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O jornal britânico Financial Times publicou nesta segunda-feira, 1º de novembro, um duro editorial contra o presidente da República, Jair Bolsonaro. De acordo com o texto, intitulado "As falhas de Jair Bolsonaro vão muito além da pandemia", o veículo diz que o presidente se mostrou incapaz de gerir as crises econômica e social que assolam o País, cometeu prevaricação na compra de vacinas contra a Covid-19 e terá uma "luta difícil" pela reeleição, diante de uma recuperação vacilante da economia.

"Ao entrar no último ano de seu mandato, Bolsonaro se mostrou incapaz de administrar a economia ou a pandemia, e a maior nação da América Latina está pagando um preço alto", afirma o FT, que cita as mais de 600 mil mortes pelo novo coronavírus e diz ser "fácil" culpar o presidente pela magnitude da crise causa pela covid-19. "Suas tentativas de minimizar a pandemia como uma gripezinha, sua prevaricação sobre as vacinas, sua veemente oposição às restrições sanitárias e sua promoção obstinada de remédios duvidosos forneceram ampla evidência para os críticos", destaca o jornal.

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A publicação britânica cita ainda os processos que podem ser enfrentados por Bolsonaro, como os pedidos de indiciamentos presentes no relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. "Poucos presidentes em exercício enfrentam tantos problemas jurídicos quanto o líder de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro", afirma o jornal no começo do editorial. "A Suprema Corte está investigando alegações de que ele e seus filhos políticos espalharam notícias falsas deliberadamente. Ativistas ambientais querem que o Tribunal Penal Internacional o investigue por crimes contra a humanidade por seu suposto papel na destruição da floresta amazônica", acrescenta.

O FT, no entanto, vê poucas chances dos casos prosperarem na Justiça, devido ao alinhamento ao Palácio do Planalto do procurador-geral da República, Augusto Aras, e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). "A Suprema Corte, por sua vez, reluta em provocar uma crise constitucional e levar um presidente em exercício a julgamento", afirma o texto sobre o Supremo Tribunal Federal.

'Farra de gastos'

Com a via judicial "bloqueada" por questões políticas, o jornal britânico aposta na economia como a pedra no sapato para os planos políticos de Bolsonaro. "A ameaça mais potente às esperanças de reeleição de Bolsonaro pode muito bem vir a ser econômica, em vez de legal", avalia o editorial. "A rápida recuperação econômica do Brasil da pandemia está vacilando; alguns analistas estão prevendo que o crescimento ficará negativo no próximo ano. O mercado de ações está tendo sua pior performance desde 2014, o real enfraqueceu e o prêmio de risco do País subiu."

O FT chama o plano do Executivo de pagar R$ 400 no novo Auxílio Brasil apenas em 2022 de "farra de gastos pré-eleitorais". "A indisciplina fiscal do governo e o espectro da inflação de dois dígitos já levaram o Banco Central independente a aumentar as taxas de juros", afirma o texto.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, é lembrado como um ex-guru da ortodoxia fiscal e, hoje, como alguém que cedeu ao financiamento do programa social com viés eleitoral. A debandada de sua equipe após a alteração no teto de gastos também é citada. "Quatro de sua equipe renunciaram à decisão; Guedes pode vir a desejar tê-los ouvido com mais atenção", diz o FT.

A vacina contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) desenvolvida pela Universidade de Oxford, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, teria apresentado uma "resposta robusta" entre pessoas com mais de 55 anos, revelou o jornal britânico "Financial Times" nesta segunda-feira (26).

Segundo a publicação, os resultados da ChAdOx1 n-CoV19 entre os idosos apresentou uma eficácia similar àqueles que têm entre 18 e 55 anos e os dados oficiais serão divulgados em breve em "revistas científicas". A boa notícia é que os mais velhos também conseguem ativar os anticorpos protetores e as células T, assim como os mais jovens.

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Os idosos estão entre o grupo de mais alto risco para contrair o novo coronavírus e são a faixa etária que mais apresenta óbitos em todo o mundo. Por conta disso, a maior parte das vacinas em teste estão separando os voluntários em grupos de pessoas entre 18 e 55 anos e em outro apenas por pessoas acima dessa idade.

Isso porque, com o passar dos anos, o corpo humano vai perdendo a capacidade de autodefesa e os cientistas querem entender a eficácia da imunização.

Apesar da notícia ser positiva, ainda deve ser vista com cautela, já que não se sabe ainda a eficiência contra a Covid-19 porque a fase três de testes - a última etapa - ainda está em andamento em diversos países.

A Oxford e a AstraZeneca já entraram com um pedido de registro de urgência na Agência Europeia de Medicamentos (EMA), assim como as desenvolvidas pela empresa alemã BioNTech e a Pfizer e pela norte-americana Moderna. A vacina britânica é apontada como uma das mais promissoras do mundo.

Conforme dados da Universidade Johns Hopkins, já são mais de 43,1 milhões de casos de Covid-19 registrados desde janeiro no mundo, com 1.154.703 óbitos. 

Da Ansa

O jornal britânico Financial Times publicou editorial neste domingo intitulado "Jair Bolsonaro deflagra temores pela democracia brasileira". No texto, o periódico menciona o estreito vínculo do presidente brasileiro com o Exército e seu aval a manifestações que vêm pedindo a volta da ditadura militar, relata os embates recentes do Executivo com instituições do País e alerta para o risco "real" à maior democracia da América Latina.

O FT lembra das semelhanças de Trump e Bolsonaro, conhecido como "Trump Tropical", mas destaca a possibilidade de o brasileiro "minar" instituições. Segundo o FT, Trump e Bolsonaro são nacionalistas que "proferem o amor a Deus e às armas", a propensão para governar por meio do Twitter e um apreço por estimular suas bases com uma retórica de divisão. "No Brasil, contudo, há uma possibilidade mais preocupante: que Bolsonaro, cada vez mais apavorado, esteja desiludido com o processo democrático pelo qual assumiu o cargo e queira minar as instituições que sustentam o País", alerta o jornal.

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O período britânico lembrou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, alertou seus pares no fim de semana passado que o Brasil se parecia à Alemanha nazista. "Pode soar exagerado, mas poucos presidentes eleitos considerariam participar de uma manifestação na qual manifestantes pedem que o Congresso e a Suprema Corte sejam fechados e substituídos pelo regime militar", diz o FT no editorial. "Foi o que Bolsonaro fez - não uma vez, mas várias vezes", continua, lembrando que o ex-secretário de Cultura, Roberto Alvim, foi "forçado a se demitir" após ter citado frase do ministro da propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels.

Segundo o Financial Times, após uma ditadura militar que durou mais de 20 anos, deixando o País em "caos econômico e dívida externa em espiral", assim como "cicatrizes profundas da perseguição e assassinato de centenas de opositores políticos", a democracia da maior nação da América Latina fez "grandes progressos".

O FT cita, por exemplo, a Constituição de 1988, a retirada dos militares do poder e o surgimento de novas instituições civis, como o STF, o Congresso e "uma vibrante e independente" imprensa. "Estas instituições agora atraem a ira de Bolsonaro", afirma o jornal britânico, referindo-se à investigação sobre o esquema de distribuição de notícias falsas envolvendo os filhos do presidente e ao pedido de apreensão do celular de Bolsonaro em meio a investigações sobre interferência na autonomia da Polícia Federal.

Ao fim do artigo, o Financial Times alerta para o temor dos brasileiros de que Bolsonaro possa estar tentando provocar uma crise entre Executivo, Legislativo e Judiciário para justificar uma intervenção militar. A tentativa ocorreria, diz o FT, em meio à queda nas intenções de voto no presidente, problemas crescentes com a pandemia de coronavírus no País, baixas expectativas quanto a implementação de reformas econômicas e saída de capital. "Até o momento, as instituições brasileiras resistiram ao ataque, com forte apoio público. É improvável que o Exército apoie um golpe militar para instalar Bolsonaro como um autocrata", afirma o FT. "Mas outros países devem observar: os riscos para a maior democracia da América Latina são reais e estão crescendo."

O jornal britânico Financial Times publicou nesta segunda-feira (25) um artigo que acusa o presidente Jair Bolsonaro de ser responsável por levar o Brasil a ser o novo epicentro da pandemia do coronavírus.

Em artigo assinado pelo jornalista Gideon Rachman, a publicação do Financial Times diz que a atuação de Jair Bolsonaro no combate à pandemia da COVID-19 é semelhante à posição do presidente norte-americano Donald Trump no que diz respeito ao apoio do uso da cloroquina, mas destaca que a abordagem de Bolsonaro é "ainda mais irresponsável e perigosa".

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"Ambos os líderes ficaram obcecados com as propriedades supostamente curativas da droga antimalárica hidroxicloroquina. Mas enquanto Trump está apenas tomando o produto, Bolsonaro forçou o Ministério da Saúde brasileiro a emitir novas diretrizes, recomendando o medicamento para pacientes com coronavírus", diz a publicação.

De acordo com o colunista, o "Brasil já está pagando um preço alto pelas palhaçadas de seu presidente" e "as coisas estão piorando rapidamente".

Lembrando que o Brasil tem a segunda maior taxa de infecção do mundo e a sexta maior taxa de mortes por COVID-19, o artigo destaca que o número de mortes no país atualmente vem dobrando a cada duas semanas.

"No estilo populista clássico, ele vive da política da divisão. O Brasil já é um país profundamente polarizado, onde as teorias da conspiração são abundantes. As mortes e o desemprego causados ​​pela COVID-19 são exacerbados pela liderança de Bolsonaro. Mas, perversamente, um desastre econômico e de saúde poderia criar um ambiente ainda mais hospitaleiro para a política do medo e da irracionalidade", completa a publicação.

De acordo com o mais recente balanço de casos de COVID-19 do Ministério da Saúde, divulgado no último domingo (24), o Brasil chegou à marca de 22.666 mortos e 363.211 casos confirmados de coronavírus.

Da Sputnik Brasil

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, foi escolhido pelo Financial Times como uma das 50 personalidades que marcaram a década. A lista, composta a partir do crivo de repórteres do jornal britânico, destacou "indivíduos que se mostraram capazes de arrancar o poder consolidado de instituições". Ele foi o único brasileiro escolhido.

"Sérgio Moro liderou uma investigação anticorrupção que abalou as estruturas políticas da América Latina", diz o jornal.

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A publicação diz que as investigações sobre os pagamentos de propina envolvendo a construtora Odebrecht levaram à prisão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. O jornal ainda cita o envolvimento em escândalos de corrupção de quatro ex-presidentes peruanos.

O jornal lembra, ainda, a indicação política para ser ministro do governo do presidente Jair Bolsonaro. "Um movimento rumo à política que atraiu dúvidas sobre a sua independência enquanto juiz, mas que pode colocá-lo no caminho para disputar a presidência."

O RenovaBR negou, por meio de nota, que o empresário Jorge Paulo Lemann seja um de seus financiadores. Segundo texto enviado pela assessoria de imprensa do movimento, a lista com todos os doadores está aberta no site renovabr.org.

O esclarecimento vem após o jornal britânico Financial Times, em matéria sobre os choques do RenovaBR e outros movimentos similares com os tradicionais partidos políticos do País, citar Lemann como um dos financiadores do movimento, com a informação reproduzida pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

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A matéria do FT escolheu, para conduzir o texto, a deputada Tabata Amaral, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), denominada um "respiro de ar fresco" para muitos brasileiros moderados, exaustos pelas constantes controvérsias em torno do presidente Jair Bolsonaro.

A publicação descreveu que a parlamentar de 25 anos é formada em Harvard e emergiu nos últimos meses como uma estrela em ascensão da política brasileira e um contraponto ao presidente Jair Bolsonaro. Explicou também que faz parte do RenovaBR, uma organização que se autodenomina uma escola de treinamento apartidária, com o objetivo de criar uma nova geração de políticos brasileiros éticos, imaculados pela corrupção e pelo sistema partidário cínico brasileiro.

O FT identificou o movimento como "uma das forças políticas mais poderosas do País" desde que os escândalos da Lava Jato abalaram o Brasil e prevê um desempenho "importante" nas eleições municipais.

A crescente popularidade do grupo, no entanto, colocou-o em rota de colisão com os partidos tradicionais, de acordo com o veículo britânico. As siglas temem que os parlamentares eleitos com o apoio do RenovaBR sejam leais ao movimento, e não ao partido.

O assassinato há pouco mais de um ano da vereadora do PSOL Marielle Franco chamou a atenção para uma ameaça diferente e paralela no Brasil, segundo o jornal britânico Financial Times: as milícias do Rio de Janeiro.

O texto, publicado na seção "A grande leitura/Américas", explica que as milícias são gangues paramilitares assassinas, lideradas por policiais e ex-policiais, que surgiram nas últimas duas décadas como uma ameaça à segurança pública e à integridade do Estado.

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Marielle, que foi chamada pelo diário de "Alexandria Ocasio-Cortez da política brasileira", é descrita como uma oradora pública articulada e carismática e que tinha uma campanha contra a corrupção e a violência policial. Para o jornal, sua atuação a tornou uma estrela em ascensão da política do Rio de Janeiro, uma conquista improvável para uma mulher negra e gay de uma das favelas da cidade.

O FT relata que dois homens foram presos como suspeitos de assassinato, ambos ex-policiais, e a apreensão da "maior quantidade de armas ilegais já feita no Brasil" na mesma operação no chamado "Escritório do Crime".

O assassinato de Marielle, continua o periódico, também levanta questões desconfortáveis para Jair Bolsonaro, o novo presidente de extrema-direita do Brasil. "Figuras de longa data na política do Rio, Bolsonaro e seus filhos têm uma história de se associar com pessoas próximas de membros conhecidos e suspeitos da milícia", explicou.

Além disso, o veículo britânico ressalta que os holofotes sobre as milícias se chocam com o plano de segurança que Bolsonaro está propondo e a filosofia que o ajudou a ser eleito.

O presidente acredita que a polícia deveria ter mais liberdade para contra-atacar suspeitos de crimes. No entanto, enfatiza a publicação, a morte de Marielle sugere que a raiz de pelo menos parte da violência que atinge tantas cidades brasileiras é o "olho cego" que as autoridades lançam sobre as milícias, que, por sua vez, agem como um Estado quase paralelo.

O FT recorda que, no início, as milícias ofereciam proteção às empresas locais a um preço modesto que muitos estavam dispostos a pagar. De lá para extorsão foi um passo curto, e logo as milícias estavam vendendo proteção contra si mesmas. Eles se expandiram para outros serviços: transporte público informal, distribuição de gás de cozinha, TV a cabo pirata, venda e aluguel de imóveis comerciais e residenciais e muito mais.

A linha de negócios mais lucrativa para as milícias tem sido o setor imobiliário e direitos de terra, conforme a reportagem, justamente a questão principal do trabalho da vereadora na época de sua morte.

Nos últimos 20 anos, muitas novas milícias foram formadas: um estudo do ano passado descobriu que estavam presentes em 165 favelas e em outros 37 bairros da cidade do Rio, áreas da cidade que abrigam uma população combinada de mais de 2 milhões de pessoas. "Eles distribuem a justiça muitas vezes horrível e letal, projetada para dar o exemplo, às vezes para o comportamento criminoso, às vezes para atos de desobediência, como comprar gás de cozinha do distribuidor errado", pontua a publicação.

O texto de 36 parágrafos, acompanhado por muitos gráficos, mapas e fotos, continua dizendo que a presença dessas milícias assombra a cidade e cita uma pesquisa do mês passado que descobriu que os moradores do Rio tinham mais medo das milícias do que das gangues de drogas.

"O medo do aumento da violência urbana foi uma das principais questões que permitiram a Bolsonaro chegar ao poder da quase obscuridade no ano passado. Enquanto os brasileiros esperavam virar as costas ao Partido dos Trabalhadores (PT) de esquerda, que havia gerado uma recessão esmagadora em 2015-16 e estava envolvido em um esquema de corrupção multibilionário, Bolsonaro também fez durante a campanha a promessa de enfrentar uma aumento do crime".

As autoridades de Hong Kong deram prazo de uma semana para um jornalista britânico do Financial Times (FT) abandonar o território, depois que o governo local se recusou a renovar o visto de trabalho.

Victor Mallet, diretor de redação do FT na Ásia, também é vice-presidente do Clube de Correspondentes Estrangeiros (FCC), uma instituição na ex-colônia britânica.

O FCC, que convida regularmente personalidades de todos os âmbitos para suas conferências abertas a seus membros e à imprensa, provocou a indignação das autoridades chinesas ao convidar em agosto Andy Chan, líder do Partido Nacional, pequena formação que defende a independência de Hong Kong.

As autoridades de Hong Kong tentaram impedir a conferência, mas o evento aconteceu e foi apresentado por Mallet.

Na semana passada, o visto de trabalho de Mallet não foi renovado.

O FT informou que o jornalista recebeu, em seu retorno a Hong Kong no domingo, um visto de visitante de sete dias.

Normalmente, os cidadãos britânicos entram sem visto na ex-colônia e podem permanecer por até 180 dias.

O FT indicou que o serviço de imigração não apresentou nenhuma explicação para o visto de apenas sete dias a Mallet.

A pouco mais de uma semana para as eleições 2018, o jornal britânico de economia Financial Times apresenta um raio X dos principais candidatos, salientando que eles estão pulverizados da esquerda até a extrema direita. "Para os mercados, dizem alguns analistas, (a eleição) está se transformando em um 'cenário de pesadelo' - a esquerda contra a extrema direita - e poderia condenar o Brasil a mais quatro anos de lutas políticas terríveis", trouxe o diário.

Salientando que se trata de uma das eleições mais imprevisíveis e polarizadoras da história recente da maior economia da América Latina, a publicação enfatiza que os investidores estão cada vez mais preocupados que os eleitores possam eleger um presidente que não esteja disposto ou seja incapaz de implementar reformas econômicas necessárias, mas politicamente difíceis, para consertar os desequilíbrios fiscais.

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Depois de ser esfaqueado em um comício de campanha no início deste mês, Jair Bolsonaro, nacionalista de extrema direita e líder do primeiro turno da eleição presidencial do Brasil em 7 de outubro, tem empunhado seus dedos em fotos postadas nas redes sociais. "Eu nunca me senti melhor na minha vida", disse ele em um vídeo no Twitter na semana passada. Ele encerrou sua transmissão na mídia social com um grito lembrando "até a vitória!", de Che Guevara.

Enquanto isso, o esquerdista Fernando Haddad, o candidato substituto do Partido dos Trabalhadores, do popular ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, subiu nas últimas pesquisas, com menos de duas semanas da votação no primeiro turno. Atrás deles estão o candidato veterano de centro-esquerda Ciro Gomes, o favorito do mercado, Geraldo Alckmin, e a ambientalista Marina Silva.

"A seguir estão os principais candidatos presidenciais, segundo pesquisas recentes, que na próxima semana enfrentarão 147 milhões de eleitores - muitos dos quais estão desencantados com o status quo político do Brasil", diz a publicação.

O primeiro apresentado pelo FT é Bolsonaro, descrito como um ex-capitão do Exército que se comprometeu a manter uma agenda econômica liberal. Ele recrutou o banqueiro que estudou na Universidade de Chicago, Paulo Guedes, para administrar seu portfólio econômico. O candidato do PSL prometeu reprimir a criminalidade, conforme o periódico, e sua mensagem anticorrupção ecoa a ascensão dos movimentos populistas nos EUA e na Europa. "Mas seu estilo político faz Donald Trump parecer gentil. Ele já elogiou o ex-presidente peruano Alberto Fujimori, que virou soldados contra o Congresso e o Judiciário. Especialistas já disseram no passado que ele era muito radical para vencer, mas as pesquisas recentes indicam o contrário", aponta reportagem.

Haddad foi escolhido pelo PT depois que Lula foi desqualificado de concorrer. Advogado, economista e filósofo, herdou uma parte considerável da popularidade de Lula, que liderou as pesquisas até ser impedido de participar da eleição. Mas o ex-prefeito de São Paulo, conforme a publicação, também pode ser prejudicado por sua associação com Lula, que foi condenado no começo do ano por corrupção e cumpre pena de 12 anos de prisão. "Haddad é visto como um conservador fiscal e busca seduzir os eleitores de centro - e, ao mesmo tempo, afastar as suspeitas dos membros radicais de seu próprio partido."

Ciro Gomes, veterano candidato de centro-esquerda do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e ex-governador, apela aos eleitores que estão desiludidos com toda a roubalheira, que atribuem aos 13 anos do PT no governo de Lula da Silva e de sua sucessora Dilma Rousseff, que sofreu impeachment em 2016 por supostamente esconder um problema do déficit fiscal do Brasil.

Gomes é visto como um centrista em questões macroeconômicas, conforme o veículo britânico, mas indicou que poderia se alinhar à esquerda em outras políticas, como a ampliação dos gastos públicos. Um político do Nordeste, do Estado do Ceará, ele ocupou cargos no Congresso e no Senado, mudando de partidos ao longo de sua carreira.

Geraldo Alckmin, ex-anestesiologista e favorito dos investidores, até agora não conseguiu ganhar força com os eleitores. Analistas dizem que o ex-governador de São Paulo parece estar prestes a fracassar em sua segunda tentativa à Presidência do Brasil. O FT recorda que muitos observadores dizem que sua incapacidade de ganhar terreno se deve à falta de carisma, juntamente com a desilusão dos eleitores com os políticos do establishment, após uma série de escândalos de corrupção envolvendo a maioria dos grandes partidos - incluindo o próprio PSDB.

Marina Silva, ambientalista de centro-esquerda, disputa a Presidência pela terceira vez (Rede). O jornal salienta que a evangélica ganhou 22 milhões de votos há quatro anos, mas não conseguiu causar um impacto tão grande entre os eleitores desta vez, de acordo com pesquisas recentes. Embora Marina - que começou sua carreira política na década de 1980 trabalhando ao lado do ativista assassinado Chico Mendes - tenha mais seguidores no Twitter do que a sensação de mídia social do Brasil, Bolsonaro, ela tem sido incapaz de capitalizar esse poder e também está lutando com pouco tempo de campanha na televisão.

Em artigo publicado nesta terça-feira, 21, pelo jornal inglês Financial Times, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso rebate as afirmações feitas pelo seu sucessor na Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em texto divulgado semana passada no The New York Times, onde o petista condenado e preso pela Operação Lava Jato afirma que há um golpe de direita em andamento no Brasil para que ele não concorra às eleições deste ano.

FHC afirma que Lula retrata o País como uma "democracia em ruínas", na qual a lei foi usada de maneira arbitrária para minar o petista e seu partido, o que não é verdade.

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Em outro trecho, Fernando Henrique Cardoso também responde à declaração de Lula sobre a situação brasileira em 2003. "Também não é verdade, como Lula afirma, que o Brasil não tinha direção antes de ele assumir a Presidência, em 2003. É preciso lembrar que a estabilização depois de anos de hiperinflação começou com o Plano Real, lançado pelo ex-presidente Itamar Franco, e continuou no meu governo. Esse também foi um período marcado pelo estabelecimento de programas de bem-estar social que Lula posteriormente iria expandir", ressalta o tucano.

Em seguida, FHC diz que a visão de Lula "é uma versão peculiar das últimas décadas da história do Brasil, na qual ele, às vezes, aparece como o salvador do povo e, às vezes, como vítima de uma conspiração de "elite".

O ex-presidente escreve ainda que o caso de Lula não é isolado e que, no Brasil, há políticos de todos os partidos na prisão.

E finaliza: "É uma grave distorção da realidade, no entanto, dizer que há uma campanha direcionada no Brasil para perseguir indivíduos específicos. Meu país merece mais respeito."

Jornais da Europa destacam na manhã desta sexta-feira, 6, a possibilidade da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o impacto esperado nas eleições brasileiras. O espanhol "El Pais" destacou que Lula poderá se tornar presidiário pela segunda vez na vida.

O periódico lembrou o encarceramento do ex-presidente durante o período da Ditadura Militar no Brasil. "O herói sindical, o presidente mais popular que o Brasil já teve dentro e fora de suas fronteiras, entrará agora na prisão por uma acusação vergonhosa", diz a reportagem.

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A popularidade de Lula durante seus anos de governo também foi lembrada pelo jornal francês "Le Monde". O periódico traçou a cronologia de "ascensão e queda" do ex-presidente brasileiro, recapitulando a historia dele como sindicalista, presidente e, mais tarde, como investigado e condenado por corrupção na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Já o britânico "Financial Times" destacou o impacto nas eleições presidenciais brasileiras de 2018. Para o jornal, a ordem de prisão de Lula "abre o cenário das eleições", uma vez que ele vinha liderando as pesquisas de intenção de voto no País. Para o jornal, o pleito brasileiro deve ser "o mais imprevisível dos últimos tempos".

O jornal britânico Financial Times disponibilizou todo seu conteúdo gratuitamente para estudantes do mundo todo que tenham entre 16 e 19 anos. Em comunicado oficial, a publicação declarou que é uma forma de contribuir para a formação acadêmica dos jovens e ajudar a prepará-los para o ensino superior. A inscrição será personalizada para que, além de acessar todas as matérias disponíveis no site, os estudantes recebam conteúdo relevante baseado em suas escolhas para melhorar o currículo escolar.

De acordo com um dos executivos da publicação, Caspar de Bono, o programa já mostrou resultados na Grã-Bretanha. “Estamos entusiasmados de poder oferecer aos estudantes ao redor do mundo a mesma oportunidade que as escolas do Reino Unido já oferecem. Desde o início do programa, 1,4 mil instituições dos ensinos médio e superior têm acesso ao conteúdo, beneficiando mais de 13 mil estudantes”, declarou. Os estudantes do Reino Unido começaram a ter acesso as publicações em junho de 2017.

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O Financial Times foi um dos primeiros jornais a adotar o sistema de paywall, que é quando a publicação restringe o acesso ao conteúdo exclusivamente aos pagantes. O jornal possui quase 1 milhão de assinantes ao redor do mundo, contabilizados impresso e digital.

O eventual retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem afirmado que pretende concorrer ao Palácio do Planalto em 2018, é mais uma "dor de cabeça" para o presidente Michel Temer, no momento em que o atual governo enfrenta dificuldades para aprovar a reforma da Previdência em curso na Câmara dos Deputados e tem integrantes envolvidos na ampla investigação de corrupção no Brasil, destaca o jornal britânico "Financial Times", em reportagem divulgada nesta quinta-feira (20).

Citando um vídeo recente em que o líder do Partido dos Trabalhadores exalta seus oito anos à frente do poder, entre 2003 e 2010, quando a economia brasileira esteve entre as de maior crescimento no mundo, o "FT" diz que "o carismático" Lula "deu o pontapé inicial no que muitos acreditam que pode se tornar uma das mais notáveis tentativas de retomada política do Brasil". No vídeo, o petista ataca o governo Temer e faz críticas à reforma da Previdência. "Eles querem retirar os direitos dos trabalhadores e dificultar a aposentadoria", acusa o ex-presidente.

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O FT salienta, no entanto, que Lula enfrenta investigações por corrupção em processo conduzido pelo juiz federal Sérgio Moro no âmbito da Lava Jato e que, se for condenado e a decisão for mantida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), se tornará inelegível em 2018, conforme a lei eleitoral brasileira.

O jornal britânico pontua também que grande parte da corrupção que tomou conta da Petrobras teve início durante o governo de sua sucessora, a ex-presidente Dilma Rousseff.

A reportagem lembra, por outro lado, que um dos delatores da Odebrecht afirmou à Procuradoria-Geral da República (PGR) na semana passada que Temer comandou em 2010, quando candidato a vice-presidente da República, uma reunião na qual se acertou pagamento de propina de US$ 40 milhões ao PMDB.

O "FT" pontua que a reforma da Previdência é vista como crucial para a sobrevivência política da base de Temer e para a recuperação da economia brasileira, que enfrenta a pior recessão de sua história.

Disputa eleitoral

Apesar da possibilidade de Lula se tornar inelegível, o FT deu destaque à pesquisa de intenções de voto da CNT/MDA divulgada no último sábado, 15, que revelou que, se as eleições presidenciais fossem hoje, o ex-presidente venceria a disputa com os demais adversários.

De acordo com o levantamento, o petista apresenta hoje 30,5% das intenções de votos contra 11,8% de Marina Silva; 11,3% do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). A publicação lembra ainda que Lula chegou ao fim de seu mandato, em 2010, com 83% de aprovação depois de um boom econômico em que a classe média brasileira cresceu respondendo por quase metade da população.

O "Financial Times" ressalta também que, caso concorra novamente à Presidência no ano que vem, Lula pode ter que enfrentar "extraordinários" novos concorrentes, como o empresário e recém-eleito prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), citado como um "outsider" da política. "Assim como o presidente dos EUA, Donald Trump, Doria é um grande usuário de redes sociais que apresentou a versão brasileira do programa 'O Aprendiz'", compara a reportagem do FT.

Numa longa reportagem com várias fotos e gráficos, o site do jornal britânico Financial Times trouxe nesta quarta-feira, 28, mais um recorte da corrupção no Brasil. Com o título "Odebrecht: uma máquina de suborno brasileira", a publicação cita que uma multa recorde por pagamentos ilegais levanta esperança de um fim para uma cultura de impunidade no País.

O periódico lembra que a empreiteira foi responsável pela renovação do estádio do Maracanã (Rio de Janeiro) para a Copa 2014, desenvolveu uma das maiores hidrelétricas da África e construiu um porto de US$ 1 bilhão em Cuba. "Mas agora a Odebrecht, o maior grupo de construção da América Latina, corre o risco de ser mais conhecida por criar uma das maiores máquinas de suborno da história corporativa."

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O FT cita que, na semana passada, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos descreveu a operação, que canalizou quase US$ 788 milhões para políticos e funcionários de uma dúzia de países, como um "esquema de corrupção e suborno incomparável". A empresa terá agora que pagar uma multa recorde de pelo menos US$ 3,5 bilhões. O escândalo que destruiu a Odebrecht e ameaça derrubar políticos no Brasil teve um início discreto na divisão de operações estruturadas da empresa.

Com trechos de depoimentos da secretária da empresa Maria Tavares, o jornal cita pagamento para políticos e funcionários públicos que se estende de Brasília a Maputo, em Moçambique. A operação, que teve início em 2001, era sofisticada, conforme descreve o Financial Times. Contava com computadores e sistemas de e-mail separados, códigos para beneficiários e, mais tarde, até a compra de um banco, o Antígua, onde os corruptos podiam abrir contas e receber pagamentos diretos.

A publicação dá mais detalhes sobre como as operações ocorriam e comenta que sua existência por tanto tempo e em tantos locais tem abalado a realização de negócios do Brasil. "Jamais o sistema político e econômico foi atingido tão profundamente", disse o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes ao FT.

A reportagem também salienta que, como muitos pagamentos foram feitos por meio de sistemas bancários legítimos, o escândalo também levanta questões sobre requisitos globais de conformidade, particularmente no mundo em desenvolvimento, onde a Odebrecht pagou dezenas de altos funcionários públicos. Segundo o jornal, o episódio também é uma ameaça para o governo do presidente Michel Temer, que tenta reativar a economia.

O periódico informa aos leitores que depoimentos detalhados foram dados por cerca de 80 executivos da empreiteira, incluindo seu ex-presidente executivo da família fundadora, Marcelo Odebrecht. O conteúdo ainda não foi divulgado. Vazamentos, no entanto, citam implicação de Temer e do PMDB, que negam envolvimento. "A investigação da Odebrecht e uma investigação mais ampla sobre a corrupção por grupos de construção e políticos na estatal Petrobras, conhecida como Lava Jato, estão mudando a cultura da impunidade no Brasil".

O FT traz também um pequeno perfil de Marcelo Odebrecht, neto do alemão Norberto, que fundou a empresa. O grupo, cita a reportagem, emprega 128 mil pessoas de 70 nacionalidades e opera projetos que vão desde portos, barragens, redes de metrô, rodovias e uma base de submarinos nucleares em países como Estados Unidos, Angola e Panamá.

Em uma longa entrevista exclusiva ao jornal britânico Financial Times, a ex-presidente Dilma Rousseff salientou que uma autoridade mulher é chamada de "dura", enquanto um homem é chamado de "forte". Para ela, o governo à frente do País hoje é formado por "velhos brancos ricos ou, pelo menos, daqueles que querem ser ricos". Dilma foi afastada num processo de impeachment em maio de 2016 e falou ao periódico sobre a "impressionante mudança" de sorte e sobre seus planos futuros.

O espaço concedido a Dilma faz parte de uma série de entrevistas e perfis exibidos pela publicação nesta quinta-feira (8) com as consideradas "Mulheres do Ano". Além de Dilma, também há entrevistas com a primeira-ministra britânica, Theresa May; com Simone Biles, considerada a maior ginasta de todos os tempos; com a escritora e apresentadora de TV britânica do ramo de culinária Mary Berry, e um perfil da gerente de campanha do então candidato Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, Kellyanne Conway, entre outras.

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"Para uma mulher que acabou de suportar um duro período de seis meses de julgamento político, que resultou em seu impeachment, a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff parece incrivelmente relaxada", avaliou logo no início da entrevista o chefe da sucursal do FT no Brasil, Joe Leahy. A entrevista com a "primeira mulher presidente do maior país da América Latina" foi concedida em um hotel em Porto Alegre.

Dilma, que tem 68 anos, enfatizou sua nova paixão: andar de bicicleta - um hobby que adquiriu ainda quando estava no Palácio do Planalto e que continua a praticar na capital gaúcha, onde começou sua carreira política. "O lado sério de Dilma - uma ex-guerrilheira marxista que conquistou o cargo em 2010 com o apoio do que era então um dos movimentos operários mais bem-sucedidos do mundo, o PT, nunca está longe, no entanto."

Leahy descreve que Dilma mostra uma indignação nervosa, por exemplo, em qualquer menção sobre o governo que a substituiu, liderado pelo seu ex-vice-presidente e inimigo político, Michel Temer. "É um governo de velhos brancos ricos ou, pelo menos, daqueles que querem ser ricos", disse ela, insinuando uma longa lista de acusações de corrupção contra os membros da coalizão de Temer.

A reportagem salienta que a ex-presidente ainda deve estar chocada com a reviravolta de sua sorte - uma inversão que correspondeu à de sua nação, que passou de um milagre econômico de mercado emergente a um desapontamento em poucos anos.

Truques orçamentários

O FT explica aos leitores britânicos que Dilma saiu do poder em maio e que foi expulsa da Presidência em agosto, depois que o Senado a considerou culpada por uma série de manobras fiscais usadas para estimular a economia e disfarçar o pior do déficit orçamentário visto no Estado.

Ela alega que os mesmos truques orçamentários foram usados pelos seus antecessores, mas a reportagem cita que, pela primeira vez desde antes da segunda guerra mundial, seu governo foi o primeiro a ter as contas rejeitadas pela fiscalização das finanças públicas, o TCU.

"No final, o processo de impeachment foi um julgamento político - a verdadeira razão pela qual ela perdeu o poder foi a queda da popularidade em meio a uma recessão crescente e uma investigação de corrupção na estatal Petrobras", considerou o jornal.

Essa situação, lembra o correspondente, mostra um forte contraste com sua posição de seis anos atrás, quando sua popularidade dava inveja a qualquer líder mundial.

Para o periódico, ela foi a mulher que finalmente quebrou o teto de vidro na política brasileira, que se colocou como campeã das minorias e dos pobres por meio de programas como 'Sem Miséria' - enviando assistentes sociais para auxiliar os desamparados e garantir a seus regimes de assistência social.

"Eu acho que a oligarquia tradicional brasileira ficou chateada com essa pequena (redistribuição da riqueza)", disse Dilma. "Após séculos de exclusão, este foi um esforço muito pequeno na inclusão. Não foi fantástico; precisa ser muito mais do que o que fizemos", continuou.

Mal-humorada amigável

A imagem pública da ex-presidente é de uma líder mal-humorada, mas pessoalmente ela pode ser informal e amigável, conforme o entrevistador. A reportagem é entremeada por várias fotos em preto e branco da ex-presidente, feitas durante a entrevista. Dilma, de acordo com o jornal, vestia uma de suas "roupas de poder".

O periódico também comenta que ela é famosa por usar várias vezes a palavra "querido" durante uma conversa. "Mais uma tecnocrata do que uma política natural, se vê que Dilma fica mais feliz quando discute os detalhes do orçamento federal, apoiada pelo PowerPoint", considerou o FT.

Outra qualidade que a define, de acordo com a publicação, é seu dogmatismo. O Financial Times conta que Dilma nasceu em 1947, em Belo Horizonte, e que começou a combater a então ditadura militar do país com apenas 16 anos. Conheceu o advogado Carlos Franklin Paixão de Araújo, pai de sua única filha, antes de ser presa por três anos pelos militares em 1970. "Ela foi torturada, uma experiência que lembrou a seus oponentes durante o processo de impeachment para mostrar que ela sabia como resistir a qualquer coisa", citou a reportagem.

Detalhando o perfil da ex-presidente, o jornal lembra que a primeira vez que Dilma foi eleita, já foi para a Presidência em 2010, depois de ter sido ministra no governo de seu predecessor e mentor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O FT destaca que Lula deixou para sua sucessora um crescimento econômico de 4% ao ano, em média. Já Dilma entregou a Temer, neste ano, uma economia que estava se contraindo quase na mesma proporção - considerada a pior recessão do Brasil em mais de um século.

A reportagem comenta que economistas do setor privado culpam Dilma por esse quadro. O argumento dos analistas apontado pelo Financial Times é o de que, embora o Brasil tenha sido atingido pela queda das commodities, suas políticas econômicas intervencionistas - como tentar controlar os preços dos combustíveis e da energia - minaram a confiança das empresas.

"Mas qualquer pessoa que espere um mea culpa será decepcionada. A crise financeira global está por trás dos problemas da economia, diz ela, enquanto o Congresso congelou suas tentativas de introduzir reformas, incluindo aumentos de impostos para deter uma explosão no déficit orçamentário."

Loucura

Para Dilma, a proposta de Temer de congelar o crescimento dos gastos orçamentários por 20 anos é uma "loucura". "Durante uma recessão, uma política de austeridade é o suicídio", disse ela. "No curto prazo, você tem que aumentar o investimento público."

Dilma chama seu impeachment de um "golpe". O jornalista questiona, então, por que ela não permaneceu no palácio presidencial de Brasília (citado como uma das obras-primas do arquiteto Oscar Niemeyer), em um posicionamento de resistência como a jovem guerrilheira teria feito. A ex-presidente responde que a luta atual é diferente. E argumentou que, em todos os lugares, o 'neoliberalismo' está ruminando os fundamentos da democracia.

A melhor maneira de enfrentar essa ameaça, de acordo com ela, é usar as instituições democráticas, como quando foi ao Senado durante o processo de impeachment para enfrentar seus opositores. "Por que não poderia ceder à tentação de amarrar-me a uma das belas colunas de Niemeyer no Palácio? Porque nesta fase, a melhor arma é a crítica, a conversa, o diálogo, o debate. A verdade é o oxigênio da democracia."

Calcanhar de Aquiles

O FT destaca também menciona que, pessoas que trabalharam com ela dizem que, ao contrário de muitos políticos brasileiros, Dilma não é uma pessoa corrupta. Mas seu calcanhar de Aquiles é, sem dúvida, a Petrobras, de acordo com seus críticos. Dilma presidiu a companhia petrolífera de 2003 a 2010 como presidente da empresa e ministro da energia.

Uma investigação abrangente sobre corrupção na empresa, conhecida como "Lava Jato", revelou que alguns executivos da Petrobras conspiraram com antigos políticos e membros da coalizão do governo para extrair bilhões de dólares em subornos e propinas da empresa, muito durante seu mandato.

O jornal menciona que Dilma não foi acusada de nenhum crime. "Ela insiste que nunca suspeitou de nada - apesar de um inquérito do Congresso sobre a corrupção na empresa em 2009, quando ainda era presidente, e os custos enormemente inflacionados dos projetos da empresa", trouxe a publicação.

Dilma insistiu também durante a entrevista que, se não fossem as reformas que ela introduziu para combater a corrupção, a investigação Lava Jato nunca poderia ter acontecido.

Questionada sobre o futuro, a ex-presidente disse que não pretende mais concorrer a cargos eletivos. "Mas continuarei a ser politicamente ativa", avisou. Ela é membro do conselho da Fundação Perseu Abramo, um órgão ligado ao PT, e planeja viajar para o exterior para informar outros países sobre o retrocesso imposto pelo governo Temer.

Para as mulheres, ela queria deixar um legado de uma presidente bem sucedida, não um impeachment, disse Dilma ao periódico. "Em todo o caso, vou deixar como legado para as mulheres minha trajetória. Eu digo que nós (mulheres) não somos pessoas que desistem, que se dobram sob a adversidade." Para ela, as mulheres sempre enfrentam algum nível de discriminação, mesmo em "sociedades mais civilizadas".

Dilma, lembra a reportagem, foi frequentemente acusada de ser uma dama de ferro, supostamente tão "dura" que fez ministros chorarem em seu gabinete quando não apresentaram o dever de casa. "Quando você é uma autoridade mulher, eles dizem que você é dura, seca e insensível, enquanto um homem na mesma posição é forte, firme e encantador", comparou.

Sobre o período, Dilma brinca que o mais frustrante foi que ela foi pintada como um ogro, enquanto os homens na política brasileira ficaram "cheirando a rosas". "Um dia, depois de me cansar de ouvir o quão dura eu era, eu disse (sarcasticamente) que sim. Isso mesmo, eu sou uma mulher dura rodeada por homens doces. Todos eles são muito doces."

O jornal britânico Financial Times deu destaque nesta terça-feira (6) ao afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). "A Suprema Corte do Brasil afastou na segunda-feira (5) o chefe do Senado, Renan Calheiros, depois de ele ter se tornado suspeito em um caso de corrupção, aumentando a incerteza política no País", diz a publicação.

De acordo com o periódico, a suspensão do "poderoso líder político", que presidiu o processo de impeachment no Senado da ex-presidente Dilma Rousseff em agosto, coloca em xeque o calendário de uma agenda crucial de reforma fiscal na Casa, que está sendo proposta pelo presidente Michel Temer.

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Renan é apontado como uma figura-chave do partido de Temer, que tenta aprovar uma lei controversa para congelar os gastos fiscais em termos reais por até 20 anos. A reportagem lembra que a votação final sobre a legislação, cuja perspectiva levou os mercados a subir nos últimos meses, deve ser divulgada na próxima semana.

O FT cita que hoje o presidente deveria apresentar ao Congresso um projeto ainda mais desafiador, da reforma do sistema previdenciário, considerado "supergeneroso" no Brasil. Renan ainda pode recorrer da decisão. Para o Financial Times, a suspensão em um momento crucial da agenda legislativa é um golpe para o presidente.

O periódico relembra que o afastamento marca a terceira vez que uma figura-chave na sucessão democrática do Brasil foi removida do cargo este ano. A primeira a ser retirada foi Dilma, seguida pelo poderoso ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que agora está em prisão preventiva em um caso de corrupção na estatal petroleira Petrobrás.

Já Renan se tornou suspeito em um caso de corrupção no qual ele teria feito pagamentos fraudulentos usando dinheiro dado por uma empresa de construção civil. Ele nega.

O então presidente do Senado, relata ainda o FT, foi visto como o líder de uma iniciativa surpresa no Congresso na semana passada para introduzir medidas para combater o "abuso de autoridade", no qual a Casa procurou tornar os promotores e juízes sujeitos a julgamento por perseguir suspeitos. "O movimento foi visto como uma tentativa mal disfarçada pelo Congresso de se proteger do crescente caso da Petrobras, que ameaça implicar políticos em todo o espectro político."

Essa ação, trouxe a reportagem, fez os brasileiros voltarem às ruas no fim de semana no maior protesto no País desde o impeachment de Dilma Rousseff.

A tensão no Brasil entre o Legislativo, o governo de Michel Temer e a Operação Lava Jato ganhou as páginas do jornal britânico Financial Times nesta quinta-feira (1º). Uma reportagem sobre o assunto relata que os promotores do caso de corrupção da estatal Petrobras ameaçaram se demitir se o presidente sancionar o projeto polêmico para evitar corrupção - numa manobra que, como cita a publicação, é destinada a acabar com as investigações, de acordo com os promotores.

"A Câmara dos Deputados aprovou o projeto na quarta-feira, enquanto o País estava de luto pela perda da equipe de futebol Chapecoense em um acidente aéreo. A lei proposta permitiria que os promotores e juízes fossem processados por supostos abusos de poder contra réus em seus casos", diz o jornal.

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O periódico traz a fala do procurador Carlos dos Santos Lima, membro da força-tarefa da Lava Jato, de que se o projeto foi sancionado e não houver proteção aos promotores em relação àqueles que estão sendo acusados, haverá demissão coletiva.

O FT informa que o projeto foi visto por analistas como uma tentativa dos congressistas de se protegerem da investigação na Petrobras, na qual dezenas de políticos são acusados de conspirar com funcionários da empresa e contratados para se enriquecerem e também destinar dinheiro a seus partidos com o pagamento de subornos e propinas.

"Depois de quase dois anos e meio de investigações, Brasília está se preparando para o que se espera que seja um enorme acordo de pacto entre promotores e ex-funcionários de uma das maiores empreiteiras da Petrobras, a Odebrecht."

A publicação lembra que os promotores ainda negociam um acordo de delação com executivos da Odebrecht, que deve envolver "um grande número de políticos" que receberam financiamento secreto da empresa. O Financial Times explica também que, numa nova tentativa de acelerar a aprovação da legislação, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), quis dar urgência ao caso na Casa ontem, mas foi derrotado.

O periódico detalha que o projeto de lei foi baseado em uma petição dos promotores assinada por 2 milhões de pessoas e que sugeriu 10 iniciativas para ajudar a reprimir a corrupção no Brasil. A questão é que os parlamentares negaram alguns itens e inseriram outros seus, inclusive o de que os promotores e juízes devam ser julgados se eles avaliassem ter havido abuso de poder. O FT cita as reações negativas ao que foi feito no Congresso, como a do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

O jornal britânico Financial Times publicou reportagem na versão eletrônica em que afirma que, após a votação de domingo na Câmara, o Brasil ingressa em uma "transição arriscada". A publicação chama atenção para o risco de "vácuo no poder" no período entre o possível fim do governo Dilma Rousseff e o início do subsequente governo Michel Temer.

"Analistas e até mesmo alguns políticos da oposição temem que a votação de domingo contra Dilma pode ser o início de uma transição arriscada", cita a reportagem publicada na manhã desta segunda-feira, 18. "O período intermediário em que ela será um governante em fim de mandato, mas o senhor Temer ainda não tenha assumido o poder poderia criar um vácuo de poder".

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Além disso, mesmo após eventual posse de Temer, será preciso correr para angariar apoio e mostrar que o novo governo tem capital político. "Se ele chegar ao poder como agora parece mais provável, o senhor Temer, um advogado constitucionalista de 75 anos e três vezes presidente da Câmara, terá de agir rapidamente para garantir que ele também não será deposto", diz o FT.

Para tentar reforçar o suporte a eventual governo, o FT diz que Temer terá de atrair rapidamente apoio a um programa econômico crível, enfatizando a correção das distorções econômicas como o déficit fiscal no médio prazo, enquanto também executa reformas pontuais, como regras para exploração de petróleo, cita o FT que ouviu analistas.

Nas ruas, o FT diz que será importante que Temer sinalize com clareza qual será seu comportamento com a operação Lava Jato especialmente após rumores de que Temer poderia tentar frear as investigações. O tema é importante, diz o jornal, porque "o clima das ruas promete ser implacável".

O jornal britânico Financial Times avalia que os recentes desdobramentos da crise política colocam o Brasil à beira de uma crise institucional. "O Brasil oscila à beira de uma crise constitucional depois que um juiz bloqueou a nomeação do antecessor Luiz Inácio Lula da Silva para o gabinete da presidente Dilma Rousseff, o que gerou confrontos no Congresso e nas ruas", diz a reportagem do FT.

A edição impressa internacional do FT dá manchete ao Brasil nesta sexta-feira. "Bloqueio de Lula alimenta a raiva nas ruas, com o Brasil caindo em uma crise", diz a manchete, que é acompanhada de uma foto da presidente Dilma conversando com Lula durante a cerimônia de posse, ontem, em Brasília. Na edição britânica, o tema é o segundo principal tema da primeira página.

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A reportagem destaca que o Brasil tem vivido protestos populares após a divulgação de "gravações incendiárias" pela Justiça, que indicam a possibilidade de que a nomeação de Lula como ministro-chefe da Casa Civil pode ser parte de uma estratégia para evitar a prisão do ex-presidente. Após a divulgação das gravações, a presidente Dilma acusou a oposição de tentar um golpe contra o atual governo e o juiz Sérgio Moro de violar a Constituição, cita o FT. Já a oposição comemorou o aumento da possibilidade de impeachment.

Em outra reportagem, o FT diz que os recentes fatos políticos são surpreendentes "mesmo para os padrões políticos brasileiros", que seriam mais propensos a desdobramentos inesperados que no restante do mundo.

Nuvens políticas prejudicam as perspectivas de investimento no Brasil. Esse é o resumo de análise que ocupa a contracapa da edição impressa do jornal Financial Times desta quarta-feira, 21. Assinada pelo chefe da sucursal de São Paulo do FT, Joe Leahy, o texto destaca que a presidente Dilma Rousseff teve na última sexta-feira uma amostra do eventual custo de perder o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

A análise cita que "vários fatores afetam o mercado brasileiro". No campo doméstico, analistas ouvidos pelo FT citam que o adversário é "quase exclusivamente político". "Durante os dez primeiros meses do segundo mandato da senhora Rousseff, a estabilidade que caracterizou muito da última década da política brasileira desapareceu", cita o texto.

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"Se Dilma Rousseff queria saber o custo de perder de repente o respeitado ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ela teve uma resposta na sexta-feira. Rumores que ele estaria saindo se espalharam quando os investidores estavam indo para casa no fim de semana. Até o momento em que o governo negou oficialmente uma ou duas horas mais tarde, o real caiu cerca de 3% em relação ao dólar", analisa o FT.

Para Joe Leahy, o episódio do fim da semana passada "destaca a nova realidade de investimento no Brasil: o maior mercado de capitais da América Latina tornou-se impulsionado pelo risco político". O texto lembra que, além dos problemas econômicos, a presidente Dilma Rousseff corre o risco de ser alvo de um processo de impeachment no Congresso.

Para piorar o cenário brasileiro, o texto lembra que quadro externo tem ainda a combinação negativa para o Brasil composto pela perspectiva de aumento dos juros nos Estados Unidos somada com a desaceleração da China.

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