O Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL) representa uma das causas no atraso da oralidade e não está ligado a problemas auditivos. Os sintomas podem ser percebidos em crianças de 2 a 3 anos de idade, que não falam, demoram para pronunciar as primeiras palavras ou permanecem com o vocabulário restrito e apresentam dificuldades em formular novas frases.
Uma criança começa a pronunciar as primeiras palavras por volta dos 12 meses. Com 1 ano e seis meses, o vocabulário já deve incluir uma média de 30 palavras. Ao chegar nos 2 anos, o número chega a 150 palavras e já é possível formular pequenas frases. "Aos 3 anos, ela [a criança] pode ser compreendida por adultos fora de seu convívio sem 'tradução' dos pais. Aos 5 anos, conclui a aquisição de todos os fonemas da língua portuguesa, tem grande poder de comunicação, persuasão, inferência e consegue contar uma história ou um fato ocorrido com detalhes", explica a fonoaudióloga Juliana Trentini.
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Os primeiros três anos de vida de uma criança são essenciais para o desenvolvimento da fala e qualquer atraso constatado pelos pais neste período deve ser avaliado por um médico fonoaudiólogo. "São períodos de janela de oportunidade neurológica. Então, quando isso não acontece no momento oportuno, a janela se fecha. Isso não significa que não vão aprender a falar, mas que não vão conseguir falar com tanta facilidade como se tivessem recebido suporte adequado", alerta Juliana.
Exercícios caseiros que visam prevenir qualquer tipo de transtorno na fala devem ser feitos apenas com a orientação de um fonoaudiólogo. Contudo, algumas práticas podem ser feitas para evitar problemas futuros, como ficar atentos ao uso excessivo de chupetas e mamadeiras, conversar com o bebê sempre que possível e incluí-lo na rotina familiar. "Também é recomendável não o deixar muito tempo com telas, ver se a criança está respirando bem pelo nariz e se não estiver, procurar atendimento específico para saber se ela tem alguma obstrução", orienta a fonoaudióloga.
É comum os pais não levarem a sério o atraso de linguagem e acreditarem que o problema se resolverá de maneira natural. "Existe a crença de que tudo bem se a criança não falar antes dos três anos, de que vale a pena esperar, mas a linguagem é um indicador importante do desenvolvimento neurológico. Se ela tem dificuldade, talvez não consiga atingir seu potencial e pode ser um tempo precioso de intervenção que não está sendo aproveitado", comenta Juliana.
No ambiente moderno, as crianças ficam em apartamentos fechados na frente da TV, usam chupeta e não estão inseridas no ambiente social, o que pode desestimular o desenvolvimento da fala. Outro erro apontado pela fonoaudióloga é dos pais acreditarem que tudo será resolvido na escola, quando o ambiente escolar só pode oferecer o estímulo para a criança falar.
O tempo de desenvolvimento da fala deve ser decidido pelo fonoaudiólogo e essa é uma decisão que não cabe aos cuidadores da criança. "Eles podem acompanhar os marcos de desenvolvimento, mas se não houver uma evolução, precisa procurar um especialista", finaliza Juliana.