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O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, anunciou hoje (17) a abertura do mercado da Coreia do Sul para a carne suína brasileira. A expectativa do setor é de que o Brasil exporte para o país mais de 30 mil toneladas por ano.

De acordo com o ministro, que se encontra em missão oficial na China, inicialmente apenas quatro frigoríficos credenciados de Santa Catarina exportarão para os coreanos. Mas há a perspectiva de que outros estabelecimentos possam ser habilitados e entrem no mercado coreano.
O ministro Maggi viaja neste sábado (19) para Paris onde recebe da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) o certificado de país livre da febre aftosa com vacinação.

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As negociações com o país asiático para a exportação de carne suína começaram no segundo semestre de 2016. Até a efetivação do anúncio, diversas missões técnicas coreanas foram enviadas ao Brasil para habilitação dos frigoríficos. A última delas ocorreu em abril.

A Coreia do Sul foi o terceiro maior importador mundial de carne suína, atrás apenas do Japão e da China. De acordo com o ministério, no Brasil, Santa Catarina é o principal estado exportador. Em 2017, as exportações brasileiras de carne suína in natura alcançaram US$ 1,47 bilhão, o que representa 592,6 mil toneladas. Desse montante, 40,5% foram vendas a partir de Santa Catarina.

As exportações brasileiras de frango in natura, embutidos e outros alimentos processados neste segmento aumentaram 5% no acumulado de janeiro a outubro comparado a igual período do ano passado, totalizando 3,693 milhões de toneladas. Em outubro deste ano, as exportações caíram 4,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado, com o embarque de 314,7 mil toneladas. Os dados são da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Por meio de nota, o vice-presidente de mercados da ABPA, Ricardo Santin, justificou que essa retração foi pontual, provocada por uma concentração de vendas para o mercado asiático no mês anterior. “Em setembro, as exportações para o Japão chegaram a 47 mil toneladas, diante de uma média mensal de 32 mil toneladas registrada até então. O total de 22 mil toneladas embarcadas para o país em outubro mostram que houve um adiantamento de parte das vendas no mês anterior.”

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O presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra, disse que, em razão de ajustes burocráticos, foram suspensas as exportações de produtos de cinco fábricas para a China o que também influenciou no desempenho das vendas no mês. Ainda segundo ele, em outubro, deixaram de ser enviadas mais de 10 mil toneladas para a Venezuela, que vive uma crise interna.

No mês, as vendas externas alcançaram US$ 509,9 milhões, 2,2% abaixo de outubro do ano passado. No acumulado dos dez meses do ano, foram US$ 5,748 bilhões, uma queda de 3,57%.
Já em reais, o montante atingiu R$ 20,05 bilhões no acumulado do ano, uma alta de 3,83%. Na comparação mensal, a receita foi 20% menor com R$ 1,6 bilhão em outubro deste ano.

Carne suína in natura

Para os exportadores de carne suína in natura, o desempenho foi bem melhor com elevação de 21% em outubro deste ano na comparação com o mesmo período de 2015. No mês, foram embarcadas 53,2 mil toneladas. No acumulado do ano, houve crescimento de 38,8% (527,3 mil toneladas).

O saldo cambial atingiu US$ 133,1 milhões, 23% superior ao acumulado de janeiro a outubro de 2015. As encomendas em outubro seguiram, principalmente, para Hong Kong, Argentina e Uruguai.

Neurocisticercose é uma palavra que, recentemente, tem sido bastante comentada, aliada ao caso do ex-jogador do Sport Clube do Recife, Leonardo, que se encontra internado, em estado grave. Por conta disso o consumo da carne suína começou a ser questionado. 

“Ao contrário do que muitos dizem, o cisticerco não é transmitido pelo porco. O animal é vítima do ser humano”, explica o médico veterinário e pesquisador, Nelson Batista. O profissional esclarece que a contaminação acontece em um ciclo em que o suíno ingere fezes do ser humano contaminada com os ovos da Tênia Solium - conhecidas por parasitarem o intestino delgado do homem -, ficando o animal contaminado com o cisto. Sua carne passa a apresentar uma espécie de verruga, “conhecidas no interior como carne com 'pipoquinha' ou carne de pérola”, explica.

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“A carne mal cozida irá provocar a tênia, mas não o cisto. Já o que causa a cisticercose [atinge os músculos] ou a neurocisticercose [atinge o cérebro] é a ingestão de alimentos regados por água contaminada com fezes humanas, afinal o homem infectado com a tênia transmite a cisticercose”. O médico veterinário ainda explica que também há a forma de contaminação vertical, em que o próprio ser humano pode se contaminar, caso ele mesmo tenha contato com suas fezes com tênia por via oral. 

O profissional esclarece: qualquer animal pode ser contaminado com o cisto, caso ingira ovos de tênia oriundos das fezes humanas, o que significa que essas características apresentadas na carne dos suínos pode aparecer nas bovinas. “A carne contaminada pode causar a tênia, mas somente os ovos ou larvas podem causar o cisto e isto só é encontrado na água ou fezes”, esclarece.    

Quais cuidados devem ser tomados na hora de comprar carnes 

Apesar disso, a médica veterinária Naiara Nascimento explica que é possível comer carnes sem correr risco, mas reafirma a necessidade de consumir o produto de procedência. “O primeiro passo é verificar se o produto está embalado adequadamente e se há selo da fábrica ou etiqueta do comércio atacadista”, esclarece. A profissional explica que neste rótulo é necessário conter informações como qual é o produto, marca, data de fabricação e validade. “Além dessa característica, é muito importante que sejam verificadas a cor da carne [descartar as pálidas ou esverdeadas], textura e se há líquido dentro da embalagem, pois ele é um local propício para acumulo e proliferação de bactérias”. 

A médica deixa claro que é importante primar pela certificação das carnes, afinal, toda indústria e abatedouro legal possui este tipo de registro de inspeção, seja ele federal [Serviço de Inspeção Federal – SIF], estadual [SIE] ou municipal [SIM]. “Esses cistos presentes em algumas carnes se configuram, geralmente, em carnes de feiras ou provenientes de abatedouros clandestinos, pois em abatedouros certificados este tipo de carne é condenada, não sendo possível ser vendida”, pontua.

O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, informou, por meio de nota, que recebeu telefonema, na quinta-feira (23) à noite, do embaixador do Brasil no Japão confirmando a liberação das importações de carne suína de Santa Catarina. Segundo o governador, a partir desta sexta-feira, 24, os produtores catarinenses já podem exportar para o mercado japonês.

"Isto representa a concretização de um sonho de 50 anos, um fato sensacional", disse o governador, destacando o fato de o Japão ser o maior importador mundial de carne suína, "além de ser um mercado estável". Ele lembrou que em novembro do ano passado esteve no Ministério da Agricultura do Japão "para mostrar como Santa Catarina estava preparada para exportar carne suína e como eram os controles sanitários no Estado".

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O ex-presidente da Associação dos Processadores e Exportadores de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, que nos últimos anos participou das negociações para a abertura do mercado japonês, afirmou que a liberação "conclui um ciclo de muito trabalho".

Camargo também destacou a parceria entre os setores público Estadual e Federal com o setor privado de Santa Catarina, produtores e agroindústria. "Santa Catarina não só obteve o status de livre de febre aftosa sem vacinação, exigência do governo do Japão, como vem, por meio de ações de vigilância sanitária, mantendo este alto grau de qualidade. Outros Estados do Brasil precisam trilhar o mesmo caminho", disse ele.

De acordo com dados do Ministério da Agricultura, o Japão é o maior comprador mundial de carne suína, importando no ano passado US$ 5,1 bilhões, equivalentes a 779 mil toneladas. Os principais exportadores da proteína para o país são Estados Unidos, Canadá e Dinamarca. No ano passado, o Brasil - que é o quarto maior exportador de carne suína do mundo - vendeu o produto para mais de 74 mercados, totalizando US$ 1,3 bilhão. Santa Catarina está no topo da lista dos Estados exportadores, vendendo US$ 500 milhões, ou cerca de 180 mil toneladas em 2012.

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