Estudantes e professores de canto lírico trocam experiências com profissionais renomados no III Encanta - Encontro de Canto da Amazônia, que vai até sexta-feira (21), com programação gratuita. Na noite de segunda-feira (17), participantes do curso de Belting se apresentaram no palco da Sala Ettore Bosio, no Instituto Estadual Carlos Gomes (IECG).
Belting é uma técnica elaborada na prática do teatro musical para melhoramento da projeção de voz. Uma oficina sobre a técnica foi ministrada pela primeira vez em Belém, durante o Encanta, pelo preparador vocal Rafael Villar, um dos principais nomes do teatro musical no Brasil. Na apresentação, os participantes cantaram peças musicais adaptadas, como "Você" (Tonight), do espetáculo West Side Story, de Leonard Bernstein e Stephen Sondheim (versão brasileira de Claudio Botelho), e "Só Importa o Coração" (All I Carebabout is Love), de Chicago, assinada por John Kander e Fred Ebb (versão brasileira de Claudio Botelho). Os cantores foram acompanhados por Leonardo Coelho de Souza ao piano e Priamo Brandão, no baixo.
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Além dos alunos da oficina de Belting, o concerto teve a participação dos professores Ronaldo Moraes, Idaias Souto e Édson Ferreira, todos do Instituto Carlos Gomes. O próprio Rafael Villar participou do concerto de encerramento.
A técnica Belting surgiu nos Estados Unidos no começo do século passado e, desde então, ganhou destaque no teatro internacional. No Brasil, ainda está começando a ser utilizada. O objetivo principal dessa técnica de canto é que o cantor consiga cantar passando a sensação para a plateia de estar falando. “Eu fiquei muito feliz de conseguir aqui, num período muito curto de tempo, que percebessem o quanto eles são talentosos e o quanto versáteis eles podem ser, não só para trabalhar no meio da ópera, mas também trabalhar no teatro musical. Isso para o artista de hoje é muito importante, ele ter a possibilidade de expandir na sua área de atuação”, contou Villar. “O Brasil já tem um mercado muito grande nessa área de teatro musical, mas a técnica ainda está em franco desenvolvimento, pois a fonação do brasileiro é diferente da fonação do americano. O trabalho que eu fiz com eles aqui foi de entender o que o americano faz pra poder fazer isso bem em português”, explicou o preparador vocal.
Das 90 pessoas que se inscreveram para participar da oficina de Belting, pouco mais de 30 foram selecionadas durante uma audição. Suelen Bastos estava entre elas. “Essa técnica abriu muitas portas, porque no canto popular você canta de uma forma bem diferente do musical que você é acostumada. Você tem que cantar sempre no palato alto e tentando utilizar a respiração no momento certo. A técnica de respiração é diferente do popular e do lírico”, disse Suelen Bastos, que há três anos faz canto na Escola de Música da Universidade Federal do Pará.
“Aqui no Conservatório, nós oferecemos o canto lírico. Na Escola de Música, tem o canto lírico e agora o canto popular, que também está sendo oferecido lá. Eles estão tendo esse treinamento todo e nós estamos despejando no mercado um monte de cantores e talentos bons, só que nós não temos um campo de trabalho para eles. Então os nossos cantores líricos, de repente, podem vir a fazer o Belting e ganhar dinheiro, podem ser os profissionais de canto que hoje em dia eles não estão conseguindo ser. Eu aposto nesse mercado”, disse a professora Jena Vieira, coordenadora geral do Encanta.
O Encanta é um encontro de música aberto a todos, uma iniciativa que dá oportunidade de atualização, difusão e intercâmbio entre estudantes e os professores convidados, expandindo o conhecimento na área de performance vocal. A homenageada desta edição é Marina Monarcha, cantora lírica de Belém que mora em São Paulo. Ela também dá nome ao I Concurso de Canto Lírico 'Marina Monarcha', idealizado pelo Núcleo de Ópera do IECG para dar oportunidade aos novos talentos do canto paraense. O I Concurso de Canto Marina Monarcha tem eliminatórias nesta quarta-feira (19), das 10 às 13 horas, e a grande final amanhã (20).
Por Nilde Gomes.
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