A General Motors do Brasil projeta dois anos seguidos de estagnação no mercado brasileiro de veículos e não pretende investir em projetos de capacidade produtiva nesse período. O desenvolvimento de um carro pequeno, na faixa de preço entre R$ 25 mil e R$ 30 mil, contudo, segue nos planos da empresa, que ainda estuda um novo plano de investimento no País a ser anunciado nos próximos meses, de aproximadamente R$ 2,5 bilhões.
Em visita ao Brasil, o presidente mundial da GM, Dan Ammann, segundo na linha de comando da empresa, disse na quinta-feira, 20, que o mercado brasileiro passa por uma transição, mas a companhia não pretende mudar sua estratégia de investimentos para o longo prazo.
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Acreditamos no grande potencial do Brasil e de toda a região e vamos continuar investindo em renovação de produtos, novos motores e novas tecnologias, disse o executivo, que assumiu o cargo em 15 de janeiro, juntamente com Mary Barra, que comanda todo o grupo. Ammann é responsável pelas fábricas, planejamento de produtos e estratégia corporativa.
O executivo disse reconhecer a importância do mercado de subcompactos no Brasil (carros de baixo custo), e confirmou que a empresa trabalha num modelo global para atuar nesse segmento. Segundo Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul, o novo compacto, que deve competir com o recém-lançado up!, da Volkswagen, está sendo desenvolvido pela engenharia brasileira.
Ardila informou que a GM trabalha numa fórmula para que o novo carro possa ser vendido abaixo de R$ 30 mil, que atenda as exigências de emissões impostas pelo programa Inovar-Auto e dos consumidores em termos de segurança, conforto e tecnologia e cumpra o objetivo de custo e rentabilidade.
Tudo isso junto, segundo ele, não é fácil de se conseguir, ainda mais num modelo compacto. Daí a demora em concluir o novo plano de investimento que já tem algumas etapas definidas, mas que só será anunciado quando estiver completo.
Mercado
Ardila acredita que em 2014 e 2015 o mercado nacional deve praticamente se manter estável. No ano passado, as vendas de veículos novos caíram 0,9%, para 3,76 milhões de unidades, depois de uma década de crescimento contínuo.
Acreditamos em uma retomada de vendas a partir de 2016, disse Ardila. Ele aposta na melhora da situação fiscal e redução da pressão externa sobre o real, permitindo que os juros voltem a cair. Os próximos dois anos serão de aperto monetário e fiscal, necessários para o governo conter a inflação e melhorar as contas fiscais, mas depois a situação melhora.
Com um quadro de estabilidade, Ardila disse que não será necessário um ajuste no quadro de pessoal, o que só deve ocorrer se as vendas tiverem desempenho muito inferior ao previsto. Além da menor demanda interna, a GM vai reduzir em cerca de 50% as exportações para a Argentina, que no ano passado somaram 80 mil unidades.
O executivo vê um primeiro trimestre mais fraco que o de 2013 e acredita que, neste mês, as vendas devem ficar abaixo do inicialmente projetado pelo setor, de cerca de 255 mil veículos.
Terceira no ranking nacional de vendas, mas não muito distante da Volkswagen (segunda colocada), a GM realiza neste fim de semana o segundo feirão de fábrica deste mês em São Caetano do Sul (SP).
Recall
O presidente mundial da General Motors, Dan Ammann, reconheceu na quinta-feira, 20, em São Paulo - em visita à operação brasileira -, que a montadora demorou a adotar medidas para corrigir o defeito no sistema de ignição de modelos da marca. Problemas com a peça foram relatados há uma década, mas só recentemente a empresa anunciou um recall de 1,6 milhão de veículos vendidos principalmente nos Estados Unidos. Um outro recall de 1,5 milhão de carros, envolvendo problemas no airbag, foi anunciado nesta semana.
Estamos sendo absolutamente transparentes com os consumidores, disse o executivo. Reconhecemos o histórico antigo de problemas, estamos investigando o que ocorreu e vamos dar todo o suporte necessário aos clientes.
A GM reconhece 12 vítimas fatais de acidentes em razão do defeito e descarta declarações de seguradoras, que falam em mais vítimas.
Na quarta-feira, 19, a Toyota fez acordo com o departamento de Justiça americano e pagará R$ 1,2 bilhão para encerrar a investigação criminal de quatro anos, em razão da demora em realizar recall de 9,4 milhões de veículos, a maioria Corola, por problemas no sistema de aceleração. O acordo pode servir de modelo para autoridades que atuam no caso da GM, associado a defeito que fazia os carros pararem repentinamente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.