O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou que não tem medo de um acordo de delação premiada de Lúcio Funaro, apontado como operador de propinas no esquema investigado pela Lava Jato, e do ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB). Segundo interlocutores dos dois, o presidente seria um dos alvos principais do que vier a ser revelado por eles.
“As pessoas estão cansadas disso. Primeiro, não conheço Lúcio Funaro, segundo, não sei o que ele vai dizer. Portanto, não posso falar sobre hipóteses. Não tenho nenhuma preocupação com isso. Eduardo Cunha, sim, foi líder do PMDB, foi presidente da Câmara. Às vezes me perguntam, como é que você falava com ele? Meu Deus, estou falando com o líder do PMDB, com o presidente da Câmara... E eu não devo falar com ele?”, indagou, ao responder se tinha receio das delações durante uma entrevista concedida ao jornal Estadão, publicada na noite dessa sexta-feira (4).
##RECOMENDA##Em julho, Lúcio Funaro foi transferido do Complexo Penitenciário da Papuda para a carceragem da Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal. A mudança foi solicitada pela defesa do operador para, sob os argumentos deles, facilitar a produção dos anexos da delação premiada que Funaro está negociando com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Já Eduardo Cunha teria se visto pressionado a firmar um acordo após a decisão de Funaro. Especula-se a ideia de realizar um acordo ‘casado’ dos depoimentos dos dois. Informações publicadas em jornais de circulação nacional dão conta de que Cunha já teria mais de 100 anexos a sua delação e estaria produzindo, inclusive, a próprio punho na cadeia.
Michel Temer foi um dos principais alvos da delação de um dos donos da JBS, Joesley Batista. Em áudio entregue a Polícia Federal (PF), Joesley gravou o presidente dando anuência para que o empresário mantivesse o pagamento de uma suposta mesada a Cunha para que ele ficasse calado e não firmasse acordos com a Lava Jato.