Quem pensou que o Baile dos Independentes não seria um sucesso por levar duas pratas da casa (comumente vistas em shows gratuitos pelas cidades de Recife e Olinda) para um show pago, se enganou. A festa, ou melhor, o “baile”, que aconteceu na noite de pré-feriado de 7 de setembro, no Galpão 445 (Recife Antigo) cumpriu - e muito bem - o seu papel. A noite começou com a agitação da banda Samba Rock Clube, que apresentou um ótimo repertório, apesar da estrutura local não permitir a qualidade de som desejada para a noite.
Quando a Mundo Livre S/A subiu ao palco, por volta da 0h30, o público se rendeu à “malemolência” do cavaco de Fred 04, à percussão de Tom Rocha, aos teclados de Leo D., à bateria de Chef Tony e ao baixo de Junior Areia. Sucessos como “Meu esquema” e “Bolo de ameixa” fizeram parte do repertório, assim como novas canções do novo disco, que será lançado ainda este ano, em outubro, no Festival MADA (Natal-RN).
O show da banda, que tem como essência o discurso político em suas letras, não fugiu do tom: Fred aproveitou para lembrar a importância de se fazer shows como este (a entrada na hora custou R$30, preço único) com atrações locais, bem como a realização, em paralelo, de shows gratuitos e descentralizados, como importante forma de gerar público.
“Concordo com o Fred. A prova disso é a casa estar cheia hoje, mesmo com o evento sendo pago. Isso só mostra a importância dos festivais gratuitos, que fazem o papel que as rádios não estão fazendo, de levar o show até as pessoas”, comenta o jornalista e produtor cultural Antônio Gutierrez, que já trabalhou seis anos ao lado da banda, e que a classifica, junto à Eddie, como uma das bandas mais incríveis da cidade. O destaque da noite foi para a música-efeméride “Se eu tivesse fé”, que fará parte do novo disco, e que fala sobre o atentado ocorrido em 11 de setembro às duas torres gêmeas de Nova York.
Apesar da sempre presença “tranquila” de Fred no comando dos vocais e do cavaco, o público vibrou mesmo com a última música do show, “Computadores fazem arte”, gravada por Chico Science nos anos 1990, cujos versos traduzem bem o espírito do movimento manguebeat: “Computadores fazem arte, artistas fazem dinheiro”.
Quando a banda Eddie subiu ao palco, parecia a anunciação de que o carnaval estava próximo. E está. O carisma da front band, composta por Fabinho Trummer (voz e guitarra), Rob Meira (baixo) e Alexandre Uréia (percussão e backing vocals, que aliás, está de visual novo sem os dreads) levantou o astral do público, que cantou em uníssono, como em todos os shows da Eddie, canções como “Pode me chamar que eu vou”, “Não vou embora”, “Desequilibrio”, “É de fazer chorar”, “Maranguape”, “Senhora”, entre outras.
O show contou com a participação especial do mestre Erasto Vansconcelos, além da volta ao palco de Fred 04 para cantar uma das últimas músicas da noite, “Sentado na beira do Rio”. A sensação no final da festa, que acabou por volta das 4h30, é de que, realmente, “é de fazer chorar, quando o dia amanhece e obriga o frevo a acabar...”