Em rápida passagem pela 20.ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática (COP20), em Lima, o secretário de Estado americano, John Kerry, fez enérgico apelo em favor de um acordo multilateral para conter o aquecimento global. Kerry não direcionou seus argumentos às nações industrializadas, mas aos países em desenvolvimento. Tampouco indicou que os Estados Unidos virão a apresentar um compromisso mais ambicioso do que o anunciado há um mês com a China.
"Mais de 50% das emissões mundiais (de gases do efeito estufa) vêm dos países em desenvolvimento. Eles também são responsáveis", disse, em discurso para a imprensa. O secretário de Estado não abriu possibilidade de perguntas da plateia.
##RECOMENDA##Kerry repetiu que nenhum país está imune aos efeitos da mudança climática nem pode, sozinho, resolver o desafio do aquecimento global. Se apenas um fizer sua tarefa, disse, todos continuarão prejudicados. Países ricos e em desenvolvimento fazem, igualmente, parte do problema e, para o fracasso das nações na construção do acordo, não haverá perdão, afirmou.
"Ainda há tempo para a comunidade internacional fazer a sua escolha por uma (matriz limpa de) energia. Há uma janela pequena para mudar o rumo, mas ela está se fechando", disse. "Temos de chegar a um grande acordo em Paris. Mensurável e com medidas claras", completou, referindo-se ao compromisso que os 195 países da Convenção-Quadro das Partes sobre Mudança Climática devem concluir em novembro de 2015.
Não houve menção aos tópicos que os Estados Unidos não querem aceitar nas negociações em curso em Lima. Entre eles está a apresentação de compromissos obrigatórios por todos os países. A delegação americana alega que, se assim for, o acordo de Paris terá de ser submetido a aprovação do Congresso americano, de maioria republicana, sem chance de aprovação. Os países em desenvolvimento, especialmente o Brasil, veem nessa ressalva um meio de a Casa Branca puxar para baixo a ambição do acordo final.
Kerry repetiu a promessa americana de reduzir em 83% as emissões de gases do efeito estufa até 2050, em comparação com as de 2005. Em 2025, já seriam diminuídas entre 26% e 28%. Ele elencou ações voluntárias tomadas pelo governo de Barack Obama para reduzir as emissões nas áreas de transporte e de energia. Mas não emitiu nenhum sinal de que a Casa Branca possa ampliar seus compromissos no ano que vem, como parte do acordo de Paris. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.