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O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse na manhã desta sexta-feira, 14, que as projeções da instituição são de que o déficit em conta corrente caia mais de 20% este ano, na comparação com 2014. Segundo ele, a queda nos preços das commodities gera desafios importantes para os países emergentes, mas, quando medidos em moeda nacional, esses preços estão aumentando recentemente. Por sua vez, as importações já respondem às condições de atividade econômica e à depreciação cambial, o que também deve ajudar os manufaturados.

"Assim, o comportamento de exportações e importações faz com que, apesar da deterioração dos termos de troca, já verifiquemos uma melhora no saldo da balança comercial. Outras contas que compõem as transações correntes do balanço de pagamentos também têm reagido", afirmou, ressaltando que além da diminuição do déficit em conta corrente, ele continua sendo financiado majoritariamente pelo investimento estrangeiro direto. Tombini participou hoje do X Seminário Anual sobre Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária, promovido pelo Banco Central em São Paulo.

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Tombini também apontou que, tendo em vista a esperada normalização da política monetária nos EUA, a transformação do modelo econômico da China e a queda das commodities, a melhor abordagem para o Brasil é usar a receita padrão, ou seja, "reforçar o arcabouço de política econômica e manter fundamentos macroeconômicos sólidos, notadamente, o tripé formado por câmbio flutuante, política fiscal responsável e sistema de metas para a inflação".

Economia global

Tombini avaliou que o crescimento global segue em ritmo moderado, mas o contexto internacional impõe desafios, especialmente para as economias emergentes, que apresentam redução do dinamismo. Citou que a melhora nos indicadores dos Estados Unidos faz com que a discussão sobre o momento do aumento de juros lá ganhe intensidade, "crescendo as avaliações de que o começo desse processo pode se dar em um horizonte relativamente curto". Apesar de avaliar que esse processo está sendo bem comunicado pelo Federal Reserve, que já adiantou que o aumento de juros será gradual, ele disse que é normal que haja certa dose de volatilidade nos mercados financeiros.

Para Tombini, na Europa a atividade econômica segue em recuperação, afastando o risco de deflação, enquanto na China a transformação do modelo de crescimento gera desafios importantes, "incluindo o recente ajuste na política cambial e períodos de volatilidade nos preços dos ativos". Nesse contexto, o presidente do BC apontou que as moedas emergentes têm se depreciado, refletindo a piora nos termos de troca.

O mercado financeiro pouco se mexeu em relação às projeções para as transações correntes, mesmo após o Banco Central ter divulgado um déficit surpreendente do resultado de julho, negativo em US$ 9 bilhões. De acordo com a pesquisa Focus, divulgada na manhã desta segunda-feira, 26, a previsão mediana para o rombo da conta corrente foi mantida em US$ 77 bilhões, como já constava no levantamento anterior. Há um mês, a expectativa mediana estava no vermelho, em US$ 76,15 bilhões.

Para 2014, o movimento, inclusive, foi de redução da previsão para o déficit, com a mediana passando de US$ 79,46 bilhões para US$ 78,55 bilhões. Quatro semanas atrás, a mediana revelava um resultado negativo de US$ 79,50 bilhões.

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Apesar da piora do quadro externo, foi mantida a projeção de que o ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) será de US$ 60 bilhões neste e no próximo ano, o que significa que o financiamento do déficit não será integral desta vez. Há 37 semanas, o mercado não muda esta projeção de IED para 2013 e há 54 semanas para o de 2014.

Além do resultado de julho, outro dado que corroboraria com a projeção de um déficit menor é a expectativa de piora para a balança comercial deste ano. De acordo com a Focus, a mediana das estimativas para o saldo passou de superávit de US$ 4,35 bilhões para US$ 3,40 bilhões. Um mês atrás estava em US$ 5,70 bilhões. Para 2014, no entanto, houve elevação da mediana para o saldo, que passou de US$ 8 bilhões para US$ 9 bilhões - quatro semanas atrás estava em US$ 8,92 bilhões.

Já relação dívida/PIB voltou para o patamar de 35,00% em 2013, como estava há um mês, depois de ter marcado a taxa de 34,90% na semana passada. Para 2014, foi mantida a projeção mediana de 34,70% vista no levantamento anterior. Um mês atrás, estava em 35,00%.

 

IGP-DI

A exemplo da previsão para o IPCA, pesquisa Focus mostra uma elevação abrangente das estimativas dos analistas do mercado financeiro para vários índices de inflação, e também para os preços administrados. A mediana das previsões para o IGP-DI de 2013 passou de 4,51% para 4,55% - um mês atrás estava em 4,90%. Para 2014, a taxa subiu de 5,50% para 5,57% - quatro semanas antes, a mediana para o IGP-DI também estava em 5,50%.

No caso do IGP-M, a alta para 2013 foi menor, de 4,49% para 4,50%. A mediana está mais baixa do que a vista um mês antes, de 4,94%. Para o próximo ano, a mediana das estimativas foi mantida em 5,50%, mesmo nível verificado não só na pesquisa anterior como na de quatro semanas antes.

Já a inflação paulistana, medida pelo IPC-Fipe, passou de 4,32% para 4,37%, segundo a Focus. Um mês atrás, estava em 4,66%. No caso de 2014, foi mantida a expectativa mediana de 5,27%, como no levantamento anterior. O resultado, no entanto, é inferior ao visto um mês atrás (5,43%).

Sobre os preços administrados, houve uma alta de 1,75% para 1,80% na mediana das estimativas para o final deste ano, que se encontrava em 1,93% há quatro semanas. Para 2014, a alta esperada para esse conjunto de preços foi mantida em 4,50%, como no levantamento anterior - um mês antes, estava em 4,00%.

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