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Pela primeira vez desde a eclosão da crise econômica mundial, em 2008, o governo brasileiro passa a adotar mais medidas liberalizantes no comércio que barreiras. Dados divulgados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) revelam que, entre outubro de 2014 e maio de 2015, um total de 19 medidas liberalizantes foram anunciadas por Brasília, contra apenas cinco barreiras e o início de dez investigações antidumping.

O levantamento da OMC apontou que, nesse mesmo período, 104 novas barreiras ao comércio foram erguidas, numa média de 15 por mês. Se a taxa é relativamente estável desde 2012, é o estoque de medidas restritivas que começa a preocupar. Desde outubro de 2008, 2,4 mil novas barreiras ao comércio foram criadas. Mas menos de 25% delas foram retiradas e um total de 1,8 mil continuam sendo aplicadas. O volume representa um aumento de 12% em comparação a 2014. "Isso continua sendo uma causa de preocupação e vigilância é solicitada por parte dos governos."

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Mas a entidade aponta para uma nova tendência: a da liberalização. No total, 114 medidas neste sentido foram implementadas, com a liderança do Brasil com mais de 10% de todas essas medidas.

Nos últimos meses, o governo brasileiro reduziu de forma temporária para 2% as tarifas de importação para mais de 2 mil bens de capital no setor de telecomunicações, a produtos químicos, a mais de cem equipamentos no setor de informática, antibióticos e alguns produtos têxteis.111 autopeças também tiveram uma redução de tarifas de importação desde dezembro de 2014.

Se por anos o Brasil liderou em números de medidas protecionistas, a taxa de barreiras no início de 2015 sofreu uma dura queda. Em 2014, o País havia aberto 35 investigações de antidumping. Agora, foram apenas dez e colocando o Brasil apenas na quinta posição entre as economias com o maior número de taxas.

No total, outras cinco medidas protecionistas foram adotadas entre outubro e maio, ainda assim superior a dezenas de países.

Apesar da fase "liberalizante", as medidas protecionistas adotadas nos últimos cinco anos ainda dominam o perfil do comércio brasileiro. Por menos pelo dois anos, o Brasil liderou no que se refere às medidas protecionistas e, segundo governos como o dos EUA ou Coreia, o País não retirou o que seriam medidas originalmente desenhadas para ser "provisórias".

Europa e Japão já entraram com queixas formais nos tribunais da OMC e que exigirão do País amplas reformas, caso seja derrotado. O ataque se refere às políticas industriais do País e a política de isenção de impostos, consideradas como ilegais pelos europeus e japoneses. O Brasil tem até setembro para apresentar sua defesa. Uma definição está sendo aguardada para o primeiro trimestre de 2016. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Países emergentes proliferam seus ataques contra o protecionismo comercial do governo Brasil. Nos últimos dias, o país recebeu queixas de cinco governos de economias em desenvolvimento que questionavam na Organização Mundial do Comércio as medidas adotadas pelo governo. Todas elas vieram de países emergentes.

Em 2013, o Brasil foi o país que adotou o maior número de medidas contra importados no mundo, com um total de 39 abertura de ações de antidumping. No mundo, 407 barreiras foram implementadas, cem a mais que em 2012.

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A OMC, no entanto, não entra em uma avaliação se as medidas são ilegais ou não. Mas insiste em que governos precisam continuar alertas diante das pressões protecionistas. No total, um fluxo de comércio equivalente a US$ 240 bilhões foi afetado pelas barreiras.

No que se refere ao Brasil, a OMC aponta que 35 novas investigações de dumping foram abertas pelo País em doze meses. O segundo lugar ficou para a Índia, com 35 casos. Os americanos vem na terceira posição, com 34 anos. O quarto lugar é da Argentina, com 19 casos.

Mas se até agora eram americanos, europeus e japoneses que se queixavam das medidas brasileiras, o Itamaraty passou a ser atacado também por economias emergentes que afirmam estar sofrendo das barreiras brasileiras.

Na semana passada, numa reunião da OMC, quem se levantou contra o Brasil foi o novo governo da Ucrânia. Kiev, mesmo diante de sérios problemas internos, protestou sobre o que acredita ser a "falta de consistência" da imposição de barreiras antidumping do Brasil contra produtos siderúrgicos do país da Europa Central.

Três países sul-americanos também incluíram na agenda da OMC queixas contra as barreiras brasileiras. Chile, Colômbia e Peru afirmaram estar preocupados com a forma pela qual o Brasil está investigando a importação de folhas de plástico usadas para embalagens. Um dos setores mais afetados pelas medidas antidumping do Brasil é justamente o setor químico.

Já o governo de Taiwan atacou a investigação que o governo brasileiro conduz no que se refere à suspeita de dumping de preços por parte de exportadores asiáticos de nylon.

Em resposta a todos, o governo brasileiro insiste que os procedimentos de investigações de dumping e a imposição de sobretaxas respeita as regras da OMC. O Itamaraty também se ofereceu para manter discussões bilaterais com cada um desses governos sobre suas preocupações.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no fim de 2013, o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, já havia afirmado que um dos problemas desde o início da crise mundial em 2008 é que 80% das medidas para barrar o comércio e declaradas como iniciativas "temporárias" na realidade jamais foram desmontadas. O temor de especialistas é que, uma vez implementadas, as barreiras não serão mais eliminadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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