo vice-presidente do Fed, Richard Clarida, como "ventos contrários" à atividade em solo americano. Hoje, uma nova queda na produção industrial na zona do euro ecoou os comentários, também refletidos na fala de outros dirigentes. Na Itália, o recuo da atividade industrial em novembro, na comparação mensal, foi mais acentuado do que as expectativas, apontou o economista sênior do Intesa Sanpaolo, Paolo Mameli. Ele alertou, ainda, para o risco de uma recessão técnica no país. O indicador fecha uma semana em que a produção industrial da Alemanha e França também decepcionou.

O otimismo reforçado pelo Fed em relação à economia no país, no entanto, não é refletido totalmente nos dados, como indicado pela deflação mostrada pelo índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA, que recuou 0,1% na passagem de novembro para dezembro. Em base anual, o indicador mostrou avanço de 1,9%, no ritmo mais lento desde agosto de 2017, o que, para a economista-chefe da Stifel Economics, Lindsey Piegza, indica que o Fed "tem sido resistente a reconhecer sinais precoces de fraqueza da economia doméstica".

Enquanto aguardam também por mais sinais das negociações no âmbito do comércio entre as duas maiores potências do mundo, a paralisação do governo federal em solo americano chega ao 21º dia, a caminho de se tornar a mais longa da história - o que acontecerá se completar esta sexta-feira sem uma solução.

Para analistas do Swissquote, os riscos de uma extensão do desligamento da máquina pública e uma potencial declaração de emergência nacional, o que o presidente Donald Trump afirmou hoje que não fará "tão rápido", poderiam pesar de forma desfavorável nos mercados acionários, enquanto se elevam preocupações sobre os impactos econômicos que podem causar. Ontem, o JPMorgan reduziu sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) anualizado dos EUA no primeiro trimestre de 2019, de 2,25% para 2,0%, por conta da paralisação.

Há, ainda, a expectativa pelo início da temporada de balanços relativos ao quarto trimestre de 2018, na próxima semana, quando os principais bancos americanos divulgam resultados, assim como a Netflix. O papel do serviço de streaming avançou 3,98% hoje, depois que analistas elevaram sua recomendação e preço-alvo da ação, como o UBS.

A ação da General Motors (+7,05%) também saltou após a empresa elevar a projeção de lucro em seu guidance para 2018, antes de divulgar os resultados completos, no mês que vem. A companhia afirmou ainda que seus resultados finais devem crescer em 2019, já que espera que a demanda por automóveis permaneça resiliente em seus dois maiores mercados - China e EUA.

A administração de Donald Trump pretende eliminar o reconhecimento de pessoas transexuais, criando uma definição de gênero baseada na designação determinada pela genitália ao nascer, informou neste domingo (21) o jornal "The New York Times". Se realmente adotada, essa mudança legislativa deve afetar cerca de 1,4 milhão de cidadãos americanos que definiram o seu gênero a partir de uma identitária escolha individual.

Decisões tomadas pelo governo do antecessor Barack Obama haviam flexibilizado o conceito de gênero em programas federais, ao inclui-lo em educação e saúde, reconhecendo o gênero como uma escolha individual que não pode ser determinada pelo sexo biológico. Tal política levantou discussões sobre banheiros, dormitórios e sobre outras áreas onde o gênero era visto como algo simples.

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Conservadores, principalmente cristãos evangélicos, ficaram revoltados com as medidas adotadas por Obama. Hoje, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS, na sigla em inglês) busca esforços para estabelecer uma definição legal de sexo sob o "Título IX", a lei federal de direitos civis que proíbe a discriminação em programas educacionais que recebam assistência governamental, segundo memorando obtido pelo jornal.

O Departamento afirmou, em memorando, que as "agências governamentais precisam adotar uma definição de gênero explícita, com base biológica clara, fundamentada na ciência e objetiva". A definição proposta, então, era definir sexo somente como masculino ou feminino, imutável e determinado pela genitália com a qual a pessoa nasce. Assim, qualquer disputa sobre o sexo de alguém seria resolvida com teste genético. A medida faz parte de uma série de manobras que têm causado preocupação à comunidade LGBT+ americana, uma vez que a administração Trump já tentou barrar as pessoas trans do acesso à carreira militar e retirou as orientações dadas às escolas públicas para que alunos trans pudessem utilizar o banheiro que quisessem.

Da Ansa

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