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Pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), por meio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLC), mostra modalidades de consumo cultural entre empregadas domésticas, as definindo por perfis. O estudo – que tem como realizadora a antropóloga Renata Mourão Macedo – também detalha os contextos socioeconômicos nos quais elas se movem e a possível atitude reflexiva provocada pelos produtos culturais.

“Românticas”, “descoladas” e “evangélicas”. Esses são os perfis definidos pela antropóloga. Renata também informa que é possível identificar um acesso maior a determinadas práticas, como viagens e cinema, por parte das empregadas. “Na prática, as diferenças culturais internas ao grupo pesquisado ainda são pequenas, já que mesmo as trabalhadoras com ensino médio completo apresentam um grande distanciamento em relação a qualquer produto da cultura dominante, como literatura, cinema de autor, músicos mais ‘sofisticados’, etc”, explica Renata, conforme informações da USP.

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Detalhamento dos perfis

De acordo com o estudo, empregadas domésticas classificadas como “românticas” são as mulheres que preferem bens culturais associados ao âmbito feminino e popular. “Ouvir músicas românticas, assistir a telenovelas açucaradas ou acompanhar no rádio programas de cartas são preferências comuns. Assim, ser fã do cantor Amado Batista e do radialista Eli Correa [do programa “A Hora da Saudade”, na rádio Capital AM, em São Paulo] seriam emblemáticos desse perfil”, explica a antropóloga, em depoimento à USP.

Outro perfil traçado é o “descoladas”. São consideradas assim as trabalhadoras que, como a maioria das pessoas de classes médias e altas, não querem se associar aos bens característicos do perfil das “românticas”. Segundo Renata, mesmo existindo gostos em comum entre os dois perfis, como assistir telenovelas e programas de auditório, as “descoladas” agregam às suas preferências músicas do contexto pop internacional ou seriados norte-americanos.

Trabalhadoras muito dedicadas à vida religiosa. Assim são definidas as empregadas domésticas “evangélicas”. “Participaram da pesquisa algumas trabalhadoras ligadas às religiões pentecostais (como Assembleia de Deus) que não assistiam ou ouviam qualquer programa profano, nem no rádio nem na televisão”, aponta a antropóloga. “Ao contrário, suas preferências culturais eram exclusivamente cantores gospel, programas religiosos e a leitura da Bíblia”, explica a antropóloga, de acordo com a USP. 

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