Tópicos | Carlos Soares

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) alterou para prisão domiciliar com monitoramento eletrônico a reclusão de cinco vereadores de Belém de Maria, na Mata Sul de Pernambuco, investigados por desvio de verbas. São eles: Carlos Soares, José de Brito, Jailson José da Silva, Josival dos Santos e Antônio da Silva. Os parlamentares estão presos desde o dia 28 de janeiro.

A alteração aconteceu, segundo a juíza Vivian Gomes Pereira, porque os vereadores deveriam estar presos em celas separadas no presídio de Palmares, no entanto “não havia esta possibilidade”. Em casos como este acontece a conversão para prisão domiciliar. "É bom esclarecer e frisar que os acusados estão em prisão preventiva, na espécie domiciliar, ficando obviamente afastados de suas funções", explicou a juíza na decisão expedida na última sexta-feira (26).

##RECOMENDA##

Os parlamentares foram presos preventivamente na segunda fase da Operação Pulverização. Os alvos são acusados de participação em organização criminosa, fraudes em licitações, lavagem de dinheiro e dilapidação do patrimônio público municipal. O prefeito da cidade, Valdeci José da Silva, e mais seis pessoas ainda estão foragidas. 

Carlos Soares foi um dos poucos presos políticos de Pernambuco que teve como sentença a prisão perpétua na ditadura. Militante do PCB na época que cursava a Faculdade de Geologia, localizada na Rua Dom Bosco, no Centro do Recife, seu nome constava na lista de estudantes que deveriam ser cassados e deixassem as universidades do País.   

“Nesse período teve o atentado a Cândido Pinto (líder estudantil que ficou paralítico depois de levar dois tiros), a morte de Padre Henrique. Existia o CCC (Comando da Caça aos Comunistas) que participavam desses atentados. Na época nos sabemos que existia uma lista para eliminar 10 lideranças. Não eliminaram Dom Hélder porque ele era reconhecido internacionalmente”, lembrou Soares. 

##RECOMENDA##

Com o racha dentro do partido, Carlos Soares se filia ao Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e viaja para alguns lugares do Nordeste. Em uma reunião da legenda no município de Pirangi, no Rio Grande do Norte, em fevereiro de 1971. Ele acabou preso pelos militares. 

A segunda geração pernambucana contra o regime militar

Francisco de Assis foi uma das vítimas do golpe no Estado

 

 

Luciano Siqueira: um líder estudantil contra a repressão

 

 

Jornalista foi um dos mais perseguidos pelos militares

“O local (Pirangi) era uma vila de pescadores. Tinha um ônibus que saia às 5h que iria para Natal. Nós saímos nele. Quando passamos por uma comunidade tinha uma barreira enorme, com vários soldados, e era fácil nos identificar em um ônibus de pescadores”, relatou.

Depois de passar três dias no Rio Grande do Norte, o ex-militante voltou para Recife e ficou preso no Departamento de Ordem Política e Social (Dops). No local, Soares conviveu com Ivone, mulher de Odijas Carvalho – líder estudantil que foi morto no Dops.

“Vimos que a cela dele (Odijas) estava manchada de sangue. Então a gente achou que mataram Odijas. Ouviamos os gritos dele. Poucos dias depois soubemos da sua morte. Conseguimos fazer uma denúncia para fora (da prisão). (...) Com a questão da morte de Odijas suspenderam a tortura”, comentou o ex-militante.

Carlos Soares acabou sendo transferido para o quartel da Aeronáutica, local onde passou por várias torturas. Depois foi levado para a Casa de Detenção do Recife. Com o fechamento do presídio, ele foi encaminhado para a Penitenciária Professor Barreto Campelo, na Ilha de Itamaracá. Lá se uniu a outros militantes contra a ditadura e foi parar na solitária, ficando preso por dois anos e meio.

“Houve várias greves de fome com o intuito de me tirar da solitária. A luta era permanente na Barreto Campelo. Era um dos piores presídios do Brasil. Nós lutamos o quanto pode. (...) Uma das coisas boas que tive de lá foi que saíram dois filhos (das visitas conjugais)”, comentou.

“As discussões que tinham lá entre os companheiros era por coisas que nunca discutiríamos do lado de fora. Nosso mundo foi aquele durante muito tempo, deveríamos nos acostumar. Mas sabíamos que a ditadura um dia iria acabar” completou o ex-militante.

Apesar da Leia da Anistia ocorrer em 1979, Carlos Soares ainda ficou preso e foi transferido para São Paulo, sendo solto somente em 1985. Ao sair do cárcere, acabou estudando sociologia e se tornando especialista nos trabalhos sobre movimentos sociais. 

[@#video#@]

O Golpe de 1964 derrocou em várias prisões, perseguições e conflitos entre militares e pessoas que iriam contra o regime que se instalou no país e perdurou por 21 anos. Em Pernambuco, militantes apartidários e ligados ao Partido Comunista Revolucionário Brasileiro – ala radical do PCB -, tentaram enfrentar o sistema e acabaram torturados.

Conhecidos como integrantes da segunda geração pernambucana que lutou no começo da década de setenta contra a Ditadura Militar, o jornalista Marcelo Mario de Melo, o sociólogo Carlos Soares, o artista plástico Francisco de Assis e o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCB) foram presos e levados a Penitenciária Professor Barreto Campelo, na Ilha de Itamaracá, na Região Metropolitana do Recife.

##RECOMENDA##

A segunda geração pernambucana contra o regime militar

Ditadura: nem a igreja escapou da perseguição

Juntos com quase 30 detentos – entre eles ex-diretor da Funase, Alberto Vinicius, e o presidente do PCB em Pernambuco, Alani Cardoso -  , eles fizeram greve de fome e tiveram a esperança das forças revolucionárias derrotarem o regime. Com o passar dos anos se acostumaram a viver conjuntamente até o período da anistia, no final dos anos setenta. Por conta do rigor no cárcere, acabaram intitulando o local de o “AI 5 de Itamaracá”.

Eles entraram em conflito com o sargento Siqueira, hoje um coronel reformado. Alguns foram amigos do líder estudantil Odijas Carvalho, que foi morto no Departamento de Ordem Política e Social do Estado (DOPS-PE).

O jornalista Marcelo de Melo até hoje guarda um material vasto sobre o regime. Ele foi um dos mais procurados pelos militares. Francisco de Assis não conseguiu se esconder por muito tempo e acabou sendo torturado por várias maneiras pelos policiais. 

O atual vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB) ainda guarda o trauma de escutar os gritos de dor da sua mulher sendo torturada. Enquanto Carlos Soares foi um dos últimos comunistas a conseguirem a liberdade.

Por conta da militância ativa contra o regime, as histórias destes ex-combatentes são relevantes para entender o período de perseguição no Estado. E a equipe do Portal Leia Já conversou com cada um deles. 

Confira nos links abaixo a entrevista:

Jornalista foi um dos mais perseguidos pelos militares

Francisco de Assis foi uma das vítimas do golpe no Estado

Luciano Siqueira: um líder estudantil contra a repressão

Militante do PCBR foi condenado a duas prisões perpétuas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando