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A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) de 31 de dezembro desacelerou para 0,77%, ficando 0,09 ponto percentual abaixo da taxa registrada na última divulgação, que foi de 0,86%. Com este resultado, o indicador acumulou alta de 4,11% no ano. Os dados foram divulgados hoje (2) pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Nesta apuração, quatro das oito classes de despesa componentes do índice registraram decréscimo em suas taxas de variação. A maior contribuição veio do grupo habitação (-0,49% para -0,76%). Nesta classe de despesa, o destaque foi para o comportamento do item tarifa de eletricidade residencial, cuja taxa passou de -3,43% para -5,32%.

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Em contrapartida, tiveram inflação despesas com transportes (0,96% para 1,17%), vestuário (0,12% para 0,36%), alimentação (2,52% para 2,56%) e saúde e cuidados pessoais (0,32% para 0,36%).

O termo ainda não é popularmente conhecido, mas o nome já deixa um curioso sentimento de recuo e dificuldades na saúde financeira do Brasil. Muito usado no meio econômico, “recessão técnica” significa um decréscimo da instabilidade econômica de uma região, ou de um País, providos de dois semestres seguidos de resultados negativos do Produto Interno Bruto (PIB).

De acordo com o economista e Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Djalma Guimarães, a situação vivenciada no País, atualmente, é definida de acordo com o termo citado. “Ou seja, o somatório de tudo que as empresas estão produzindo no País está menor do que no ano anterior. Isso já é um indicativo que vai se confirmar um decréscimo”, avalia. 

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Para o especialista em economia, a situação tem relação direta com a queda dos índices do (PIB). “O PIB é a soma de algumas variáveis com o consumo das famílias, o investimento do governo, e as importações. Então, quando o governo diminui os gastos vai haver menos consumo”, definiu, detalhando os setores que contribuem para as quedas dos resultados. “Os principais responsáveis pela queda do PIB são a redução dos gastos do governo e a redução do consumo das famílias”, completou. 

Guimarães lembrou ainda que o consumo das famílias tem diminuído pela situação de crise do Brasil e contribuído para a recessão técnica. “O orçamento está mais apertado e há expectativas ruins, e quando as famílias consumem menos, corrobora para a queda destes indicadores”, pontuou. “Já estávamos esperando o grau desta queda, mas isso é negativo porque a economia está decrescendo, e a pior informação é que o governo não tem conseguido criar um cenário que mostre um crescimento desses indicadores no próximo ano. O governo tem se atrapalhado, sem falar no componente político”, acrescentou. 

Segundo o economista, a recessão técnica não é uma causa, mas sim, o resultado da crise. “É o resultado do que está acontecendo. As famílias já estão sentindo o desemprego e a renda das famílias tem caído em virtude desta situação”, reforçou. Apesar dos resultados atuais não serem otimistas, Guimarães acredita na possibilidade de uma situação melhor neste segundo semestre. “Historicamente o segundo semestre é melhor do que o primeiro porque o segundo tem as vendas do final de ano. Porém, vai continuar caindo, mas numa magnitude menor, mas depende do governo e de suas agendas positivas para criar uma situação fiscal e medidas de investimentos”, sugeriu. 

Legitimando a análise de Guimarães, o Ph.D. em economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, Maurício Romão pontuou a importância do crescimento de produção para garantir dados positivos. “Na economia é fundamental que haja um aumento da produção do País para que possa fazer face as suas necessidades. Ou seja, com um crescimento econômico se consegue ter mais bens disponíveis para população e se consegue gerar renda, e essa renda é gerada para que a produção aumente. Para isso é necessário aumentar o emprego, então, é uma cadeia retroalimentável”, contextualizou.

Segundo Romão, a situação atual foi ocasionada devido ao não crescimento de alguns anos passados. “Nós estamos vivenciando uma situação que foi gerada no passado recente de um crescimento não sustentável. Ele era fruto, induzido, de uma política expansionista fiscal em que o governo começou a conceder crédito, ao público, através dos bancos oficiais, mas muitas vezes subsidiados, para estimular o consumidor”, relembrou. 

Além da falta de crescimento de anos anteriores, Maurício Romão se lembrou do aumento da inflação como outro fator que interfere na situação. “Você precisa crescer para gerar desenvolvimento. Estamos vivenciando um período de estagnação combinado com o de inflação e é o pior dos mundos na trajetória de um País. É quando um País não cresce e convive com a inflação porque a renda das pessoas não aumenta e a inflação vai corroendo em tempos reais”, destacou. 

Diferente de Djalma Guimarães, Romão não prevê bons resultados positivos para o segundo semestre. “Todas as previsões apontam para uma dificuldade para este segundo semestre. Não há nenhuma análise que aponte para uma mudança. O desemprego deve continuar e a queda da renda real, e ausência de crescimento, porque não há nenhum novo estímulo que possa ser inserido neste novo contexto que, por exemplo, fizesse com que os empresários pudessem depositar uma confiança no País”, analisou.

O primeiro semestre de 2014 apresentou queda no número de empresas abertas. De janeiro a julho deste ano, 240.282 empreendimentos chegaram ao mercado brasileiro – uma queda de 13,1% em relação ao mesmo período de 2013, quando foram criados 276.375 empreendimentos. A maior queda está no setor da indústria, com 20,3% a menos de estabelecimentos criados no período. As informações são do estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) e não incluem os Microempreendedores Individuais (MEIS). 

Em segundo lugar está o setor do comércio, que apresentou 14,6% de decréscimo. O setor de serviços está em seguida, com queda de 10,6% em relação ao primeiro semestre de 2013. De acordo com o estudo, o setor financeiro foi o único que apresentou crescimento de 2,8% no número de novos negócios em 2014.

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Em Pernambuco, o número de empresas também sofreu queda – 7.614 empreendimentos foram criados nos seis primeiros meses 2014, contra 8.347 estabelecimentos criados no mesmo período do ano anterior. O Estado de Alagoas foi o único a apresentar números positivos, com acréscimo de 6,9% em relação a 2012. 

Para o coordenador de estudos do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, o primeiro semestre de 2014 apresentou o pior resultado, se comparado com a redução de empresas do mesmo período de 2012. “O último período em que houve crescimento no número de novas empresas brasileiras foi 2011, quando houve um crescimento de 4,5% na geração de novos negócios em comparação ao mesmo período do ano anterior”, diz Amaral. Ainda segundo ele, a perspectiva é de queda ainda mais acentuada até o final do ano.

Com informações da assessoria

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