Tópicos | Dia Nacional dos Surdos

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) lançará em seu site oficial e nas redes sociais uma série de mensagens na Língua Brasileira de Sinais (Libras). O objetivo é orientar candidatos com deficiência auditiva e surdez para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O material deve ser divulgado nos próximos dias.

Serão dadas orientações relacionadas ao que pode ou não ser levado para o local de prova, documentos aceitos e como encontrar material de estudo em Libras, além de diversos outros assuntos relacionados aos dias da prova, marcados para 3 e 10 de novembro. De acordo com o Inep, a ação é uma forma de homenagem ao Dia Nacional dos Surdos, celebrado nesta quinta-feira (26).

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A cartilha do participante, referente à redação, também vai ser traduzida. O material esclarece a metodologia e as competências cobradas de todos os participantes. O vídeo estará disponível no YouTube do Inep em breve. Já no dia da aplicação do Enem os surdos terão auxílio especial com a utilização da videoprova, em vigor desde 2017.

Em 2018, a Plataforma Videoprova foi aprimorada. A ferramenta traz os enunciados das questões e as opções de respostas e os gabaritos em Libras, sendo um material de estudos acessível para quem precisa. Os participantes que solicitaram o atendimento especial terão tempo adicional para realização do Exame, que pode chegar até a 120 minutos por dia.  

Segundo o Inep, a Política de Acessibilidade e Inclusão, direcionada à comunidade surda que tem a Libras como primeira língua, garante editais, videoprovas, cartilhas e campanhas de comunicação em Libras, visando a inclusão e a acessibilidade do Exame Nacional do Ensino Médio.

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No Dia Nacional dos Surdos, comemorado nesta quinta-feira (26), muitos aspectos no que tange à educação desses indivíduos ainda precisam de avanços. Os surdos têm, como idioma nativo, a Língua Brasileira de Sinais (Libras), elevada à língua oficial do Brasil, junto ao português, pela lei nº 10.436 de 2002. Ainda assim, eles podem ter dificuldade na hora de se comunicar em português. 

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No Recife, a Escola Estadual Governador Barbosa Lima é a unidade de ensino estadual com maior número de alunos surdos em Pernambuco. Dos 1.046 alunos surdos matriculados na rede, 123 estudam no Barbosa Lima, segundo dados da Secretaria de Educação do Estado. De acordo com o gestor da instituição, Erick Rangel, há uma disciplina de Libras, eletiva, disponibilizada para os alunos do segundo ano do ensino médio. 

“A escola está passando para o novo formato do ensino médio. Com o aumento da grade horária, com seis aulas diárias, foram acrescentadas duas disciplinas de projeto de vida e empreendedorismo, uma de português, uma de matemática e uma eletiva. Aí, uma das eletivas é Libras”, detalha o gestor.

Para a intérprete Aldenice Pereira, que atua na escola, projetos de inclusão são importantes para criar um ambiente agradável. “Hoje temos aqui [na escola] um projeto de voleibol para surdos com a oportunidade de alunos ouvintes também participarem. Essa interação deixa a convivência e o ensino mais leve”, diz. 

Para Leandro Kléber, 19, aluno do terceiro ano do ensino médio, a comunicação entre ouvintes e surdos ainda é uma barreira. “Precisamos avançar nessa questão, para mostrar que o surdo tem identidade, para ser visto como pessoa”, conta, em Libras. Quando questionado sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Leandro mencionou a quantidade de textos em língua portuguesa. "É difícil entender os textos, porque todos são em português, outro idioma. Agora, com a prova em Libras, eu achei muito bom para a comunidade surda”, finalizou. 

Leandro se refere à aplicação de provas em Libras, por vídeo provas, iniciada no Enem em 2017, pelo Ministério da Educação (MEC). Na modalidade, o enunciado e alternativas das questões são traduzidas para a Língua Brasileira de Sinais e exibidas em vídeo para o participante surdo.

Para Wesley Paulo, 19, colega de classe de Leandro, a inclusão ainda é necessária para que os alunos ouvintes consigam se comunicar melhor em Libras. “Eles usam o português, falam o português, mas a gente ainda consegue compartilhar experiências através de um português sinalizado. A inclusão também é importante para que a gente possa conhecer, também, outras coisas da língua portuguesa”, opina.

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Segundo a estudante Amanda Santos, 21, é preciso ter uma relação de aprendizado que inclua a família. “A família do surdo também precisa ter essa relação para que ele possa se desenvolver melhor e alcançar coisas boas na vida”, acredita a jovem.

Mesmo com intérpretes na escola, que traduzem os conteúdos na sala de aula, os alunos surdos não dispõem da tradução em ambientes como a secretaria ou cantina. Os funcionários da unidade de ensino, por já terem contato diário com a Libras, conseguem se comunicar, mas de forma básica. 

Questionada sobre processos seletivos que tenham como objetivo suprir a demanda citada pelos alunos, a Secretaria de Educação se posicionou. Confira a nota:

A Secretaria de Educação e Esportes informa que a Escola Governador Barbosa Lima é referência no Estado de Pernambuco no atendimento aos estudantes surdos. A escola conta hoje com 11 intérpretes de libras, que atendem aos 123 estudantes surdos da unidade nas salas de aula, cumprindo integralmente o que determina a legislação. O órgão esclarece ainda que os intérpretes estão autorizados a acompanhar os estudantes nas dependências da escola para auxiliá-los no que for preciso. A Escola também conta com uma equipe de professores com especializações em educação especial, Braille e Libras, que atuam na Sala de Recursos Multifuncional, oferecendo mais um suporte pedagógicos aos estudantes surdos e com outras deficiências.

Candidata a governadora de Pernambuco pelo PSOL, Dani Portela afirmou, nesta quarta-feira (26), que a acessibilidade é uma das prioridades da plataforma de gestão defendida por ela. A postulante participou, durante a manhã, de uma caminhada no Centro do Recife em comemoração ao Dia Nacional dos Surdos. Para Dani, acessibilidade vai além de calçadas aptas para cadeirantes e vagas nas escolas públicas.

“É uma pauta essencial. Pautamos a inclusão como atitude. Tem gente que resume inclusão ao pensar em rampa, calçada, vaga em escola, mas a principal pauta hoje é a acessibilidade comunicacional que se chama acessibilidade atitudinal. Em Pernambuco falta acessibilidade de comunicação. Por exemplo, não se tem praticamente escolas estaduais e municipais bilíngues português e Libras, delegacias acessíveis para a população surda e hospital”, argumentou a candidata.

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“Não é só calçada, é ele poder como qualquer cidadão se comunicar. Quando lutamos por acessibilidade, é acessibilidade para essa população na geração de emprego e renda. Não é simplesmente se comunicar no espaço, mas ser incluída de fato na sociedade”, completou Dani Portela.

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A proposta da candidata do PSOL é de ampliar as escolas bilíngues no Estado e criar uma secretaria dedicada para pessoas com deficiências. Segundo ela, em Pernambuco 7% da população é surda e 25% tem algum tipo de deficiência. Dani Portela criticou a falta de atenção do atual governador e candidato à reeleição, Paulo Câmara (PSB), com a área.

“Ele não leva em consideração das múltiplas deficiências, desde as físicas às cognitivas. Ele não inclui essas pessoas no Estado. Quando é questionado sobre acessibilidade, o próprio governador se limita a falar de vagas nas escolas e tratamento. Como é que você tem uma propaganda, com verba pública, e não tem janela para surdos? É a segunda língua do país, uma língua oficial. Todo vídeo meu tem acessibilidade. Como você quer falar de inclusão e não trazer inclusão comunicacional na sua propaganda feita com dinheiro público?”, indagou Dani, que também criticou a falta de acessibilidade nas campanhas dos adversários Armando Monteiro (PTB) e Maurício Rands (Pros).

De acordo com a candidata, no PSOL o compromisso com a causa vai além da época de campanha. “Temos o compromisso de se comunicar de fato e isso não ser apenas uma pauta política. Tentamos trazer a coerência não só para a eleição, mas para a prática cotidiana”, ressaltou, lembrando que em 2017 o vereador do Recife, Ivan Moraes (PSOL) fez um discurso na Câmara apenas em Libras.

A provocação levou a Casa a aprovar a presença de dois intérpretes de Libras para as sessões legislativas. Durante a caminhada no Recife, a população surda apresentou uma pauta de reivindicações, entre elas a manutenção das salas bilíngues da capital pernambucana e a ampliação de profissionais na área. “Queremos concurso para professor e intérprete de Libras, além de ampliar as salas bilíngues na educação do município”, salientou o professor da Universidade Federal de Pernambuco, Antônio Carlos.

A passeata seguiu até a Prefeitura do Recife, onde uma comissão se reúne com o secretário de Educação Alexandre Rebêlo. 

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