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O prefeito eleito João Doria (PSDB) decidiu manter a velocidade máxima limitada a 50 km/h ao longo das faixas da direita das pistas locais das Marginais do Pinheiros e do Tietê. Nas demais, ele afirma que haverá a ampliação da velocidade para 60 km/h, assim como a volta dos limites antigos nas pistas centrais e expressas. Segundo o tucano, a decisão facilitará o entendimento dos motoristas e evitará o aumento de multas do tipo "pegadinha".

"Do ponto de vista da comunicação e, principalmente, para que a população pudesse compreender melhor e não ser surpreendida com o tema do radar, mesmo sinalizando bem, julgamos mais razoável manter toda a pista lateral direita a 50 km/h do que alternar a velocidade em alguns trechos", diz Doria.

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O prefeito eleito afirma que a medida não significa um recuo no discurso adotado por ele durante a campanha eleitoral. "Já tínhamos antecipado que trechos dessa pista interna seriam mantidos a 50 km/h. Não há recuo algum. Prolongar (essa decisão) para toda a pista indica o bom senso de evitar que o motorista se sinta preocupado em saber qual é o trecho que vale 50 km/h e qual vale 60 km/h. Agora, ele já terá essa informação."

A faixa lateral direita das marginais é usada hoje de forma preferencial pelos ônibus. O tucano diz que a sinalização atual será modificada, com marcações no solo e também placas aéreas. Doria ainda promete promover uma campanha de mídia para informar a população sobre a mudança. Nas demais pistas, vale a promessa de ampliar a velocidade para 70 km/h, na central, e para 90 km/h nas faixas da expressa.

Diretor da Ciclocidade e consultor em políticas de mobilidade, Daniel Guth diz que a decisão de Doria não é uma boa saída. "Não vai resolver o problema. Ele vai transformar as Marginais em uma colcha de retalhos só para não fugir da sua promessa de ampliar a velocidade", afirma. Para Guth, o risco para os ciclistas vai aumentar. "Por causa dos ônibus, quem pedala tem às vezes de passar para a faixa seguinte, que agora terá velocidade máxima de 60 km/h. Está tudo errado, não dá para negociar com a vida das pessoas."

Para o engenheiro de trânsito Horácio Augusto Figueira, a mudança prevista por Doria esbarra em critérios técnicos. Ele afirma que os radares de velocidade conseguem captar veículos infratores que estão mudando de faixa porque as máquinas estão ajustadas para fiscalizar uma mesma velocidade nas faixas diferentes. Mas que isso não é possível se cada uma das faixas tem uma velocidade diferente. "Não há como fiscalizar o veículo que está mudando de faixa", diz. "A opção seria tirar o radar da faixa da direita da pista local, mas aí seria como liberar os 120 km/h nessa via", ironiza.

Figueira defende que todas as faixas da pista local deveriam ter o limite de 50 km/h. "Fiz um levantamento: há 210 acessos lindeiros na pista local das duas Marginais. Elas não podem ser vistas como vias de trânsito rápido. O prefeito vai jogar pôquer com a vida das pessoas se mudar os limites", afirma ele.

Já o consultor de mobilidade Flamínio Fischmann não vê problema na opção do novo prefeito, desde que a sinalização seja adequada. "O que precisa, na verdade, é um grande estudo para verificar como acontecem os acidentes. Essa não pode ser uma decisão tomada no palanque político."

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