A tradicional Missa do Galo, celebração da véspera de Natal, sofreu adaptações no Recife diante da pandemia da Covid-19. O rito religioso normalmente realizado no Quartel da Polícia Militar no Derby, área central da capital pernambucana, para milhares de pessoas, precisou ser transferido para o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no bairro da Soledade, e aconteceu para um público restrito de 200 pessoas. A missa foi presidida pelo arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, que classificou o Natal como um sinal de esperança diante do sofrimento vivenciado pelo mundo.
“Apesar de toda a pandemia, de todo sofrimento pelo qual passa a humanidade nada justificaria não celebrarmos o Natal. O Natal é um sinal de esperança neste mundo desesperado. A esperança está aí diante de nós, anunciada. Qual o casal que não se alegra com a expectativa e nascimento do seu filhinho? É uma alegria que ultrapassa nossas emoções. As forças se reanimam. A criança é sempre um sinal de esperança”, comparou o líder religioso ao refletir leituras da bíblia.
##RECOMENDA##Em sua fala, Dom Fernando também fez menção ao livro de João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina. “Ao longo da peça, o autor mostra toda a realidade severina, mas qual é a saída e a solução que o artista encontra? É o nascimento de mais um Severino. Diante daquela criança que nasce, mesmo sendo nordestino sofrido, a criança é um sinal de esperança. Mais um Severino que nasce, mas uma esperança que se renova”, mencionou o arcebispo, reforçando: “não podemos desanimar”.
Ainda segundo Saburido, a pandemia obrigou o mundo a retomar o verdadeiro espírito de Natal. “Neste Natal nós somos obrigados a viver uma verdadeira experiência do Natal, sem ostentação, sem grandes festas, mas nesta simplicidade. Isso aí é viver o verdadeiro espírito de Natal, famílias reunidas, mas vivendo este momento com esperança. Não podemos nos entregar ao temor da pandemia. Temos que confiar na graça de Deus que não nos falta”, concluiu.