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Quase meio século depois do escândalo de Watergate, o jornalista Bob Woodward continua atuante, em primeiro plano e colocando os presidentes americanos contra a parede.

Suas reportagens como jornalista do Washington Post sobre o Watergate derrubaram Richard Nixon na década de 1970. Agora o último livro de Woodward, de 77 anos, "Rage" (Raiva), alfineta Donald Trump a menos de dois meses para as eleições presidenciais de 3 de novembro.

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Em entrevista oficial com Woodward, usada no livro, Trump admite que minimizou a ameaça do novo coronavírus no começo da pandemia, que nos Estados Unidos já deixou aproximadamente 200.000 vítimas.

"Eu sempre quis minimizar isso", disse Trump em uma conversa com Woodward. "Ainda gosto de minimizar, porque não quero criar pânico".

O republicano afirmou ainda ao jornalista que desde o início entendeu que o vírus era "algo mortal" e muito mais perigoso do que uma gripe comum. Ao mesmo tempo, ele se dirigiu a seus cidadãos garantindo que a Covid-19 simplesmente "desapareceria".

O adversário democrata de Trump, Joe Biden, atacou a posição do presidente sobre a pandemia, chamando-a de "traição de vida ou morte para o povo americano".

"Ele mentiu durante meses intencionalmente e de boa vontade sobre a ameaça que (o vírus) representava para o país", afirmou Biden.

Woodward, em entrevista ao programa da CBS "60 Minutes", descreveu como uma "tragédia" o fracasso do presidente em informar o povo americano desde o início sobre a mortalidade do vírus.

"O presidente dos Estados Unidos tem o dever de alertar", ressaltou.

"O público vai entender, mas se eles têm a sensação de que não estão obtendo a verdade, então estão trilhando o caminho do engano e do encobrimento."

- Watergate -

Foi a revelação de algo escondido, o caso Watergate, que alavancou a reputação de Woodward e de seu colega Carl Bernstein.

Woodward estudou na Universidade de Yale e serviu por cinco anos na Marinha dos Estados Unidos antes de se dedicar ao jornalismo.

Quando se apresentou ao Post pela primeira vez, foi rejeitado por falta de experiência.

Depois de uma passagem por um jornal local nos subúrbios de Washington, o jornalista conseguiu sua oportunidade no Post em 1971.

Com apenas um ano de experiência em jornalismo, Woodward teve acesso à história mais importante da sua carreira junto ao colega Carl Bernstein, o roubo nos escritórios do Partido Democrata no complexo Watergate de Washington, em 1972.

O resultado de sua investigação gerou uma série de audiências no Congresso e levou à renúncia de Nixon em 1974.

Ambos os jornalistas escreveram o best-seller: "Todos os homens do presidente", sobre o escândalo que se tornou um filme de sucesso em 1976, estrelado por Robert Redford como Woodward e Dustin Hoffman como Bernstein.

"Rage" já está no topo da lista de mais vendidos da Amazon antes mesmo de ser lançado em 15 de setembro.

Longe do jornalismo diário, Woodward já publicou 20 livros, incluindo trabalhos autorizados por Bill Clinton, George W. Bush, Brack Obama e Donald Trump.

Tem conhecimento incomparável sobre o funcionamento do poder em Washington, e sua capacidade de provar qualquer história interna que publica lhe fez ganhar respeito da classe política americana.

- Mistério -

Por que Trump concordou em participar de mais de uma dúzia de entrevistas oficiais com Woodward é um grande mistério, principalmente depois que seu livro anterior retratou o magnata sob uma ótica nada lisonjeira.

"Fear: Trump in the White House", publicado por Woodward em 2018, retratou um líder furioso e paranoico na Casa Branca.

O senador Lindsey Graham, um aliado próximo de Trump, disse ao Daily Beast que havia recomendado que o presidente conversasse com o repórter.

"Eu disse a ele, o cara é um conhecido autor presidencial. E você sabe, você tem a chance de contar o seu lado da história. O presidente concordou e aí está", relatou.

Woodward, que mantém o título de editor associado honorário do Post, embora não escreva mais para o jornal, foi criticado por esconder detalhes de suas entrevistas com o republicano.

"Bob Woodward teve minhas declarações por muitos meses", escreveu Trump em seu Twitter.

Woodward disse que seu compromisso é entregar "a melhor versão possível da verdade" na forma de livro e com contexto e checagem de fatos adequados.

"O maior problema que tive, que é sempre um problema com Trump, é que não sabia se era verdade", finalizou o jornalista.

"Esta época passará para a História como a época da hipocrisia", afirma o escritor grego Petros Márkaris, ao comentar a atitude da Europa envolvendo a crise dos refugiados, que afeta diretamente seu país.

Com uma crise econômica que se eterniza e mais de 60.000 refugiados e migrantes em seu território, a Grécia está em uma "situação extremamente difícil", opina em uma entrevista à AFP em Madri o autor, conhecido como o criador do personagem Costas Jaritos.

Os refugiados aparecem em seu mais recente livro policial, "Offshore", publicado este ano em seu país. Como nas nove obras anteriores, Jaritos investiga um tema atual, a origem de uma grande quantidade de dinheiro obscuro em uma Grécia que deixou para trás o momento mais intenso da crise econômica.

Márkaris, autor de uma trilogia da crise muito lida na Espanha, França, Alemanha e até mesmo na América Latina, confessa que ficou "impressionado com a bondade e boa recepção dos gregos aos refugiados, e em particular os sírios", quando estes começaram a chegar em grande fluxo às ilhas do Egeu leste em 2015.

Ao mesmo tempo, ele adverte que a tensão é máxima em ilhas como Lesbos ou Quios, que abrigam os maiores centros de retenção (hotspots) para refugiados, com um total de 9.600 pessoas, mais que o dobro da capacidade das instalações, de acordo com o governo grego.

A população destas ilhas depende muito de um turismo que desapareceu, após as imagens de iraquianos, sírios e afegãos chegando extenuados às praias após uma viagem perigosa a partir de seus países em guerra.

"Eles os receberam muito bem, mas esperar que todos os cidadãos de um país sejam heróis e aceitem destruir a si mesmos pelos refugiados é uma utopia, o que significa que urge uma solução", adverte o escritor.

Márkaris critica a falta de solidariedade dos demais países europeus, com exceção da Alemanha, no momento de receber parte dos refugiados.

"O modelo no tema dos refugiados é (Viktor) Orban", lamenta, em referência ao primeiro-ministro húngaro, que fechou as fronteiras com vários países limítrofes, "e não a chanceler alemã Angela Merkel", que recebeu um milhão de demandantes de asilo.

"Que os refugiados fiquem como se fossem lixo entre os italianos e os gregos, e a nós que nos deixem tranquilos. Isto é o que dizem em voz alta nestes países da Europa", critica, revoltado, Márkaris.

- Eco na América Latina -

O escritor grego, nascido em Istambul há 79 anos, comentou à AFP que está trabalhando em um novo romance, mais uma vez com o comissário Jaritos como protagonista, deslocando-se em seu carro antigo por uma Atenas movimentada e descrita, como sempre, em detalhes.

Fora da Europa, Márkaris tem um núcleo fiel de leitores na Argentina, Uruguai e Colômbia, que segundo ele registram reações "muito próximas às reações dos gregos e dos europeus do sul, como espanhóis e italianos".

Nos três países países "têm uma boa relação com o herói, com Jaritos, porque se identificam com ele. Influencia muito o tema da família (do comissário), o que não é o caso na Europa central", onde interessam mais outras questões como por exemplo a descrição do dia a dia na Grécia.

O escritor Luis Fernando Veríssimo, de 76 anos, continua apresentando melhora de seu estado de saúde. De acordo com boletim médico divulgado há pouco, a sedação do paciente foi suspensa hoje (25) de manhã para a retirada do suporte respiratório.

O cronista gaúcho, que também é colunista do jornal O Estado de S. Paulo, está internado em Porto Alegre desde quarta-feira, dia 21, após apresentar fadiga, dores musculares e febre.

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O boletim médico acrescenta que os exames realizados em Veríssimo confirmaram a presença apenas do vírus Influenza sazonal, causador da gripe comum. No entanto, o processo infeccioso provocou diversas complicações em virtude das condições de saúde de Veríssimo, que é diabético e hipertenso.

O boletim do Hospital Moinhos de Vento é assinado pelos médicos Alberto Augusto Rosa, Sandro Cadaval e Eubrando Silvestre Oliveira.

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