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A Pfizer anunciou nesta sexta-feira (10) que os Estados Unidos autorizaram um novo tratamento contra a enxaqueca, com a particularidade de ser um spray de via nasal.

Comercializado com o nome de Zavzpret, o tratamento recebeu autorização da Food and Drug Administration (FDA, equivalente à Anvisa nos EUA), para o tratamento da enxaqueca grave em adultos.

Em um grande teste clínico, publicado no mês passado pela revista científica Lancet Neurology, o remédio mostrou efeitos positivos para o alívio da dor, superiores aos de um placebo, às vezes em um curto período de tempo - cerca de 15 minutos após a aplicação de uma dose.

Citada em um comunicado da Pfizer, Kathleen Mullin, do Instituto de Neurologia e Dores de Cabeça da Nova Inglaterra, afirmou que "uma das características mais importantes de uma opção de tratamento grave é a rapidez de seu funcionamento".

"Como um spray nasal de rápida absorção, o Zavzpret oferece uma opção alternativa de tratamento, para aqueles que precisam de alívio e não podem tomar medicamentos orais devido a náuseas ou vômitos", acrescentou.

As enxaquecas podem ter um efeito significativo na rotina e as dores de cabeça são frequentemente acompanhadas de distúrbios visuais ou intolerância à luz.

A Pfizer disse que o tratamento estará disponível em julho de 2023 nas farmácias dos EUA.

No mês de conscientização da cefaleia, o neurologista Leandro Calia, membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC) e do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, alertou que as pessoas que costumam ter dores de cabeça, chamadas cefaleia na linguagem médica, devem procurar auxílio médico e não acreditar que a doença não tem tratamento. “Tem controle”, assegurou Calia, em entrevista à Agência Brasil.

O neurologista esclareceu que é denominada cefaleia crônica a cefaleia (dor) que ocorre mais do que 15 dias por mês, há mais de três meses. “Isso se chama cefaleia crônica diária”. Dos quatro tipos de cefaleia crônica diária, os mais frequentes são a enxaqueca crônica e a cefaleia crônica diária do tipo tensional. “Qualquer uma que durar mais de 15 dias por mês, por mais do que três meses”.

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Segundo Leandro Calia, a grande diferença entre cefaleias crônicas e cefaleias episódicas é o maior comprometimento na qualidade de vida nas pessoas que têm cefaleias crônicas. Não se deve usar também o termo enxaqueca como sinônimo de cefaleia, alertou o neurologista. “Não é a mesma coisa”.

Disse que a cefaleia pode ser secundária, quando é sintoma de alguma doença, como um tumor, meningite, Covid-19, por exemplo. Mas pode ser primária, quando é uma doença por si só, isto é, não tem outra doença causando a dor. “Aí, são centenas de tipos de cefaleia”. Cefaleias primárias incluem a enxaqueca e cefaleia do tipo tensional, a cefaleia em salva (crises de episódios frequentes). Calia advertiu que a exemplo de outras doenças, como o diabetes, por exemplo, a enxaqueca primária tem tratamento. “Tem controle”, reiterou.

Limitação

De acordo com o especialista, a primeira causa de perda de um dia de trabalho, de estudo ou de qualidade de vida é a enxaqueca, abaixo dos 50 anos de idade. “Não é uma doencinha qualquer. É uma doença que limita muito a qualidade (de vida) das pessoas. Na enxaqueca crônica, a dor perdura durante mais de 15 dias no mês”. Insistiu que a pessoa que tem enxaqueca não deve lidar a doença como se ela fosse algo banal, simples, uma coisa qualquer ou uma desculpa para não ir ao trabalho. “As pessoas confundem uma dor de cabeça leve com a enxaqueca crônica, que é um inferno”. Informou que só 30% a 40% das pessoas que têm enxaqueca crônica têm carteira assinada, porque não conseguem manter um trabalho com uma dor que dura mais de 15 dias por mês.

A importância da conscientização sobre o assunto pode ser avaliada pelos dados a seguir, indicou Leandro Calia. Somente a enxaqueca acomete 16% das mulheres e entre 4% a 5% dos homens, o que significa que 20% da população mundial têm enxaqueca. Considerando a enxaqueca crônica, que dura mais de 15 dias de dor ao mês, por pelo menos três meses ou mais, o número atinge entre 1% a 2% da população mundial. Isso significa que a cada 100 pessoas, uma ou duas sofrem dessa doença.

Calia afirmou que há uma estigmatização, ou preconceito, em relação à enxaqueca, contra as mulheres, porque a enxaqueca ataca mais a população feminina. Lembrou, ainda, que a primeira causa de incapacitação nas pessoas que deixam de ir trabalhar ou estudar, no mundo, é dor lombar. “Só que dor lombar é uma condição que vem de diversas doenças. Centenas de doenças causam dor lombar em qualquer faixa etária”. A segunda causa é enxaqueca. Mas considerando pessoas abaixo de 50 anos, a enxaqueca passa a ser a primeira causa, com impactos econômicos. “Isso é um problema mundial”.

Tratamento

No Brasil, 2% da população têm enxaqueca crônica, enquanto 20% a 25% têm enxaqueca que não chega a durar 15 dias por mês de dor, há mais de três meses. “Se forem 10 a 12 dias, não é chamada crônica”, advertiu Calia. Para tratar a dor no dia em que ela se apresenta, os especialistas fazem um tratamento de resgate, com analgésico.

Ele explicou, contudo, que “tratar é não ter dor. Tratar a enxaqueca é controlar as crises de dor de cabeça para que elas não ocorram”. A isso se denomina tratamento preventivo. “É o único tratamento que mereceria esse nome”. Tem que tratar para a dor não ocorrer.

"Hoje existem medicamentos injetáveis, administrados em pontos nas regiões frontal, occipital (posterior da cabeça), temporal e posterior do pescoço, que relaxam a musculatura. Dessa forma, impede que os neurotransmissores levem os sinais de dor até o músculo, reduzindo a percepção pelo sistema central", completou a médica neurologista e neuropediatra, Thais Villa, diretora da Sociedade Brasileira de Cefaleia, e também titular da Academia Brasileira de Neurologia e membro do Conselho Consultivo do Comitê de Cefaleias na Infância e Adolescência da International Headache Society.

Leandro Calia explicou que se a pessoa pode fazer uso de medicamentos injetáveis uma vez por mês para que diminua a frequência de dor. Isso é controle, ou seja, diminuir a frequência de dias com dor, diminuir a duração de cada dor, a intensidade da dor, aumentar o efeito positivo dos remédios analgésicos quando a pessoa está com dor. “Mesmo quando a gente não consegue zerar a dor, tendo um controle como esse, os pacientes são eternamente gratos. Eles saem do inferno. Hoje existem vários tratamentos”. O grande alerta da conscientização é mostrar às pessoas que não devem cair no pressuposto de que não há tratamento para enxaqueca crônica. “Procura o médico e vai se tratar”, recomendou Calia.

Ansiedade, estresse, depressão, rotina inadequada de sono são algumas condições que podem disparar crises de enxaqueca, que perduram por até 72 horas. Outras causas importantes são insônia, jejum prolongado, pouca ingestão de água, sedentarismo e o consumo em excesso de cafeína e bebidas alcoólicas.

Pesquisadores do Laboratório de Neurociência Aplicada (Lana), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), estão procurando pessoas com enxaqueca para participarem de uma pesquisa com estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC). A busca é para a realização do tratamento preventivo de dores de cabeça. 

Poderão participar os pacientes que sofrem com dor de cabeça, de caráter tipicamente pulsátil, unilateral, com intensidade moderada a grave, e idade entre 18 e 55 anos. Os interessados devem entrar em contato por e-mail lana.ufpe@gmail.com ou através dos telefones (81) 21267579, do Lana ou dos pesquisadores: Sérgio Rocha (81) 99770.8502 (Vivo) e Amanda Tiné (81) 99677.6155 (TIM).

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Pacientes com outros tipos de cefaleia, dores crônicas associadas a outra doença, implantes metálicos na cabeça, que tenham história prévia de crise convulsiva e/ou epilepsia não poderão participar do estudo.

Tanto a obesidade como a magreza extrema são fatores de risco para a enxaqueca, de acordo com um novo estudo realizado por um grupo de cientistas dos Estados Unidos e publicado nessa quarta-feira (12) na revista "Neurology", da Academia Americana de Neurologia.

O estudo, coordenado pela neurologista Lee Peterlin, da Universidade Johns Hopkins, concluiu que as pessoas obesas e as abaixo do peso têm, respectivamente, uma probabilidade 27% e 13% maior de sofrer de enxaqueca, em comparação aos indivíduos com peso normal.

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Os resultados se basearam na análise de 12 estudos, envolvendo 289 mil pacientes, que tinham dados disponíveis sobre enxaqueca e Índice de Massa Corpórea (IMC). "Como a obesidade e a magreza extrema são condições potencialmente modificáveis, é importante que os médicos e os pacientes de enxaqueca estejam conscientes desses fatores de risco. Agora vamos estudar se os esforços para redução ou ganho de peso podem atenuar o risco da doença", disse Lee.

O IMC é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a principal referência para a classificação das faixas de peso. O índice é determinado pela divisão do peso do indivíduo, em quilos, pelo quadrado de sua altura em metros. A obesidade é definida por um IMC acima de 30, enquanto as pessoas abaixo do peso são as que têm IMC menor que 18,5.

De acordo com Lee, a relação de risco encontrada entre obesidade e enxaqueca é moderada. A escala da relação é a mesma da observada com transtornos bipolares e doença cardíaca isquêmica - problema que causa dor e desconforto que acontece quando parte do coração não recebe sangue suficiente.

A idade e o sexo foram variáveis importantes, segundo a pesquisadores, na associação entre IMC e enxaqueca. "Isso faz sentido, já que o risco envolvido na obesidade e o risco de enxaqueca é diferente entre homens e mulheres e entre jovens e idosos. Tanto a obesidade como a ocorrência de enxaqueca são mais comuns em mulheres e em jovens", disse Lee.

A pesquisadora afirma que não se sabe ainda exatamente como a composição corporal pode afetar a enxaqueca. "O tecido adiposo, que é a gordura, secreta uma ampla gama de moléculas que poderiam ter um papel no desenvolvimento ou no desencadeamento da enxaqueca", sugeriu Lee.

Incapacitante

A enxaqueca é um tipo de cefaleia que costuma provocar dores latejantes de um lado só da cabeça, eventualmente acompanhadas de náuseas, vômitos e intolerância a sons, luz e cheiros fortes.

De acordo com o neurologista Mário Peres, do Hospital Albert Einstein, a enxaqueca acomete 15% da população brasileira em geral, mas a ocorrência é de duas a três vezes mais comum entre as mulheres. "Na região Sudeste, 30% das mulheres sofrem com as crises. A doença é uma das principais causas de falta ao trabalho. A dor é, na maior parte das vezes, incapacitante", disse Peres.

A doença muitas vezes é tratada com analgésicos, mas, de acordo com o médico, o principal tratamento é mesmo a prevenção. "As pessoas são massacradas pelas propagandas de analgésicos e acham que essa é a saída. Mas, muitas vezes, o abuso desses medicamentos pode agravar a condição", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pesquisadores descobriram o primeiro gene cuja mutação está fortemente associado à forma mais comum de enxaqueca, o que poderia abrir o caminho para uma compreensão melhor desta doença de causas desconhecidas, segundo estudo publicado esta quarta-feira nos Estados Unidos. "Trata-se do primeiro gene descoberto no qual uma mutação está relacionada com a forma mais comum de enxaqueca", explicou Louis Ptacek, professor de Neurologia da Universidade da Califórnia em São Francisco (oeste), um dos principais autores desta pesquisa.

"Isto lança uma primeira luz sobre uma doença que ainda não entendemos", disse, acrescentando que "só um número muito pequeno de pacientes com enxaqueca tem este gene mutante".

Mas o gene chamado CKIdelta "certamente não é o único envolvido na enxaqueca", destacou, dizendo-se "certo" de que "vários outros genes desempenham um papel importante". Este é o primeiro passo para compreender a enxaqueca, que afeta de 10% a 20% da população e causa "enormes perdas de produtividade", informou Ptacek à AFP. Os sintomas típicos da doença são forte dor de cabeça e hipersensibilidade ao som, ao tato e à luz.

Para este trabalho, cujos resultados são publicados na revista americana Science Translational Medicine, os cientistas fizeram um estudo genético com duas famílias em que a enxaqueca é comum. Eles descobriram que a maioria dos membros doentes de enxaqueca são portadores do gene mutante ou são filhos de pais que tinham este gene.

No laboratório, os autores do estudo descobriram que a mutação do gene CKIdelta afetava a produção de uma proteína chamada quinase CK2, que desempena um importante papel em muitas funções vitais no cérebro e no resto do corpo. "Isto nos diz que esta mutação genética tem consequências bioquímicas reais", explicou Ptacek.

Queixas frequentes de dor de cabeça em crianças devem ser levadas a sério. Um estudo recente concluiu que 7,9% das crianças brasileiras de 5 a 12 anos têm enxaqueca. O levantamento, apresentado este mês no 26.º Congresso Brasileiro de Cefaleia, é o primeiro a avaliar a prevalência da enxaqueca infantil no País.

"Ao contrário do que o leigo geralmente pensa, criança tem enxaqueca e é uma doença que traz prejuízos. Quando não recebe atendimento adequado, essa criança pode desenvolver dificuldades emocionais", diz o autor do estudo, o neurologista Marco Antonio Arruda, diretor do Instituto Glia de Cognição e Desenvolvimento. Outra conclusão é que crianças com cefaleia têm o desempenho escolar prejudicado. Os resultados completos serão publicados na edição de outubro da revista científica Neurology.

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Apenas 17,9% das crianças brasileiras nunca se queixaram de dores de cabeça, de acordo com a investigação. E, além dos 7,9% que têm enxaqueca episódica, 0,6% apresenta a forma crônica da doença, que se caracteriza por dores em mais de 15 dias por mês.

Quanto ao impacto nas atividades escolares, o levantamento descobriu que, na população com enxaqueca, o risco de ter dificuldade em prestar atenção na aula é 2,8 vezes maior do que entre as crianças saudáveis. Já o risco de ter um desempenho abaixo da média é 32,5% maior entre as com enxaqueca episódica e 37,1% maior entre as com enxaqueca crônica.

O problema também é motivo de faltas: 32,5% das crianças com enxaqueca episódica perdem dois ou mais dias de aula por causa da dor. Além disso, os sintomas de depressão e ansiedade têm um risco 5,8 vezes maior de aparecerem nas crianças com enxaqueca.

Arruda coordena uma comunidade acadêmica que integra neurologistas e educadores. Em 2008, foram recrutados 124 professores que faziam parte dessa comunidade e estavam dispostos a participar da pesquisa. Eles foram treinados para a aplicação de questionários e a colheita da amostragem ideal. No total, foram avaliadas 5.671 crianças de 18 Estados e 87 cidades brasileiras.

Para identificar os sintomas relativos à cefaleia, os professores aplicaram um questionário validado cientificamente para os pais das crianças. Já a avaliação do desempenho escolar foi preenchida pelos próprios professores. Em seguida, esses dados foram cruzados para se encontrar a relação entre a enxaqueca e os estudos.

De acordo com o neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein Mario Fernando Prieto Peres, os principais sinais de que a criança pode estar sofrendo de enxaqueca, além das queixas frequentes de dor de cabeça, são enjoo, vômito, incômodo com luz ou barulho, relato de alteração visual e de dores pulsantes.

O neuropediatra Carlos Takeuchi, do Hospital Infantil Sabará, observa que, no caso das crianças, gatilhos comuns para a cefaleia são excesso de sol, longos períodos de jejum e o consumo de alguns alimentos.

Atualmente, o tratamento para enxaqueca infantil segue três passos: analgésicos para as crises, alteração de hábitos que desencadeiam a dor e, caso as mudanças não sejam suficientes para cessar o problema, aplica-se também um tratamento profilático com medicamento de uso contínuo. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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